SABERES TRADICIONAIS

Santos recebe apresentação ‘Vozes Ancestrais’, de mulheres indígenas Fulni-ô

Cantos sagrados serão levados ao público por grupo vocal de Águas Belas (PE), em yaathe, língua preservada por este povo do Nordeste

Redação
Publicado em 30/04/2025, às 10h59

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Repertório de cantos sagrados será protagonizado por mulheres da etnia Fulni-ô, em yaathe, língua nativa - Divulgação
Repertório de cantos sagrados será protagonizado por mulheres da etnia Fulni-ô, em yaathe, língua nativa - Divulgação

A Fábrica de Cultura de Santos recebe, no dia 18 de maio, o espetáculo musical Vozes Ancestrais - Yafeëkhet’de Sekletxase, conduzido pelo grupo vocal de mulheres da etnia Fulni-ô, originário de Águas Belas (PE). Santos é a única cidade do litoral paulista a contar com a apresentação inédita, que também ocorrerá na capital e em Campinas.

O repertório de cantos sagrados será protagonizado por mulheres da etnia, em yaathe, língua nativa e um dos poucos idiomas ancestrais preservados por um povo do Nordeste do país. A seleção de cantos é um lembrete sobre a preservação da cultura Fulni-ô, que tem como simbologias as apresentações em canto e dança de cafurnas, os torés e os sambas de coco. Um dos destaques do evento ocorre quando as cantoras, sentadas em roda, tecem objetos enquanto uma anciã compartilha histórias, saberes, músicas e afetos, conforme detalha Nudhya Fulni-ô, líder do grupo.

“O tecer é ensinado de geração para geração. São as peças fabricadas por mulheres Fulni-ô que sustentam famílias na aldeia. A simbologia por trás da confecção dos objetos nos conecta com a natureza, na colheita da palha, na conexão espiritual e simbólico, por meio dos grafismos feitos nos artesanatos e marca nossa identidade cultural, desde a colheita da palha, muitas vezes feita de madrugada, até a venda do artesanato”, conta.

Os torés levam a proteção e o fortalecimento espiritual por danças, orações e rituais, em uma experiência sensorial. “Quando cantamos ecoamos a natureza. Cada canto que sai de nós carrega a memória dos nossos ancestrais e um chamado da Mãe Terra”, comenta a líder. Já o cotidiano, a natureza e o sagrado, estarão no samba de coco, em uma mistura de dança, música e oralidade. “Cantamos com o coração para transmitir a força e a sabedoria do nosso povo. Cada melodia na nossa língua ancestral yaathe é sagrada e uma forma de sensibilizar quem nos escuta para respeitar a natureza. Enquanto houver canto, haverá resistência, cura e esperança", finaliza Nudhya.

O espetáculo conta também com a participação das cantoras Fulni-ô Wackta, Ewany, Khlekeynisô, Julia Maynã (etnia Xucuru-Kariri). A direção cênica está a cargo da cantora uruguaia Maria Luana, e da cantora brasileira Bruna Prado. A preparação e arranjo vocal são de Sathlê Fulni-ô.

A apresentação na Fábrica de Cultura de Santos (praça dos Andradas, s/nº, centro) será a partir das 19 horas, com entrada gratuita e retirada de ingressos fisicamente, na bilheteria.

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