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Sítio Vergara, em Bertioga, proporciona viagem no tempo em meio à natureza

Localizado na região da fazenda Pelaes, a 500 metros da Casa de Força da Usina de Itatinga, local reúne história, natureza e muitas descobertas

Rodrigo Florentino
Publicado em 28/05/2024, às 12h15 - Atualizado às 13h29

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Volta ao tempo inclui o acesso ao local; são 7 quilômetros de passeio - Pedro Rezende / Arquivo CN
Volta ao tempo inclui o acesso ao local; são 7 quilômetros de passeio - Pedro Rezende / Arquivo CN

Imagine uma área verde de mais de um milhão de metros quadrados em meio à Mata Atlântica preservada na qual predominam o silêncio e a tranquilidade. Melhor que imaginar, é visitar este local de sonho, não muito longe do burburinho urbano. O sítio Vergara fica a sete quilômetros do Portinho de Itatinga, ao lado da Vila de Itatinga, em Bertioga. É um paraíso verde que já integrou a fazenda Pelaes que, assim como toda a região, foi uma grande produtora de banana entre os anos de 1930 e 1970. 

As terras estão situadas entre os trilhos que atravessam Itatinga e um afluente do rio Itapanhaú e, para acessá-las, parte-se do Portinho de Itatinga, próximo à rodovia Rio-Santos. Em trajeto feito em trechos de asfalto e, outros, de terra, chega-se às margens do rio Itapanhaú, por si só, uma beleza única.

barquinho no rio Itapanhaú
Travessia do rio Itapanhaú já dá mostra do que o dia nos reserva / Arquivo CN

Neste local, a reportagem do Portal Costa Norte encontrou-se com Rogério Jorge, que, além de ser nosso guia, também é monitor ambiental e fundador da Teiu Ecoturismo. Atravessamos o rio Itapanhaú e voltamos no tempo, ao entrar em um dos vagões do trem remanescente da época da saudosa Maria Fumaça, só que, atualmente, ele são puxados por tratores.

Com 7km de extensão, o trajeto nos deu uma ótima visão da Vila de Itatinga, com suas casas antigas, a capela de Nossa Senhora da Conceição, um campo de futebol e as águas transparentes que correm abaixo de pontes.

trem de itatinga
Após atravessar o rio Itapanhaú, é preciso pegar um dos bondes que levam até ao sítio Vergara - Rodrigo Florentino

Chegada

O silêncio do local aumenta à medida que nos afastamos do ponto de partida, só interrompido em três momentos: com o barulho dos vagões, o balançar das folhas das árvores e plantas e animais que surgem, curiosos. Eles estão acostumados com o ser humano, já que são alimentados por Eliana Vergara, moradora e herdeira desta área privilegiada. É ela que nos recebe, ao lado de seus dois cachorros de estimação.

Após uma breve caminhada, entramos na parte principal do sítio, onde está localizada uma casa de madeira de lei, conhecida como Casa Nova, construída em 1928, e que ainda mantém suas características originais e móveis, além de algumas peças das embarcações, do estaleiro e equipamentos de uso manual, objetos antigos que pertencem à família, como barcos e peças de guincho; há, ainda, uma cozinha ao ar livre. Sempre com muita alegria, Eliana nos recepciona oferecendo café da manhã e almoço preparados no fogão à lenha.

casa no sítio vergara
Pedro Rezende / Arquivo CN

Eliana mostra, com prazer, os animais que circulam pelo local, e que comem as frutas que ela oferece. “É o tipo de situação que é muito importante. Não tem preço você ver que uma ave te reconhece. Aqui, às vezes, eu jogo uma casca de fruta pra alguém e a ave não sai voando. Ela te reconhece, sabe que você não é uma ameaça. É o tipo de coisa que não tem preço”, conta ela. Eliana decidiu morar no sítio Vergara por causa disso, pela natureza do entorno, as águas cristalinas e a beleza do local. Fácil entender a decisão.

Diversidade

No dia da visitação, observamos  formigas devorando grãos de milho, pequenos pássaros e borboletas saboreando bananas. De acordo com Eliana, por lá passam pacas, tatus, iraras, antas, porcos-do-mato, tucanos, pavós e até jararacas. A flora não fica atrás. Há grande diversidade de árvores frutíferas como cambuci, araçá, caqui. O palmito juçara, em vias de extinção, também marca presença. Os vegetais foram plantados para atrair os animais.

Tem mais. A área do sítio possui trilhas, uma das quais, inclusive, leva a uma cachoeira. Então, é bom levar calçados adequados e estar preparado físicamente, pois o trajeto, junto com a lama e os degraus naturais, podem exigir um pouco de preparo físico. Mas o esforço vale a pena, pois a vista no ponto final é inesquecível.

Cachoeira em Itatinga
Roteiro inclui banho de cachoeira - Rodrigo Florentino dos Santos

Futuras atrações

Ao caminhar pelo sítio, encontramos objetos antigos expostos, como peças de barco e de guincho, que remetem ao passado da família Vergara. Ele integram projeto de Eliana em transformar parte da área do sítio Vergara em um museu, para expor não só esses, mas outros objetos, inclusive, fotos antigas do local.

Mas, antes, Eliana diz que pretende conhecer detalhes do que será de Itatinga, fechada para o turismo desde 2012, para realizar melhorias no espaço e, assim, receber futuros visitantes com mais conforto. “A beleza do local está no ambiente, está nos animais que moram aqui e nas plantas. Mas as pessoas também merecem ver um ambiente com um pouco mais de tratamento e cuidado”, conta ela.

Incentivo à visitação

Eliana faz um convite: “Venham conviver com a natureza e fazer um passeio pelo rio com canoa canadense, passar uma noite no mato e sentir como são as mudanças da noite pro dia. Não tem coisa mais importante do que preservar esse ambiente", conta ela.

Rogério Jorge também valoriza a educação ambiental. Ele conta que houve um aumento no interesse pelo ecoturismo, após  a pandemia da covid-19. “Acho que elas [pessoas] ficaram presas dentro de casa, vendo tudo isso que aconteceu e aí tiveram essa iniciativa de sair mais e ter mais contato com a natureza. Viver um pouco mais, dar mais valor à vida né?”, diz o monitor ambiental.

Rogério também acredita que é preciso passar para as pessoas que elas precisam cuidar dos lugares que visitam. "É a ideia de conhecer uma árvore, conhecer um ambiente, saber como se formou uma restinga. Você planta uma sementinha naquele coração, para que as pessoas também preservem, principalmente as mais novas, que são o futuro. É mais do que levar a pessoa, é você passar essas informações para que ela saia dali com um outro pensamento", conta ele.

Eliana Vergara e Rogério Jorge
Eliana Vergara e Rogério Jorge trabalham juntos para a preservação do meio ambiente na região - Rodrigo Florentino

Se você ficou interessado em fazer uma visita ao sítio Vergara, entre em contato com Rogério Jorge, da Teiú Ecoturismo, no telefone (13) 99692 8203 ou acesse a página oficial no Instagram. São aceitos grupos de dez a quinze pessoas.

Rodrigo Florentino

Rodrigo Florentino

Formado em Comunicação Social na Universidade Santa Cecília (UniSanta)

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