PÉ NA ESTRADA

Litoral norte oferece atrações que fogem das tradicionais praias e cachoeiras

Ruas badaladas, vilas históricas, museus, aquário... As quatro cidades do litoral norte formam um leque de atrativos para desfrutar o ano inteiro

Reginaldo Pupo
Publicado em 09/04/2024, às 14h06 - Atualizado em 10/04/2024, às 08h24

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Réplica de animal pré-histórico no Museu Marinho de Ubatuba - Reginaldo Pupo
Réplica de animal pré-histórico no Museu Marinho de Ubatuba - Reginaldo Pupo

O litoral norte de São Paulo é conhecido por possuir algumas das mais belas praias do litoral brasileiro. Com águas claras, que são praticamente “abraçadas” pela Mata Atlântica, encantam turistas de todo o país e do exterior. As cachoeiras de águas geladas, providenciais em dias quentes, também são muito procuradas pelos visitantes que buscam a região durante todo o ano.

Mas nem só de praias paradisíacas e cachoeiras refrescantes vivem os municípios de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba, que formam o litoral norte. Todos reúnem atrativos culturais, artísticos, boa gastronomia e muita história. A maioria dos passeios não-naturais tem entrada gratuita. 

Caraguatatuba

Em Caraguatatuba um dos pontos turísticos mais visitados é o morro Santo Antônio, que possui 325 metros de altura e oferece uma vista deslumbrante de toda a baía da cidade e parte de São Sebastião e Ilhabela.

Uma grande estátua do padroeiro está situada no lugar. Em junho, mês de sua tradicional festa, a Missa Campal é realizada aos pés da estátua. O complexo conta com plataforma de voo para os amantes de asa delta e parapente e é um dos locais mais apreciados por quem pratica voo livre.

Morro Santo Antonio
Panorâmica da cidade vista a partir do morro Santo Antônio - Divulgação / PMC

Não muito longe dali, na avenida da Praia, está o mirante do Camaroeiro, na praia de mesmo nome, que também oferece uma vista privilegiada da cidade. O lugar é utilizado para a prática de caminhada e observação de pássaros. Recentemente a prefeitura anunciou intenções de construir um teleférico e um bondinho que ligarão o morro Santo Antônio ao mirante, em um projeto que será tocado pela iniciativa privada.

Caminhando pelas ruas do centro, o turista poderá se deparar com fontes, estátuas, obeliscos, a praça do coreto, entre outros marcos tradicionais. Vale a pena dar uma passadinha no Museu de Arte e Cultura, onde é possível acompanhar em detalhe a trajetória do povo de Caraguatatuba, sentar para ouvir causos em uma casinha caiçara e prestigiar exposições das mais diversas vertentes das artes plásticas.

coreto em Caraguá
Coreto na praça Cândido Mota - Arquivo CN / Pedro Rezende

Uma grande diversidade de técnicas manuais pode ser encontrada na Feira Municipal de Arte e Artesanato. São mais de 90 artesãos, no centro, e mais 12 boxes na Martim de Sá. Souvenirs, tererês, tranças raiz, tatuagens de henna e o artesanato identitário, com materiais típicos como fibras, conchas e escamas enchem os olhos dos visitantes.

O teatro municipal, sede de grandes eventos educacionais, musicais, de dança e teatro, muito elogiado por artistas e produtores que por ele passaram, é o maior do litoral norte e também vale uma visita.

Ilhabela

Ilhabela reúne uma série de atrativos culturais e históricos como museus, exposições e venda de artesanato caiçara, entre outros. A Fazenda Engenho d’Água é um importante patrimônio histórico e cultural. Tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), sua construção é datada do fim do século XVIII ou início do XIX. Localizada na região central, a fazenda ainda tem uma bela vista para o mar.

Aberta ao público recentemente, seus visitantes podem conhecer, durante o passeio, a casa sede, o engenho d’água, um alambique, aqueduto e uma pequena represa, além de outras diversas atrações históricas. No local, ainda são realizadas exposições, atividades educativas e culturais.

ciclovia
Ciclovia da Barra Velha - Divulgação / PMI

Em toda a orla de Ilhabela, da balsa até a região norte, uma extensa ciclovia proporciona passeios com a incrível vista para o mar. Pelo caminho, quiosques, restaurantes, barzinhos e shoppings oferecem uma estrutura repleta de serviços.

