Uma Superlua acontece somente quando a Lua cheia encontra-se no perigeu, o que não era o caso da desta semana; confira quando acontecem as Superluas de 2023
O tempo aberto desta semana colaborou para que o fenômeno da “Superlua” fosse bem visível nos céus do litoral de São Paulo, em especial na Baixada Santista, e encantasse os apaixonados pelo nosso satélite natural.
O consultor em climatologia, astronomia e geologia da ONG Amigos da Água, de Santos, Rodolfo Bonafim, conseguiu um click espetacular da “Superlua” no bairro do Marapé, também em Santos. Ao Portal Costa Norte ele contou que, para conseguir o registro, utilizou um smartphone Moto G Play 9, encaixado no foco de um telescópio.
E por mais que a Lua cheia estivesse mais encantadora do que em outras oportunidades, Bonafim contou algo que pode decepcionar alguns: a tal "Superlua dos Cervos”, como foi chamada, não foi de fato uma Superlua.
Você deve estar se perguntando: “Como assim? Até Superlua agora é fake?”. Calma! Primeiro é preciso entender o que de fato é uma Superlua.
O climatologista explicou que o fenômeno chamado de Superlua ocorre quando é lua cheia e ela se encontra no ponto mais próximo de sua órbita em relação a Terra. Esse ponto é chamado de perigeu.
Só que, segundo o Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, órgão federal ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, só haverá duas Superluas neste ano: entre 1º e 30 de agosto. Logo, esta do início desta semana, apesar de toda a sua beleza, não era considerada uma Superlua de fato, por não estar no perigeu.
Bonafim lembrou também que o termo “Superlua” não é reconhecido cientificamente. É mais um termo usado para situar leigos em relação à aparência que a Lua vai apresentar no céu naquele determinado período.
Perigeu, apogeu… Cada termo difícil, né? Mas Bonafim explicou tim-tim por tim-tim o que eles tem a ver com a tal “Superlua fake” desta semana.
A trajetória da Lua atravessa esses dois pontos: o perigeu, que é o ponto mais próximo da Terra, e o apogeu, que é o mais afastado. Isso acontece porque a órbita da Lua não é uma circunferência, ela é uma elipse achatada (veja a imagem). “A elipse é uma figura geométrica que não tem um centro, como uma circunferência, ela tem dois pontos focais (perigeu e apogeu)”, explicou Bonafim.
A Lua tem quatro fases (nova, quarto crescente, cheia e quarto minguante), e sua órbita ao redor da Terra leva 28 dias. Se para acontecer a Superlua é preciso que ela esteja cheia e no perigeu, logo percebe-se que é algo que não há como acontecer todo mês.
Ainda não entendeu muito bem? Quem sabe por meio dos números você compreenda melhor. Bonafim disse que a distância média da Terra para a Lua é de 380 mil km. No perigeu a distância diminui para 362 mil km. Isso quer dizer que a Lua vai parecer 14% maior para quem a observa. No apogeu, a distância atinge 405 mil km, lembrando que essas distâncias não são exatas, pois sofrem influência gravitacional do sol e de outros planetas.
O climatologista lembrou ainda que a lua cheia, quando está no perigeu, pode ser até 30% mais brilhante do que a lua cheia no apogeu.
É comum que qualquer fenômeno natural desperte curiosidade e até um certo medo em algumas pessoas. Mas há quem aproveite a oportunidade, principalmente em tempos de redes sociais, para espalhar as famosas “teorias da conspiração”. E no caso da Superlua não é diferente.
Algumas davam conta que o fenômeno poderia acelerar o processo de terremotos e erupções vulcânicas na Terra. “Isso não é verdade!”, frisou Bonafim. Ele explicou que o máximo que uma Superlua pode causar é o aumento das marés em alguns centímetros, já que a Lua tem influência sobre isso.
Outra dúvida bem comum em relação a Superlua é qual a origem desses nomes um tanto exóticos pelos quais o fenômeno é chamado. Na “Superlua” (que não foi de fato) desta semana, ela era chamada nos meios de comunicação como “Superlua dos Cervos”, por exemplo.
Bonafim explicou que isso vem de povos antigos, principalmente com atividades ligadas à agricultura e ao manejo da terra. No caso específico da Superlua dos Cervos, povos da América do Norte deram esse nome à Lua cheia desta época do ano por ser o mesmo período do nascimento dos chifres dos cervos, no verão do hemisfério norte.
E se você se frustrou um pouco com o fato da “Superlua” desta semana não ter sido uma Superlua de fato, o lado bom é que em agosto teremos duas “oficiais”. Agora, é torcer para que o tempo colabore e os céus nos brindem com novos espetáculos.
Leia também: Santista consegue flagrar com celular movimento de rotação da Terra
Comentários