RELACIONAMENTO ABUSIVO

Relacionamento abusivo: como identificar agressão psicológica e física

Delegada Raquel Gallinati conta detalhadamente como funciona os relacionamentos abusivos e seus padrões

Amanda Oliver
Publicado em 17/06/2022, às 11h41 - Atualizado às 13h11

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Delegada Raquel Gallinati conta detalhadamente como funciona os relacionamentos abusivos e seus padrões - Anete Lusina
Delegada Raquel Gallinati conta detalhadamente como funciona os relacionamentos abusivos e seus padrões - Anete Lusina

Diversas pessoas se encontram reféns do ‘relacionamento abusivo’, entre homens e mulheres, os abusadores sabem como manipular e criar ciclos tóxicos praticamente inquebráveis, onde a vítima não consegue se desvencilhar do relacionamento.

“O relacionamento abusivo não começa com o cara te agredindo, ou sendo um praticante da violência psicológica. O abuso vai evoluindo aos poucos, e quando a pessoa percebe, ela já está submersa em um relacionamento abusivo, no qual não consegue sair. Através de ameaças, abusos e chantagens emocionais, um elo que se cria, não só por medo físico, mas por uma dependência emocional que se desenvolve através da manipulação do agressor”, revelou a jornalista Amanda Oliver, durante o programa Café da Manhã, transmitido pela TV Cultura Litoral, nesta sexta-feira (17).

A delegada e pré-candidata a deputada estadual, Raquel Gallinati (PL), convidada do programa, contextualizou e revelou detalhadamente como ocorre o ciclo do relacionamento abusivo.

Fases

Grande parte dos relacionamentos abusivos são compostos por ciclos e fases características, que corroboram para a manipulação e confusão da mente da vítima, que se perde entre atitudes controversas do abusador.

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“Quanto mais confusa a pessoa, mais refém ela está”.

Lua de mel

Denominada como Lua de Mel, a primeira fase do relacionamento abusivo apresenta característica de perfeição, é quando o agressor se dedica para conquistar e submergir a vítima em paixão.

“Em todo relacionamento abusivo ele se inicia como um perfeito relacionamento. Ele se mostra protetor e tudo aquilo que a mulher idealiza, é como chamamos de fase da lua de mel”, detalha Raquel.

Fase de tensão

A fase de tensão, inicialmente, não é perceptível, se apresenta como um incomodo emocional, porém, sempre justificado pelo abusador, que distorce situações cotidianas de maneira sorrateira, testando e expandido os limites emocionais da vítima.

“Após, vem a fase de tensão, quando ele percebe que a mulher está dominada e apaixonada, começa a praticar a violência psicológica, que não é perceptível, somente sentida, como excesso de cuidado, que não é cuidado, e sim controle ou com excesso de telefonemas e mensagens”.

Outro fator apontado pela delegada é a pratica do ghosting, que consiste na manipulação através do ‘sumiço’, o agressor desaparece por certo período de tempo, sem justificativa, como pretexto para punir a vítima ou faze-la sentir-se culpada sem motivo.

 “O ghosting, é uma prática do relacionamento abusivo que é quando a pessoa desaparece, e quando ela faz isso, automaticamente quem está no vácuo acha que fez algo. Ai quando surge, o abusador age como se fosse um favor dele surgir”, conta a delegada.

Fase da explosão

Ao partir para a fase da explosão, a agressão verbal e psicológica começa dando sequência para a agressão física. Neste período, a vítima reconhece temporariamente a gravidade da situação, e tenta se desvencilhar do relacionamento.

“Aí a mulher fala não quer mais, e quando ela rompe, o agressor volta ser o príncipe encantado, até pedindo em casamento, deixando a vítima ainda mais confusa, pois uma hora é amor e outra hora ódio, quanto mais confusa, mais refém ela está”.

Para isso, o Portal Costa Norte, por meio da apresentadora e jornalista Amanda Oliver, trouxe uma lista com 7 sinais PERIGOSOS de relacionamentos abusivos.

