Santista consegue flagrar com celular movimento de rotação da Terra

Olhar para o céu noturno, sem nuvens, sempre é uma experiência inspiradora, tanto para leigos, quanto para profissionais. Mas em grandes centros urbanos, como Santos, as luzes impedem que a visão seja tão nítida, e só equipamentos profissionais permitem uma observação melhor dos segredos celestes. 

Mas um santista, em uma viagem ao interior de São Paulo, conseguiu algo incrível. Ele flagrou, com um celular, o movimento de rotação da Terra!

Rodolfo Bonafim, consultor em climatologia, astronomia e geologia da ONG Amigos da Água, de Santos, esteve na cidade de Amparo, no interior paulista, visitando o Polo Astronômico da cidade, no dia do solstício de inverno (21 de junho), quando é registrada a noite mais longa do ano. E foi nesse dia que ele conseguiu o click sensacional que ilustra o início desta matéria.

A imagem de círculos concêntricos é o resultado de 365 imagens com 12 segundos de exposição cada, totalizando 73 minutos da rotação da Terra. Ela foi capturada com um celular Motorola G Play 9 em um tripé fixo.

Bonafim chamou a atenção para o detalhe que a trilha de estrelas forma a projeção do pólo sul celeste no canto esquerdo da foto. Interessante também que a impressão que se tem é de que as estrelas é que giram, mas na verdade somos nós, junto com o planeta, que estamos em movimento. 

Também em Amparo, mas já com equipamento profissional, o climatologista conseguiu outro click maravilhoso. Dessa vez, da Via Láctea. Vendo a bela foto dá até vontade de “pegar carona nessa cauda de cometa, ver a Via Láctea, estrada tão bonita”, como dizia os versos da canção de Guilherme Arantes, que ficou famosa com a Turma do Balão Mágico, na década de 1980, não é mesmo?

Em Santos

Mas quem disse que em Santos também não dá para tirar fotos legais do espaço? Dá sim! Bonafim conseguiu clicks da Lua de tirar o fôlego. Um exemplo é este que mostra uma cratera raiada, os chamados “mares lunares” e terras altas (Highlands lunares), capturado no dia 30 de junho, em plena Santos.

Esta imagem final foi captada com um telescópio de 130 milímetros de abertura. Ela é resultado de 510 imagens empilhadas no software Astrosurface. 

Bonafim também fotografou o maior planeta do Sistema Solar: Júpiter. Só que em Santos a imagem do gigante gasoso ficou um pouco mais embaçada do que a da imagem captada em Amparo, como mostra a comparação abaixo (Santos à esquerda e Amparo à direita).

Bonafim explicou que a turbulência da atmosfera e o clima influenciam na hora de captar a imagem de um corpo celeste. “Quando a atmosfera está turbulenta as imagens parecem amebas se contorcendo”, disse Bonafim, em uma inusitada analogia.

Também para efeito de comparação, ele mostrou ao Portal Costa Norte uma foto das trilhas de estrelas, capturada no bairro do Marapé, em Santos. Nela é possível ver os círculos concêntricos, tal e qual ao click obtido em Amparo, mas com bem menos nitidez e também menos círculos visíveis. É… Os céus também têm seus caprichos.

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