ZUMBIS NO MUNDO REAL: FATO OU FAKE?

Zumbi na China? Conheça a história do morto-vivo estudado em Harvard

Caso de zumbi na China é real? ‘Mortos-vivos’ já foram observados no Haiti!

Amanda Oliver
Publicado em 18/08/2022, às 10h04 - Atualizado em 17/01/2023, às 15h18

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Capa do filme A Volta dos Mortos Vivos - Reprodução
Capa do filme A Volta dos Mortos Vivos - Reprodução

Zumbi, definido pelo dicionário de Cambridge como morto-vivo, é um ser que, antes de infectado ou amaldiçoado, era um humano normal. Zumbis são corriqueiramente vistos em filmes de terror e jogos tecnológicos; carregam uma temática visual ‘apodrecida’ e  têm como principal característica o canibalismo.

 A representação de zumbis na cultura popular é frequentemente atribuída ao gênero de terror, e os zumbis são geralmente retratados como criaturas mortas-vivas trazidas de volta à vida por meios sobrenaturais, como um vírus ou algum tipo de produto químico ou radiação. Eles são comumente retratados como lentos, estúpidos e implacáveis ​​em sua busca por vítimas humanas.

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Porém, um caso de zumbi na vida real está circulando pelas redes sociais, levantando especulações e pânico entre os internautas do mundo todo.

Os casos de zumbi na China são reais?

Com o surgimento da covid-19, a China novamente tornou-se alvo da atenção mundial, como costuma acontecer quando novas doenças ou surtos repentinos de vírus e bactérias com potencial mortal ameaçam o mundo. Muitos boatos surgem citando o nome do país, e também muitos desmentidos.

Porém, o caso do zumbi veio com força total, acompanhado de vídeos e comentários virais no Facebook, Instagram e TikTok. Num vídeo que circula na web, de 24 de janeiro de 2022, é mostrada uma sala de necrotério com diversos corpos humanos cobertos, já sem vida quando, repentinamente, um deles se levanta.

A assustadora cena, que foi capturada por uma câmera de segurança, na verdade faz parte de um episódio da série russa ‘Hello, again!’. A série é do gênero de comédia, e conta a história de um policial que ressuscitou do mundo dos mortos.

Outro vídeo impactante também viralizou na web: neste, uma mulher com poucos fios de cabelo, rosto ensaguentado e fisionomia de dor é flagrada gritando. Após a repercussão da cena, foi revelado que, na verdade, a mulher havia sofrido agressão por parte do próprio marido, que arrancara 75% de seu couro cabeludo com uma faca. 

O zumbi que caminhou entre nós

Porém, nem tudo são flores, e a ciência já identificou casos de mortos-vivos no Haiti, mais precisamente em L'Estere na região central do país. O caso ocorreu no século passado, onde diversas pessoas dadas como mortas reapareciam depois, com ar de apatia.

Estes casos foram responsáveis pelo inicio de uma pesquisa científica em 1980, com participação de antropólogos, biólogos e cientistas de várias áreas da medicina nos Estados Unidos.

O interesse dos pesquisadores voltou-se para uma poção utilizada por adeptos de uma religião local, o vodu, que induzia as pessoas a uma paralisia semelhante ao falecimento, mas permitia o posterior retorno ao estado normal do corpo.

Este caso ocorreu com Clairvius Narcisse, e foi documentado em 1984 pela Newsnight da BBC. Na entrevista, o homem revelou que quando estava em estado de morte, escutava os médicos avisando aos familiares que ele estava morto, mas não conseguia se mover. O homem ainda relembrou quando foi enterrado em um caixão.

Narcisse no local onde foi enterrado em maio de 1962, no Haiti (Getty Images)

À noite, o homem foi desenterrado, retirado do caixão e levado à uma fazenda, onde um feiticeiro vodu usou uma poção para reanimá-lo. Logo após voltar ao estado normal, foi revelado que todo o ritual aconteceu como forma de punição, pois o homem se recusava a sustentar os filhos que tinha com diversas mulheres da região, e também por não ceder um terreno a um irmão necessitado.

Explicação científica para os zumbis

Lamarque Doyon, diretor do Centro de Psicologia e Neurologia Mars-Kline, em Porto Príncipe, se interessou pela história dos zumbis do Haiti, e chamou um amigo íntimo, Nathan Kline, ninguém menos que o ‘pai da farmacologia’.

Kline se interessou pelo potencial único da poção usada pelos Haitianos, e convenceu outros pesquisadores nos Estados Unidos a participar do estudo. Um homem foi escolhido para viajar até o país caribenho e investigar os feiticeiros e suas poções: o antropólogo e etnobotanista canadense do Museu Botânico de Harvard, Wade Davies.

Doutor e psiquiatra Nathan Kline (The Nathan S. Kline Institute for Psychiatric Research)

A mistura foi levada à Harvard, onde as substâncias foram pesquisadas.

