Litoral de SP ganha projeto inédito de combate a violência contra indígenas

Iniciativa lançada nesta semana pela Secretaria de Segurança abrange aldeia em que habitam cerca de 400 indígenas do povo Tupi-Guarani

Redação
Publicado em 08/11/2023, às 15h28

Pedido foi apresentado pela Coordenadoria de Políticas para População Indígena da Secretaria da Justiça e Cidadania - Divulgação/SSP

O litoral paulista ganhou um projeto piloto para combater a violência contra povos indígenas nesta semana. A Secretaria da Segurança Pública (SSP), responsável pela iniciativa, se baseou na subnotificação do registro de crimes no entorno da Aldeia de Tapirema, em Peruíbe, onde vivem quase 400 indígenas tupi-guarani.

Para garantir a assertividade nas ações, foi implantado o Núcleo de Ação Local (NAL) Indígena, visando também a segurança na comunidade, assolada com casos de ameaça e mineração ilegal, ligados às questões ambientais. Tudo isso deverá ser realizado sem interferir nas áreas de competência da União.

O NAL, informou a SSP, funcionará como um braço do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) e contará com atuação dos representantes das aldeias, das polícias Civil e Militar, além de órgãos municipais e federais, como Funai e Polícia Federal. 

“A demanda dos povos indígenas é antiga e, assim que tivemos conhecimento, sentamos para definir uma política de ação e propor soluções. Acredito que esse projeto pioneiro capitaneado pelo Conseg trará resultados positivos para toda a comunidade indígena”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. “Na nossa gestão queremos potencializar essa ferramenta tão importante para melhorar o diálogo entre a comunidade e a segurança pública. É dessa forma que podemos ter um diagnóstico real do que acontece em determinada região para planejar e direcionar nossa atuação”, completou.

O escopo de atuação da SSP será sempre na área estadual para blindar e evitar que criminosos assediem ou impactem as aldeias. “É a primeira vez na história que a comunidade indígena senta à mesa com as forças de segurança do estado para apresentar as principais demandas na área, de modo que possamos auxiliar na resolução dos problemas atuando em conjunto”, destacou o coordenador estadual do Conseg, coronel Leonardo Castro Isipon. “Entendemos que era necessário esse diálogo com a comunidade indígena e outros órgãos em encontros periódicos para captar demandas e saber como tratar, planejar e atender melhor essa população.”

O núcleo será composto pela liderança indígena local, ocupando a diretoria do NAL, pelo comandante da Polícia Militar Ambiental e pelo delegado de Meio Ambiente. As demandas serão apresentadas ao Conseg de Peruíbe e entregues à Secretaria da Segurança Pública para fazer a medição do projeto. Para garantir com que todas as aldeias sejam representadas, haverá rotatividade pelas lideranças locais na diretoria do NAL. A SSP informou que a primeira reunião do grupo ainda será agendada, após definir a formação da coordenação do núcleo.

Ampliação

O pedido para estabelecer o plano de ação foi apresentado pela Coordenadoria de Políticas para População Indígena da Secretaria da Justiça e Cidadania do governo do estado. Para alinhar o projeto, foram realizadas reuniões de forma a atender aos pedidos dos povos indígenas. “Aproximando a segurança com a comunidade indígena e tendo um diálogo mais aberto é possível inibir os crimes que acontecem no entorno dos territórios”, destacou o coordenador de Políticas para População Indígena estadual, Cristiano Kiririndju. “Para avançar com esse plano para todo o estado será importante ouvir a comunidade para entender a especificidade de cada aldeia”, acrescentou.

“A gente acredita que esse passo que o estado está dando é muito especial para nós. As aldeias serão representadas nesse núcleo e seremos ouvidos pela Secretaria da Segurança Pública”, acredita o cacique Awa Tenondegua, da Aldeia de Tapirema.

A elaboração do plano piloto contou com o apoio da Funai desde o início e, com os resultados da ação inédita no litoral paulista, o órgão espera ampliar a atuação do NAL Indígena em todo o território paulista. “É algo pioneiro. É a primeira vez que o estado reconhece que as forças de segurança precisam estar próximas das comunidades indígenas”, finalizou Ubiratan Gomes, coordenador da Funai no litoral sudeste.

Segurança Peruíbe aldeia indígenas conseg

Leia também

Adolescentes de Bertioga recebem aprendizados sobre liderança


Comunidades indígenas do litoral norte de SP estão abertas ao turismo