SITUAÇÃO DE RISCO

Mãe encontra lacraia venenosa em cima da filha de três anos, no litoral de SP: “Deu medo”

Dona de casa levantou-se para beber água na madrugada e, ao retornar, deparou-se com temido artrópode rastejando sobre corpo da filha que dormia. Biólogo e consultor ambiental confirma que se trata de lacraia e analisa situação de risco

Thiago S. Paulo
Publicado em 25/03/2022, às 12h02 - Atualizado em 10/05/2022, às 08h30

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Por instinto, Luciana matou lacraia que rastejava sobre a filha Mãe encontra lacraia venenosa em cima da filha de três anos, no litoral de SP: “Deu medo” Montagem com duas fotos: Lacraia e criança - Imagem: Acervo Pessoal / Luciana Oliveira
Por instinto, Luciana matou lacraia que rastejava sobre a filha Mãe encontra lacraia venenosa em cima da filha de três anos, no litoral de SP: “Deu medo” Montagem com duas fotos: Lacraia e criança - Imagem: Acervo Pessoal / Luciana Oliveira

A dona de casa Luciana de Oliveira, moradora de Bertioga (SP), viveu momentos de aflição ao encontrar uma lacraia rastejando sobre o corpo da filha de três anos, Estherfany de Oliveira, na madrugada de hoje (25). “Ela estava dormindo. Um baita de um susto dentro de casa. A lacraia estava em cima da minha nenê, subindo pela perna”, relatou, com nervosismo, a mulher de 35 anos ao Portal Costa Norte.

Luciana afirma que dormia abraçada à filha no quarto de sua casa no bairro Vicente de Carvalho II, quando, por volta das 4h, levantou-se para beber água enquanto a menina dormia. “A luz estava apagada. Estava escuro. Quando voltei pro quarto, eu vi um negócio estranho se mexendo em cima dela”, relata a dona de casa.

A mulher afirma que, em seguida, acendeu a luz e viu mais nitidamente o artrópode venenoso rastejando sobre o corpo da filha. “Quando olhei melhor, era isso aí”. Felizmente, Luciana conseguiu tirar a lacraia do corpo da filha sem que a menina fosse picada. “Graças a Deus não mordeu. Estou aliviada”.  

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O biólogo Enrico Tosto, consultor ambiental da Biosensu, analisou imagens do animal enviadas por Luciana e confirmou que se trata de uma lacraia.

“De fato é lacraia, Scolopendromorpha. As lacraias e os piolhos de cobra fazem parte do grupo Miriápodes, um grupo aparentado dos insetos. No caso específico das lacraias, elas são animais predadores, e elas têm um par de apêndices modificados, que a gente chama de forcípula, que é o que inocula a peçonha [veneno]. Então a lacraia tem peçonha”, explicou ao Portal Costa Norte.

Segundo o biólogo, que administra o Grupo Ibiraçu, de divulgação científica, a picada em uma criança de três anos como a filha de Luciana poderia ter provocado reações adversas.

“No caso [da criança de três anos], o risco seria de ter uma reação alérgica mais forte. No geral, a peçonha causa inchaço, dor, mas tanto para crianças quanto para idosos, a peçonha pode ter reações mais fortes. Mas isso não é só com lacraia, picadas de serpentes, aranhas, escorpiões, geralmente têm reações mais fortes em crianças e idosos”.

Luciana afirma que se assustou após saber que o animal que rastejou sobre a filha é venenoso. “Com medo, se mordesse minha filha, ela poderia morrer, ela só tem três anos. O veneno é muito forte, né?”, desabafou.

Luciana e Flávio, seu outro filho, de 11 anos Luciana - Mãe encontra lacraia venenosa em cima da filha de três anos, no litoral de SP: “Deu medo” Mulher com criança (Imagem: Acervo Pessoal / Luciana Oliveira)

No entanto, apesar de eventuais reações adversas mais potentes, o biólogo explica que é improvável uma picada de lacraia, mesmo em crianças, levar à morte. “Não costumam levar a esse ponto. Sequelas também acho difícil”.

Mesmo assim, em caso de picadas, deve-se procurar atendimento médico imediatamente, indica o biólogo. “É sempre recomendável ir ao hospital após uma mordida de lacraia. No caso da criança, o risco seria de ter uma reação alérgica mais forte. Sem tratamento, isso causaria várias complicações. Então a recomendação é pegar a criança, lavar o local da picada, levar pro hospital e tratar da forma adequada que o médico vai avaliar”.

Apesar de morar perto de uma área com vegetação, Luciana afirma que é incomum a entrada de animais em sua casa, onde mora há cerca de um ano. “Nunca havia acontecido algo parecido. Por instinto, joguei a lacraia no chão e matei com chinelo”, relembra - afirmando que vai redobrar as precauções - a dona de casa.

“Compreendo a condição emocional das pessoas nesse momento, mas o correto seria capturar o animal e encaminhar para um local de pesquisa ou, na dúvida ligar, para os bombeiros ou Polícia Ambiental”, conclui Tosto. 

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