Ubatuba

Já em Ubatuba, o Aquário é uma atração imperdível para as crianças, que têm a possibilidade de, literalmente, mergulhar no mundo marinho. É o primeiro aquário privado aberto à visitação pública no país e o primeiro a introduzir o conceito da interatividade por meio de um tanque de toque.

Essa interação ocorre em um tanque específico, no qual os visitantes, sempre com acompanhamento de um monitor, podem aprender, com mais facilidade, conceitos de biologia e conservação, por meio do contato com os animais. O aquário de Ubatuba também foi o primeiro do país a exibir tubarões e a reproduzir arraias e segue pioneiro no Brasil ao expor e reproduzir águas-vivas.

tubarão no aquário de Ubatuba
Aquário de Ubatuba foi pioneiro na exibição de tubarões - Reginaldo Pupo

Além da visitação pública, ele também é um centro de pesquisa voltado ao estudo das espécies e ambientes aquáticos. Muitas informações geradas, como tratamento veterinário, comportamento das espécies, hábitos reprodutivos, metodologias de educação ambiental são publicadas em revistas científicas.

Museu da Vida Marinha

No Museu da Vida Marinha, também em Ubatuba, os visitantes podem conhecer algumas espécies que habitaram os oceanos, em especial na América do Sul, além de fazer uma viagem no tempo e conhecer aspectos da evolução e da biodiversidade marinha.

A exposição possui diversos animais marinhos, de réplicas de exemplares pré-históricos a esqueletos de grandes baleias, como as jubartes, que passam pela região, entre outras espécies encontradas de répteis, aves e mamíferos marinhos. O material que compõe o acervo é proveniente dos 25 anos de funcionamento e pesquisa do Aquário de Ubatuba, e do Instituto Argonauta,  fundado em 1998 pela diretoria do aquário e reconhecido, em 2007, como Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).

réplica de animal pré-histórico no museu marinho de Ubatuba
Exposição no Museu da Vida Marinha de Ubatuba - Reginaldo Pupo

O instituto objetiva a conservação do meio ambiente, em especial, a conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, trabalha com resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e desenvolve projetos acerca de resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.

São Sebastião

São Sebastião é conhecida nacionalmente pelas suas badaladas praias, como Maresias, Juquehy, Barra do Una, Barra do Sahy, Baleia, Boiçucanga, Cambury, entre tantas outras. São quase 120 quilômetros de extensão, de ponta a ponta. A cidade é tão grande, que as praias são confundidas como “cidades’.

Mas é no centro que o município guarda uma de suas joias raras, o centro histórico, formado por sete quarteirões, cujos prédios são tombados pelo Condephaat. O tombamento incidiu alguns imóveis isolados, como a Capela de São Gonçalo e residências, antiga Cadeia Pública, Igreja Matriz, casa térrea na rua Antônio Cândido e o edifício do Grande Hotel. A técnica construtiva usual dos imóveis mais antigos é a alvenaria de pedra assentada, com argamassa de pó de concha e areia, muito comum no litoral.

centro histórico ss
Centro histórico de São Sebastião - Arquivo CN / Pedro Rezende

Passear pelo centro histórico é voltar no tempo, especificamente, aos séculos XVII e XVIII. Uma das edificações mais importantes é a Igreja Matriz. Os primeiros registros são de 1603 a 1609, com a doação das terras localizadas em frente à ilha de São Sebastião (Ilhabela) aos sesmeiros, quando foi cedido um terreno ao santo padroeiro local, para ser erguida uma capela.

Ainda no século XVII, a igreja foi construída com pedra, cal de conchas e óleo de baleia, em estilo jesuítico com composições renascentistas, moderadas e regulares, imbuídas do espírito severo da Contrarreforma. O frontão reto, triangular, mostra a transição entre o Renascimento e o Barroco, e a capela-mor, mais estreita, é o modelo mais comum no Brasil colonial.

vista da rua da praia
Rua da Praia - Reginaldo Pupo

No centro histórico, também fica a rua da Praia, na qual estão situados restaurantes, cafeterias, lojinhas de artesanato e uma praça de food trucks. É lá que são realizados os shows na temporada de verão, bem em frente ao mar. O lugar também é utilizado para descanso, leitura e caminhadas. Com sorte, é possível visualizar tartarugas que vivem na costeira e no píer de contemplação do canal de São Sebastião.

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