TRANSPIRANDO E INSPIRANDO

Bombeiros vão pedalar por 430 km de praias para transmitir mensagem de união

Ligados ao grupamento marítimo, policiais pretendem atravessar a costa paulista de ponta a ponta para inspirar guarda-vidas e moradores

Redação
Publicado em 27/10/2023, às 15h37

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Esportista, coronel da reserva Jefferson Vilela é o participante mais velho do desafio. "Semente", afirma ele. Imagem: Acervo Pessoal - Imagem: Acervo Pessoal
Esportista, coronel da reserva Jefferson Vilela é o participante mais velho do desafio. "Semente", afirma ele. Imagem: Acervo Pessoal - Imagem: Acervo Pessoal

Quem estiver se banhando nas praias do litoral de São Paulo no início de novembro, talvez aviste um grupo de bombeiros da Polícia Militar pedalando freneticamente pelas orlas. O que observadores eventuais talvez não se deem conta é que os policiais não estarão envolvidos em um mero passeio praiano de bicicleta e sim no 1º Desafio de Ciclismo do Grupamento de Bombeiros Marítimos - uma travessia por mais de 400 km de ponta a ponta da costa paulista - onde os guarda-vidas diariamente evitam o pior.

Nós estamos, na realidade, lançando uma semente para que tanto a população quanto os guarda-vidas, culturalmente, desenvolvam esse lado esportivo e também competitivo. Então a ideia é lançar uma semente”, disse em entrevista ao Portal Costa Norte nesta sexta-feira (27) o coronel da reserva Jefferson Vilela.  

Aos 67 anos e com mais de uma dezena de ironmans no currículo, Vilela é ex-comandante do GBMar (a sigla do grupamento) e será o ciclista mais velho na travessia. Junto do veterano, outros dez policiais de várias patentes, todos ligados ao GBMar, e uma civil da área da saúde realizam o percurso que será acompanhado por viaturas.

“A grande expectativa é que a gente consiga fazer todo o trajeto com tranquilidade, com bastante segurança, e que ao final a gente tenha a nossa missão cumprida. Queremos deixar um legado para o futuro, para que outros venham e continuem nesta missão”, afirma com entusiasmo o coronel esportista.

guarda-vidas na praia
Guarda-vidas durante treinamento em Caraguatatuba, no litoral norte de SP. Desafio busca inspirar os guarda-vidas e população

Em suas bicicletas, os policiais vão partir do extremo sul do litoral paulista na manhã de 7 de novembro e esperam chegar no extremo norte da costa quatro dias depois. Ao todo, eles pretendem passar por todos os postos do GBMar nas praias de SP, percorrendo uma média de 108 km por dia – 435 km no total.    

“Nós vamos iniciar o desafio lá em Ilha Comprida e vamos encerrar lá em Ubatuba, no litoral norte, que é o último posto, já na divisa com o Rio de Janeiro. Vamos passar por toda a área de cobertura do GBMar”, afirma o bombeiro tenente-coronel Alexandre Gallo, que coordena o desafio e vai participar dele.

Aviador da Polícia Militar, Gallo agora vai percorrer por terra o caminho acostumado a perfazer pelo ar. “É o helicóptero que leva os guarda-vidas a bordo e também atua na prevenção de afogamentos”, explica. Ele afirma que o desafio também é uma maneira de mostrar à população a importância dos bombeiros marítimos. “O GBMar é uma unidade específica do Corpo de Bombeiros que, apesar de trabalhar muito vinculada ao público, muita gente não conhece. Convém ressaltar a importância do GBMar”.  

Também esportista, o sargento Everdan Riesco, afirma que o desafio exige preparação - que ele faz com seu filho e com o irmão, professores de modalidades esportivas. “Essa será minha segunda aventura em longa distância por vários dias, em 1990 participei da extinta Volta do Interior de Ciclismo, na qual pedalamos por 400 km em cinco dias. A preparação está acontecendo de forma a ter conforto e preparo para aguentar várias horas em cima do selim da bike”.

A travessia, acrescenta o sargento, tem um lado desafiador e um lado contemplativo. “Pedalar por 435 km por todo litoral paulista é um desafio, principalmente por se tratar de trechos muitos difíceis e íngremes em sua grande maioria. Essa será uma experiência nova, porque vamos pedalar desfrutando das maravilhas do nosso lindo litoral”.

Graças à pandemia e entraves burocráticos, transformar a travessia em realidade foi um desafio de cerca de quatro anos, explica o tenente-coronel Ricardo Pelliccioni, idealizador da corrida e hoje aposentado.

“A ideia deste desafio surgiu enquanto eu ainda estava trabalhando no GBMar, em 2019, mas não conseguimos realizar naquele ano. Em 2020, a pandemia chegou e também não foi possível. Em 2022, já na reserva, decidi colocá-lo em prática com um grupo de amantes do ciclismo do efetivo de guarda-vidas e outros membros da Polícia Militar, mas não pudemos realizar o desafio por motivos alheios à nossa vontade. Porém, a vontade de realizá-lo sempre restou guardada”.

homem pedalando bicicleta
Para coronel da reserva Ricardo Pellicioni, idealizador do desafio, travessia simboliza união. Imagem: Acervo Pessoal

Da Itália, onde mora atualmente, o coronel celebrou a realização do projeto. “Me deixou muito feliz, apesar de não poder participar, pela distância – mas, nas próximas, quem sabe? Creio que [o desafio] é uma atividade extremamente positiva, pois incentiva os bombeiros à prática do esporte, atividade extremamente importante para estes profissionais, uma vez que utilizam o corpo como instrumento de trabalho”.

Apesar de não antever um percurso fácil, o tenente Riesco afirma que o treinamento físico do GBMar é aliado dos participantes. “Os atletas do GBMar estão sempre muito preparados já pela rotina do dia a dia de trabalho. No Corpo de Bombeiros, a preocupação com o preparo físico de seus integrantes sempre foi prioridade do comando, pois o combatente atende diversos tipos de ocorrências e o condicionamento físico deve estar setar sempre em dia.  Mas bate aquele friozinho na barriga de imaginar as distâncias, as grandes serras como Maresias, Juquehy e de Ubatuba, mas acredito que todos irão bem”.

Após a travessia, afirma Gallo, a expectativa é manter ou ampliar o projeto no futuro. “Este é o primeiro desafio. Então, talvez, se tudo der certo e for autorizado, a gente quer manter isso no ano que vem, fazer o segundo. Talvez fazer algo mais amplo. A ideia é continuar”.

Pellicioni explica que o desafio representa sobretudo união. “Espero que participantes continuem a levar o nome do GBMar nas competições e atividades esportivas, que incentivem todos os integrantes a praticarem esporte e que, acima de tudo, tratem o evento como uma forma de integração e união. É como diz o ditado: ‘Sozinhos chegaremos mais rápido, mas juntos chegaremos mais longe"'.

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