O charmoso vínculo em comum, entre os dois famosos bairros balneários, em Bertioga e Santos, veio da praia do Forte, na Bahia, na década de 1980
Eleni Nogueira
Publicado em 17/12/2024, às 10h12
Impossível visitar a Riviera de São Lourenço, em Bertioga, e não notar os imponentes coqueiros que conferem uma bela identidade visual a este que é o maior projeto urbanístico urbano do país. Em outro ponto do litoral de São Paulo, a praia do Gonzaga, em Santos, os coqueiros também não passam despercebidos. Por trás deste fato, há um elo pouco conhecido entre estes dois famosos endereços.
Na Riviera de São Lourenço, os coqueiros podem ser vistos logo na entrada do empreendimento e seguem lado a lado, margeando o canal, por toda a avenida principal; também estão presentes nas avenidas longitudinais paralelas à praia, e abundantemente espalhados na área verde em frente ao mar (o jundu).
No Gonzaga, os coqueiros pontuam em um dos trechos mais visitados da praia do Gonzaga, na praça das Bandeiras, localizada em frente à avenida Ana Costa. Parte do plantio ocorreu em meados da década de 1980, conforme confirmado pela Coordenadoria de Paisagismo (Copaisa), da prefeitura de Santos, e é aí que as histórias se entrelaçam.
O empreendimento Riviera de São Lourenço começou a ser implantado em 1979. O plano paisagístico incluía recuperar o jundu da praia, à época muito castigado pela passagem de caminhões pelas praias da região e as altas de maré e, como parte do plano, havia a inclusão dos coqueiros, marca registrada das praias do litoral do Brasil.
O consultor empresarial Arthur Richter fez parte da equipe de implantação do empreendimento e conta que 5 mil cocos reais e anões foram trazidos da praia do Forte, na Bahia, até o solo da Riviera de São Lourenço, no início da década de 1980. Ele lembra, com humor, que a chegada da encomenda chamou a atenção de vizinhos e trabalhadores da travessia de balsas entre Bertioga e Guarujá, único acesso de veículos a Bertioga naqueles tempos. “Teve gente que me ligou para perguntar se estávamos construindo a Riviera com cocos”.
Os cocos foram acondicionados em canteiros com serragem, para se desenvolverem, por cerca de um ano. Receberam todos os cuidados necessários, inclusive, a implantação de uma espécie de unidade de tratamento intensivo, para combater a nematoide do anel-vermelho, doença fatal para a planta.
Os cocos contaminados passaram a ser separados dos demais e tratados nesta unidade, para evitar proliferação. Na fase seguinte, as mudas foram dispostas em sacos com terra adubada para, após mais cerca de dois a três anos, serem plantadas no jundu da praia e avenidas. A aclimatação foi um sucesso e, como se pode ver, os coqueiros devolveram toda a dedicação em embelezamento do bairro: alguns chegam a mais de 20 metros de altura.
Arthur Richter conta que Oswaldo Justo, então prefeito de Santos, em visita à Riviera de São Lourenço, encantou-se com as plantas e aceitou um pedido: “Eu disse a ele que gostaria de deixar uma marca na cidade de Santos, plantando 33 coqueiros na praia, como representação dos 33 módulos da Riviera. Ele apoiou na hora”.
Os coqueiros então foram doados pela Sobloco Construtora, responsável pelo empreendimento Riviera de São Lourenço, e plantados no trecho de praia . “Foi uma experiência que fizemos e deu tão certo que eles estão lá, lindos e maravilhosos. Toda vez que eu passo em Santos e os vejo, lembro-me dos nossos módulos”.
Os coqueiros anões têm uma vida útil de, aproximadamente, 30 anos e, na Riviera de São Lourenço, eles começam a ser substituídos pela palmeira Jerivá. Mas essa é outra história.
Eleni Nogueira
Jornalista formada em Comunicação Social na Universidade Braz Cubas