VOLUNTARIADO

Dia Mundial do Lions Clube: conheça sede do litoral de SP que faz sucesso

Grupo de Bertioga é responsável pela famosa Festa da Tainha e ajuda pessoas da cidade há quase 50 anos; saiba quem pode participar da organização

Rebeca Freitas
Publicado em 10/10/2023, às 08h48 - Atualizado às 16h20

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Voluntários durante realização da Festa da Tainha 2023, maior evento do Lions Bertioga - Divulgação/ Lions Bertioga
Voluntários durante realização da Festa da Tainha 2023, maior evento do Lions Bertioga - Divulgação/ Lions Bertioga

Nesta terça-feira (10) é comemorado o Dia Mundial do Lions Clube. A organização atende a causas humanitárias, por meio do trabalho com comunidades locais. Os leões [como são chamados os membros do clube] formam uma rede internacional com 1,4 milhão de associados em 200 países e regiões, de acordo com a entidade. O grupo não têm cunho religioso ou político, tendo como objetivo o serviço comunitário, além da promoção de conscientização e informação da comunidade a respeito de causas importantes. Conheça mais sobre a base de Bertioga, no litoral paulista:

Lions Clube de Bertioga 

A sede bertioguense nasceu em 1975, quando a cidade ainda era um distrito de Santos. O clube tem hoje 46 membros, a maioria moradores de Bertioga, mas também há residentes de outras localidades, como São Paulo, que possuem segunda moradia na cidade litorânea. Para ser associado, é necessário pagar uma taxa mensal de R$ 50. O clube conta com dois caixas: o advindo das mensalidades e o do aluguel da sede servem para manutenção do clube e pagamento de funcionários, enquanto a arrecadação proveniente de eventos é voltada inteiramente para campanhas humanitárias realizadas pelo grupo. 

O Lions defende mundialmente causas como combate à fome; prevenção à cegueira e problemas de visão; defesa do meio ambiente; prevenção e tratamento da diabetes e também do câncer infantil. "Para realizar essas campanhas, a gente precisa de dinheiro. O nosso carro chefe aqui é a Festa da Tainha e fazemos outros eventos, como a Festa do Queijo & Cia. É um meio de arrecadação de verba. Também temos o nosso aluguel da sede, que locamos o ano inteiro para eventos e festas", expõe a atual presidenta do Lions Bertioga, Elisangela Borba.

pessoas em mesas
2,5 mil pessoas passam pelo festival a cada final de semana  - Divulgação/ Lions Bertioga 

A famosa Festa da Tainha promovida pela agremiação surgiu dois anos depois da criação do clube, completando 46 anos de realização em 2023. A festividade dura geralmente um mês completo, ocorrendo aos finais de semana de julho. O festival é executado em parceria com o município, que cede espaço público para o evento, uma vez que ele atrai um alto público, composto inclusive por turistas. "Uma das ações que a gente mais necessita do leão, é a Festa da Tainha. Apesar de termos colaboradores trabalhando na festa, a figura do leão é muito importante na liderança dos setores", afirma Elisangela.

Um grande número de pessoas já foi beneficiado pelo Lions de Bertioga desde sua criação. Dentre as vertentes que promovem a benesse dos caiçaras estão os recursos para acessibilidade. "Nosso banco de cadeiras de rodas, cadeiras de banho e muletas é muito ativo. A pessoa usa e devolve. Outras ficam como doação, dependendo da comorbidade. Então ele é muito rotativo e ativo. A gente sempre está comprando cadeira para repor”, assegura a dirigente da sede.

Dedicação dos membros 

presidente de clube
Elisangela Borba ocupa a cadeira de presidenta do Lions Bertioga até 2024 - Rebeca Freitas 

Membra há seis anos da rede global de voluntários, Elisangela Borba divide seu tempo entre o funcionalismo público e a presidência do Lions Clube de Bertioga. Em seu segundo mandato, com duração de um ano, ela deve permanecer na administração até junho de 2024. "Aceitei fazer parte do Lions por ter a chance de, junto com meus companheiros, ajudar tantas pessoas. Eu sozinha não tenho poder financeiro de ajudar muitos seres humanos. E o Lions te dá esse poder de ajudar financeiramente, até com quantias significativas, e fazer diferença na vida das pessoas”, enaltece.

