Espetáculo acontece nesta quinta-feira, 31, e contará com participações especiais da soprano Carla Rizzi, do tenor Fernando Portari e de músicos convidados
Com participações especiais da soprano Carla Rizzi, do tenor Fernando Portari e de músicos convidados, a Orquestra Sinfônica Municipal de Santos (OSMS) promove o maior concerto clássico da temporada 2019, nesta quinta-feira, 31, às 20h30, no teatro Coliseu (Rua Amador Bueno, 237, Centro Histórico).
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No programa, A Canção da Terra, do compositor Gustav Mahler, com regência do maestro Luís Gustavo Petri. Das Lied von der Erde (ou A Canção da Terra) é considerada por alguns críticos como a obra mais importante do autor austríaco, em que se tornaram visíveis as qualidades mais singulares do compositor: a angústia existencial e a sublime grandiosidade.
A obra foi baseada em antigos poemas chineses, adaptados para o alemão por Hans Bethge. Mahler trabalhou nesta obra durante seus últimos anos de vida, concluindo-a em 1909. Sua estreia ao grande público se deu em 1911, seis meses após a morte do compositor, no Tonhalle de Munique.
“Qual coisa de Mahler tenha feito é absolutamente monumental, e A Canção da Terra é apenas mais uma delas. Além dos dois solistas, o público vai notar que teremos uma orquestra maior no palco, com mais de 60 músicos. Tudo isso é necessário, para podermos darmos conta da dimensão da expressão musical de Mahler”, detalhou José Consani, maestro assistente da OSMS.
Os ingressos são gratuitos, com retirada (dois por pessoa) a partir das 14h no dia do concerto.
Dramas da vida transformados em música
Gustav Mahler nasceu em 1860, na Boêmia - na época parte do império austríaco e atualmente parte da República Tcheca. Ele é visto como um dos maiores compositores do período romântico, responsável por estabelecer uma ponte entre a música do século XIX com a do século XX, por conta de suas grandes sinfonias.
A personalidade dilacerada por conflitos psicológicos - o que o levou a se consultar com o próprio Doutor Freud – fez crescer nele um forte sentimento de alteridade, que transparece em toda a sua obra. Escreveria um dia: “sou três vezes apátrida: como natural da Boêmia, na Áustria; como austríaco, na Alemanha; como judeu, no mundo inteiro. Por toda parte um intruso, em nenhum lugar desejado”.
Se já não bastasse a sua natural personalidade melancólica, foi diagnosticado com uma doença cardíaca congênita, viu morrer sua filha mais velha e foi forçado a renunciar ao cargo de diretor da Ópera da Corte de Viena, por causa de manobras políticas e de crescente sentimento antissemita.
Em meio a tanto momentos dolosos, Mahler foi atraído por uma compilação de poemas antigos chineses, vertidos para o alemão por Hans Bethge, sob o título de Die chinesische Flöte (A Flauta Chinesa). Do contato com essa obra e do momento atribulado pelo qual o compositor passava nasceu A Canção da Terra.
“Os poemas chineses falavam das passagens e transformações da vida. Ele se encantou pelos poemas, porque era justamente o tema que se encaixava na vida dele. Era também a possibilidade de encarar a morte, que já era iminente naquele momento”, comentou o maestro José Consani.
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