"Analisamos as plantas no Museu Botânico, e os animais no Museu de Zoologia Comparada. E o componente que mais chamou atenção foi um peixe da família dos tetraodontídeos. Consultei três especialistas para descobrir se esse peixe tinha alguma característica peculiar, e os três começaram a rir. Porque esse peixe tem na pele, nos ovários, no intestino e em vários órgãos internos, uma neurotoxina extremamente potente chamada tetrodotoxina, um anestésico 160 mil vezes mais potente que cocaína", relatou Davies.

Esse peixe, era na verdade um baiacu, conhecido também como peixe-balão, apreciado pela culinária japonesa, mas conhecido por  necessitar de extremo cuidado em sua preparação, pois pode ser fatal. Há histórico de milhares de soldados japoneses que faleceram envenenados na segunda guerra, em consequência do consumo deste peixe.

O etnobotanista Wade Davis em foto tirada no Haiti no início dos anos 1980 (Reprodução)

"Mais adiante, encontramos nessa literatura japonesa descrições de casos que eram iguais aos de zumbificação no Haiti. De indivíduos declarados mortos acordando no necrotério sete dias depois. Ou de mortos acordando em carroças, a caminho da cremação. Todos eles vítimas de envenenamento por fugu. E mesmo casos recentes. No verão passado, houve um caso de um homem que acordou dentro do caixão, e estava bem.", contou o especialista.

Porém, não somente o peixe era responsável pela poção dos zumbis: a ‘erva-do-diabo’, conhecida e utilizada por indígenas da América Central, era responsável por causar alucinações, delírios, desorientações, comportamento passivo e apatia nas vítimas.

Datura stramonium, conhecida como 'Erva do Diabo' (Reprodução)

Toda a pesquisa se tornou um livro escrito por Wade Davies, intitulado de A Serpente e o Arco-Íris, um grande best-seller de 1985.

Quem são os Zumbis ou ‘Zumbies’? Quem criou a teoria dos zumbis?

Os zumbis são criaturas estereotipadas como um cadáver que ganhou vida. Estes seres são privados de personalidade e vontade  e, em sua grande maioria, têm hábitos noturnos.

"Zumbi" provém do termo quimbundo nzumbi, que significa "duende", "defunto ou “cadáver". A origem dos monstros Zumbis iniciou-se com a religião Vodu Haitiano da África Ocidental. Em sua primeira faceta de lenda, eram almas aprisionadas por feiticeiros. As pessoas ainda acreditavam que, se você alimentasse um zumbi com sal, ele voltaria para o próprio túmulo.

Mas o motivo dos zumbis se alimentarem de cérebros surgiu anos depois, com a introdução dos monstros no cinema, em A Volta dos Mortos-Vivos, de Dan O’Bannon, que explicou o motivo da especificação da introdução alimentar nestes seres.

Capa do filme A Volta dos Mortos Vivos (Reprodução)

O diretor revela que os zumbis dos filmes se alimentam de cérebros humanos para se sentirem melhor, diminuindo as dores de seus corpos ao ingerir as vísceras com altos níveis de serotonina, o hormônio do prazer.

Nos filmes, jogos e séries, os zumbis aparecem em grandes quantidades, mas, se os ataques sempre são voltados aos humanos não infectados/transformados em mortos-vivos, por que eles não se alimentam entre eles? A resposta do cinema é simples: os zumbis sentem o cheiro dos feromônios vivos, reconhecendo como carne.

Qual o melhor lugar para fugir de um apocalipse zumbi?

Pode parecer brincadeira, mas um grupo de cientistas estatísticos da Universidade Cornell, nos Estados Unidos simulou uma propagação de zumbis no território continental dos Estados Unidos, e o estudo, apesar de parecer supérfluo, foi um esforço para entender como as doenças reais podem se propagar.  

Os resultados apontados como pontos de fuga ideais surpreendem: Canadá, nas montanhas rochosas do Norte e Montana. A pesquisa aponta ainda que, em caso de um surto zumbi na cidade de Nova York demoraria um mês ou mais para chegar no interior do Estado.

Montanhas rochosas do norte no Canadá (Reprodução)

As formigas zumbis

Casos de infecção zumbi são vistos no reino animal, através do fungo Ophiocordyceps unilateralis do grupo Cordyceps, conhecido por ser um parasita em corpos de insetos, principalmente em formigas.

Os animais são contaminados ao entrar em contato com o esporo do fungo. Pouco tempo depois, estes esporos germinam, se desenvolvem e penetram no corpo da formiga e se alimentam de suas estruturas musculares.

Formiga 'zumbi' com fungo parasita (Reprodução)

Curiosidade: Este fungo se tornou inspiração para um jogo chamado ‘The Last Of Us’, que retrata uma evolução deste organismo vivo capaz de infectar humanos.

Neste processo, as formigas sofrem alterações em seu sistema nervoso central, o que transfere o controle de seus movimentos ao fungo. Essa interação entre o fungo e as formigas foi observada na Ásia, África, Austrália e nas Américas, e é conhecida como formiga zumbi.

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