Cidadãos de diferentes idades participam do grupo, mas o que todos têm em comum é a índole caridosa. "O principal requisito é a pessoa querer se doar no serviço voluntário. Doamos o que temos de melhor: nosso tempo em prol da comunidade. A gente também procura ver um quê de liderança nas pessoas, porque para o Lions existir, não basta ter uma instituição forte internacionalmente. A gente precisa de pessoas que estejam no comando aqui, que tenham esse perfil para assumir uma diretoria, uma presidência”, frisa a chefe da matriz de Bertioga. 

O caráter altruísta é critério para a escolha de novos membros. O chamado normalmente ocorre por convite, que parte de quem já integra o clube. "Muitas vezes é um amigo próximo, alguém do trabalho que a gente vê que tem um perfil de voluntário. A gente chama para participar conosco no voluntariado, para ver se a pessoa se adapta. Depois ela participa de palestras para entender como funciona o Lions e é inserida conosco no clube de Bertioga", explica Borba.  

idosos
Maria Lucia e Marco Antônio Inglesias são membros ativos do Lions Clube de Bertioga há decadas - Arquivo pessoal 

Para a secretária do clube, Maria Lucia Iglesias, de 80 anos, servir é um prazer. Ela e seu marido, o atual tesoureiro do Lions, Marco Antônio Iglesias, são leões há 45 anos. “Nós estamos no Lions até hoje porque temos o espírito de doação, nos doamos com nosso serviço voluntário. Quando começamos, fomos bem devagar porque na época minhas três filhas eram pequenas e eu trabalhava fora, então contribuíamos com nosso trabalho, quando podíamos. Quando nos aposentamos e viemos morar em Bertioga e começamos a trabalhar firmes, meu marido foi presidente três vezes e eu uma. Eu e meu marido estamos hoje com 80 e 82 anos, e ainda temos muita vontade de trabalhar voluntariamente para as pessoas vulneráveis”, compartilha.

Comunidade assistida 

enxoval
Kits de enxoval completos são entregues para mães em vulnerabilidade via CRAS - Rebeca Freitas 

As atividades realizadas pelo Lions Clube Bertioga são variadas. Neste outubro, houve a participação em uma tenda montada em Guararema, em apoio aos romeiros que seguiam para Aparecida. Eles ofereceram assistência com alimentação, água e curativos nos pés e pernas, assim como aferição de pressão. 

Outras ações compõem o calendário dos leões, como a campanha da visão, realizada em parceria com as secretárias de Saúde e Educação de Bertioga [leia aqui]. "Nós estamos prestes a iniciar a campanha da visão, onde nós vamos com a van atender cerca de 1.700 pessoas, que são crianças da rede municipal que já foram triadas e mostraram que precisam de um exame mais criterioso. Faremos em parceria com a Secretaria de Educação e a Secretaria de Saúde essa campanha grandiosa para avaliar se realmente as crianças vão precisar de óculos”, coloca a presidenta. 

Ela complementa expondo o empenho da entidade perante outras causas. “A campanha da fome por exemplo, a gente acabou de fazer uma doação para duas entidades de Bertioga, onde entregamos 380 kg de arroz, além de outros itens, como farinha e suco para compor as cestas básicas que eles fazem para atender a comunidade”, relata Elisangela. 

“Na campanha do diabetes muitas vezes a gente faz parceria com a Saúde para abrir nosso clube para palestras ou atender à necessidade de um diabético, vindo da Secretaria de Saúde, que necessite de alguma coisa. Os órgãos oficiais muitas vezes fazem um pedido de ajuda para abrir o clube para uma palestra ou para eles fazerem alguma campanha. Então a gente sempre está atuando junto aos órgãos públicos, porque isso também dá credibilidade às nossas ações”, expressa.

A parceria com a administração pública não para por aí. “Muitas vezes vem pedido do CRAS [Centro de Referência de Assistência Social]. Frequentemente eles solicitam enxoval para bebê. Às vezes, uma pessoa que necessita de um óculos. Então, vindo do CRAS, da Secretaria de Saúde, da Assistência Social, a gente já sabe que é uma pessoa realmente necessitada, então a gente prefere esse caminho”, esclarece Elisangela, informando que o clube evita atender diretamente pedidos de pessoas que não chegam por órgãos públicos, para evitar pessoas de má fé. 

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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