TRISTE REALIDADE

Nas favelas, 8 em cada 10 famílias dependem de doações para sobreviver na pandemia aponta pesquisa

Moradores fazem, em média, menos de duas refeições diárias e 68% afirmam que alimentação piorou em tempos de Covid-19

da Redação
Publicado em 11/03/2021, às 16h38 - Atualizado às 16h50

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Pesquisa entrevistou 2 mil moradores de 76 favelas brasileiras de diferentes estados - Reprodução/ Pixabay
Pesquisa entrevistou 2 mil moradores de 76 favelas brasileiras de diferentes estados - Reprodução/ Pixabay

Pesquisa divulgada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a Data Favela e a Central Única das Favelas -CUFA aponta que 68% das pessoas moradoras de favelas afirmam que a pandemia fez a alimentação piorar. A pesquisa "A favela e a fome" entrevistou 2 mil moradores de 76 favelas brasileiras na segunda semana de fevereiro. Os números apontam aumento em 25 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em agosto de 2020.

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Entre os moradores, a média de refeições diárias é de menos de duas (1,9) e 68% afirmam que, nos últimos 15 dias, em ao menos um faltou dinheiro para comprar comida. Com o fim do auxílio emergencial, 67% precisarão cortar despesas básicas - como comida (53%), limpeza (45%) e atrasar contas (61%) -, enquanto somente 8% conseguirão manter o padrão de consumo. A pesquisa aponta também que 71% das famílias das favelas brasileiras estão sobrevivendo com menos da metade da sua renda e 93% não têm qualquer dinheiro guardado.

As doações ajudaram a lidar com o problema de forma mais imediata: 90% dos moradores de favelas receberam alguma doação durante a pandemia do coronavírus e 8 em cada 10 famílias entrevistadas afirmaram que não teriam condições de se alimentar, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar contas mais básicas caso não tivessem recebido a doação.

Mais de 16 milhões de pessoas moram em favelas no Brasil atualmente. Se essa população compusesse um estado, seria o quinto maior, atrás apenas de SP, MG, RJ e BA. Entre eles, 8 em cada 10 conhecem alguém contaminado pela Covid-19 - se considerarmos apenas a região Norte, esse número sobe para 96%. Vale destacar que 97% dos moradores de favela não possuem plano de saúde, enquanto no Brasil como um todo 74% não o possuem. A maioria da favela (65%) afirma tentar seguir as medidas de prevenção do vírus. Entre quem não consegue seguir, a principal justificativa é a necessidade financeira (78%).

Soluções possíveis

O evidente prejuízo da queda de doações a quem mais precisa, em comparação à pandemia em 2020, levou a Península Participações a reacelerar o movimento UniãoSP. A empresa de investimentos da família Abilio Diniz acaba de destinar doação de mais R﹩ 1 milhão para a iniciativa, da qual faz parte em parceria com diversas organizações da sociedade civil. Este valor se soma aos R﹩ 4 milhões que a Península doou em 2020. A medida busca inspirar outras empresas, organizações e pessoas físicas a também fazerem doações, que têm como novo objetivo a distribuição de 100 mil cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade no estado de São Paulo.

"Queremos lembrar a sociedade que a pandemia ainda não acabou e que ainda impacta muitas pessoas, especialmente os mais pobres, que estão sem trabalho e sem auxílio emergencial. Devemos continuar apoiando e cuidando de quem mais precisa. A fome tem pressa", diz Ana Maria Diniz, da Península Participações.

Para isso, o UniãoSP pretende arrecadar R﹩ 6 milhões entre março e abril, por meio de seu site (https://www.uniaosp.org). Interessados em colaborar podem doar valores de uma ou mais cestas básicas, sendo que cada uma custa R﹩ 60. O valor total captado em doações será repassado na íntegra para atenuar impactos da pandemia de Covid-19 em São Paulo, em parceria com em parceria com entidades e grupos do terceiro setor, prefeituras e Fundo Social.

"Estamos trabalhando muito, de forma voluntária, para ajudar a matar a fome das pessoas que vivem em comunidades. Estamos apoiando, divulgando e mobilizando a sociedade para conseguir o maior número de doações com urgência. Muitas outras questões sociais precisam de atenção, e contribuímos com elas, mas, neste momento, o combate à fome é uma frente emergencial.", complementa Geyze Diniz, da Península.

Como funciona a doação

Toda a captação de recursos está sendo feita por meio do site do movimento (www.uniaosp.org), onde qualquer pessoa pode fazer uma doação financeira com segurança, privacidade e transparência. O valor arrecadado será utilizado para a compra de insumos para as cestas básicas, que serão entregues a entrepostos para distribuição, indicados pelo Estado de São Paulo. Por fim, a distribuição das cestas será realizada em entrepostos para distribuição que foram mapeados desde o início da pandemia, em março de 2020.

Sobre o movimento UniãoSP

Fundada em 2020, no começo da pandemia de Covid-19, a iniciativa distribuiu 620 mil cestas básicas, ou seja, 8 mil toneladas de alimentos, e beneficiou cerca de 3 milhões de pessoas. Trata-se de um movimento voluntário de grupos da sociedade civil, que atuam sem qualquer remuneração para fortalecer o combate ao coronavírus no Estado. Participaram do movimento: Península, Instituto Galo da Manhã, Advent, B3, BTG Pactual, XP Inc, Carrefour, JHSH, entre outras instituições.

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