A preocupação com a presença do coral-sol na costa do Litoral Norte paulista fez com que a Fundação Florestal, órgão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, por meio da equipe da APAMLN (Área de Proteção Marinha do Litoral Norte) se envolvesse e trouxesse representantes do Projeto Coral-Sol para explicar como proceder em relação a este problema. O educador ambiental Gilberto Mourão e a voluntária do projeto Lívia Apuleo, fizeram uma palestra sobre esse coral invasor para a Câmara Temática de Pesca e Maricultura, da APAMLN, em sua última reunião.
Em destaque Na ocasião, foi pedido o apoio de pessoas ligadas ao mar na região para denunciar a presença do coral, sempre que detectado. Tema desse assunto, inclusive, já foi matéria de capa na revista mensal Beach&Co., do Sistema Costa Norte de Comunicação (edição nº 99, intitulada “A vibrante vida submersa”). Como resultado desta interação entre as instituições, as oceanógrafas da APAMLN, Laura Piatto e Débora Gutierrez, foram convidadas a acompanhar um dia de monitoramento da equipe do Projeto Coral-Sol no Litoral Norte, na última semana.
Em Ilhabela O grupo fez mergulhos no entorno das ilhas de Búzios e Vitória, em Ilhabela, onde os corais-sol são avistados desde 2008. As oceanógrafas tiveram a oportunidade de conhecer a metodologia de monitoramento do projeto, que consiste em avaliar a distribuição, a população do coral e o efeito do mesmo nas comunidades nativas da região.
Iniciativa O projeto é uma iniciativa do Instituto Biodiversidade Marinha com patrocínio Petrobras, por intermédio do Programa Petrobras Ambiental e atua tanto na pesquisa quanto no manejo dessa espécie exótica. Esse trabalho, desenvolvido em parceria com o Laboratório de Ecologia Marinha Bêntica da UERJ, poderá servir como base para o monitoramento de outra espécie exótica, a alga Kappaphycus alvarezii, que está sendo pesquisada para cultivo na região.
Invasor perigoso O coral-sol é uma espécie exótica invasora e como tal, não possui predadores capazes de controlar as suas populações. Ele desloca outras espécies para se instalar e se espalha rapidamente pelas rochas submersas. Estudos mostram que esse coral é capaz de matar espécies endêmicas como, por exemplo, o coral-cérebro, que só pode ser encontrado em nossas águas. Além disso, segundo os cientistas, ele é altamente impactante para a biodiversidade marinha brasileira e para o funcionamento dos ecossistemas costeiros.
Como chegou O coral-sol foi introduzido acidentalmente no litoral brasileiro por meio de plataformas de petróleo e gás. Vindo do Oceano Pacífico, ele encontrou condições favoráveis de sobrevivência na costa brasileira, estabelecendo-se e se espalhando. Até o momento, já há registros desse coral em cinco estados do Litoral brasileiro: Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. No Litoral Norte, a espécie foi encontrada no Canal de São Sebastião, de onde já foi removida pela equipe do Projeto Coral-Sol e nas ilhas de Búzios e Vitória, em Ilhabela.
Crime Apesar da nocividade desta espécie exótica, a remoção das colônias do ambiente marinho sem autorização dos órgãos competentes é crime ambiental. “Nós pedimos para que as pessoas nos avisem quando avistarem o coral-sol, para que a nossa equipe possa planejar a retirada correta e legalmente. Ainda, esta remoção deve ser feita por pessoas capacitadas para evitar qualquer dano aos outros organismos que vivem no costão”, explica Gilberto.
Denúncias As denúncias podem ser feitas para o Projeto Coral-Sol pelo email [email protected] ou pelo telefone (21) 2433-7311. No Litoral Norte, as denúncias também podem ser feitas à equipe de APAMLN, pelo telefone (12) 3832-1397 ou e-mail [email protected].
Esse coral é capaz de matar espécies endêmicas como o coral-cérebro, que só pode ser encontrado em nossas águas
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