1º Invalidação de sentimentos

Um parceiro tóxico que invalida seus sentimentos está ‘treinando’ seu psicológico para ignorar sinais de intuição ou socorro. Este tipo de pessoa falará que seus pensamentos e angústias não tem fundamento, ou até mesmo te colocará como ‘louca’, fazendo você e seu ciclo social duvidarem de seus pensamentos e atitudes, invalidando seu raciocínio e consequentemente dominando os seus próximos passos.

2º Ciúmes excessivo

Controle de roupas, amizades, passeios e até de redes sociais. A alegação dos ciúmes no início do relacionamento pode parecer ‘fofo’ e inofensivo, porém, a sensação de posse crescerá com a permissão de pequenos controles do cotidiano, transformando sua vida, aos poucos, controlada pelo abusador.

3º Controle ou dependência financeira

Pouco se fala sobre um dos motivos mais graves que prendem a vítima em um relacionamento abusivo. O controle financeiro em hipótese alguma deveria ser normalizado em uma vida a dois. Muitos abusadores utilizam o termo ‘compartilhar’, que deveria ser algo saudável, para denominar o domínio sobre a vida do outro.

A dependência financeira também é um dos motivos de maior recorrência para o aprisionamento de vítimas nestes elos inafetivos. Principalmente mulheres, que deixam de trabalhar quando casam ou têm filhos, acabando presas aos maridos.

4º Exigir relações sexuais

Toda e qualquer relação sexual forçada é estupro! Este crime de violação sexual ocorre com diversas vítimas, que acreditam que suas vontades são invalidadas e que seu corpo é partilhado com o parceiro. Suas vontades devem ser respeitadas, seu corpo é seu.

5º Violência física

Ao contrário do que muitos pensam, a violência física não caracteriza somente as grandes agressões com tentativa de homicídio. Os sinais de homens agressores começam aos poucos, com empurrões e apertões.

As vítimas geralmente acreditam que o parceiro irá mudar, que não irá piorar, porém, aos poucos vai se adaptando e aceitando cada vez mais abusos, que vão piorando a cada briga.

É comum este tipo de companheiro alegar que se arrepende e até usar presentes para agradar e conquistar novamente a parceira, porém, este ciclo irá se perpetuar.

6º Afastamento de outras pessoas

Amizades e familiares podem perceber quando uma pessoa está passando por abusos psicológicos e físicos, além de marcas visíveis, há também o abalo mental de estar vivendo abusos constantes. Para o abusador, o ideal é afastar o companheiro de elos sociais que podem ajudá-lo a sair do relacionamento tóxico.

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7º Chantagem e ameaças

Manobras emocionais que podem desencadear culpa e vergonha nas vítimas podem ser corriqueiramente usadas para convencê-las a fazer a vontade do abusador. Seja por gatilhos emocionais sensíveis ou por vitimismo, o companheiro tóxico consegue extrair da sua angústia o necessário para te controlar.

Peça ajuda

Está vivendo ou conhece alguém em situação de abuso? Ligue para o 180, o serviço registra denúncias sobre abusos contra a mulher e também auxilia vítimas em busca de socorro.

Além do número de telefone 180, é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), responsável pelo serviço. No site está disponível o atendimento por chat e com acessibilidade para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A lei está com você

De acordo com o artigo 7 da lei 11.340 (Lei Maria da Penha), a violência doméstica e famíliar se enquadram criminalmente com:

Física – agressões e lesões físicas

Psicológica – danos à auto estima, degradação moral, manipulação, constrangimento, isolamento, vigilância constante, retirada do direito de ir e vir, e quaisquer outros meios que retirem da vítima a saúde psicológica e a autodeterminação.

Sexual – qualquer atividade sexual não desejada é considerada crime.

Patrimonial – comportamento de retenção, subtração, controle ou quebra de objetos ou quantias financeiras da vítima.

Moral- enquadra crimes de calúnia, difamação ou injúria.

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