Parque Estadual Marinho Laje de Santos fica a aproximadamente 25 milhas náuticas da costa de Santos; veja os detalhes de cada ponto de mergulho
O governo de São Paulo lançou, no início deste mês de novembro, um guia com os melhores pontos do estado para a prática de mergulhos. Roteiros de Mergulhotraz, além das dicas de destinos, orientações de segurança, informações sobre ecossistemas locais, mapas georreferenciados e dados sobre correntes marítimas. E, um dos destaques do guia é a Laje de Santos, localizada a cerca de 25 milhas náuticas da costa da cidade de Santos.
O Parque Estadual Marinho Laje de Santos foi criado em 27 de setembro de 1993. Sua principal referência visual é uma formação rochosa de 33 metros de altitude, 550 metros de comprimento e 185 metros de largura. O polígono retangular do parque abrange também um afloramento rochoso, denominado Calhaus, e quatro parcéis: Brilhante, Bandolim, Sul e Novo.
O guia lembra que a Laje de Santos representa um importante suporte ao desenvolvimento de grande densidade à diversidade de vida marinha. Além das várias formas e cores das espécies presentes, há também grandes cardumes. Uma ampla área formada por bancos de macroalgas também compõe a parte submersa, que, junto ao fitoplâncton, forma a biomassa vegetal. Além disso, esses bancos oferecem abrigo e alimento para diversas espécies de peixes, tartarugas marinhas e grande diversidade de invertebrados.
Já a parte emersa da Laje oferece às aves marinhas local para pouso, abrigo e reprodução. Espécies como o atobá-marrom (Sulla leucogaster) e o gaivotão (Larus dominicanus) reproduzem-se na área e são encontrados durante o ano todo. Espécies migratórias como os trinta-réis (Sterna spp.) utilizam a Laje como local para pouso e reprodução.
Mas, a grande concentração de cardumes de peixes nesta área, provavelmente, é o principal fator que leva à ocorrência das baleias-de-bryde avistadas durante o trajeto, bem como grupos de golfinhos que dão um show à parte. Outra grande atração do parque é a ocorrência de raias-manta (Manta birostris), com maior frequência entre os meses de maio a agosto. O Parque Estadual Marinho Laje de Santos ainda guarda muitas surpresas, como o registro inédito, em julho de 2009, de um exemplar jovem de tubarão-baleia, o maior e um dos mais raros peixes de todos os oceanos.
As profundidades nos pontos deste destino podem variar de 6 a 45 metros e a influência das correntes marítimas sobre esse conjunto rochoso, bem como a distância em que se encontra das influências antrópicas e naturais da costa, permite que a visibilidade na água alcance 30 metros nos melhores dias. Ao longo do ano, a temperatura média da água registra 22°C, podendo chegar a 27°C entre meados de janeiro até a chegada do outono. Já no início do verão, ocasionalmente ocorre o fenômeno das termoclinas, correntes extremamente frias, em determinada faixa da coluna d’água.
Conheça os 11 pontos de mergulho destacados no guia Roteiros de Mergulho:
Portinho - Profundidade máxima de 22 metros. Situado na face norte, é o local onde estão os cabos de atracação do parque e onde ocorre a maioria dos mergulhos. Mais abrigado das correntes, oferece fácil orientação. Podem ser observados alguns destroços do naufrágio do pesqueiro São Judas, ocorrido no final dos anos 1980, em colisão provocada pela baixa visibilidade, em uma noite de denso nevoeiro. Podem ser vistos, por exemplo, algumas caixas metálicas, um cilindro de acetileno, parte do motor e o leme. No local, avistam-se também moreias, cardumes de salemas, corcorocas, garoupas, cirurgiões, budiões, corais-cérebro, corais baba-de-boi, inúmeros gobídeos, tartarugas-verdes e tartarugas-de-pente.
Naufrágio Moreia - Profundidade máxima de 22 metros. Foi o primeiro naufrágio artificial brasileiro, ocorrido em 1990, com a finalidade de se tornar atrativo para os mergulhos. Situado na face norte, próximo à ponta leste, o pesqueiro de ferro tem 15 metros de comprimento. Atualmente, sua estrutura encontra-se instável, em processo de desmantelamento, o que desaconselha a penetração. Em seu porão, habitam garoupas e meros; pelo entorno transitam cardumes densos de salemas, corcorocas e budiões. Sua superfície é densamente povoada por invertebrados incrustantes e fauna acompanhante.
Piscinas - Profundidade: 10 a 35 metros. Situadas na porta oeste/sudoeste, requerem boa noção de orientação subaquática. Apresentam um corredor com aspecto de cânion na parte mais rasa, povoado por cardumes variados e com tocas e passagens muito interessantes no aspecto cênico. É a região com maior incidência de tartarugas-verdes e de pente. Na porção mais funda, surgem grandes blocos rochosos, com corredores que podem ser percorridos pelos mergulhadores e onde são observadas grandes garoupas e caranhas, além de vários cardumes de pelágicos, como xaréus, enxadas, bicudas, olhetes e bonitos. Raias-chita e, eventualmente, as mantas, também costumam frequentar esta área.
Parcel das Âncoras - Profundidade: 18 a 42 metros. Fundo rochoso que se destaca da Laje em direção ao continente, apresenta estrutura complexa, exigindo boa orientação subaquática. Há presença de muitas âncoras de pesqueiros que ficaram enroscadas no fundo rochoso, pois, ao lançar ferro para descansar nos intervalos da pesca, os pescadores imaginavam que aquele fundo apresentasse constituição arenosa, por sua localização mais afastada da parte emersa da Laje, e acabavam perdendo esses equipamentos. Nessa região, encontram-se as maiores garoupas nas áreas mais fundas e fauna de peixes extremamente variada na parte mais rasa. Cardumes de pelágicos, tartarugas e raias também são frequentes.
Paredão da face sul - Profundidade máxima 42 metros. Encosta rochosa íngreme, que desce verticalmente até 42 metros de profundidade. Mergulhos feitos em “drifting”, a favor da corrente, requerem bom controle de flutuabilidade por parte dos mergulhadores, a fim de evitar descidas a profundidades além das planejadas. Formação com inclinação negativa entre 12 e 27 metros de profundidade, do centro para o leste, com forte apelo cênico. A fenda ao fundo é habitada por jaguareçás, olhos-de-cão, marias-nagô e outros peixes. As tartarugas alimentam-se na encosta, especialmente até os 15 metros de profundidade. Há também a possibilidade de encontros com pelágicos.
Boca da Baleia - Profundidade: 8 a 30 metros. Fenda voltada para o leste, com aproximadamente 50 metros de extensão e profundidade média de 15 metros. Requer excelentes condições de mar e direção de ondulação adequada para que se possa adentrar. Presença de cardumes que preferem águas mais agitadas, como pampos-galhudos, sargos e carapaus.
Calhaus face sul - Profundidade: 8 a 40 metros. Paredão levemente acidentado, com incidência de correntes. Os mergulhos podem ser praticados apenas sob ótimas condições de mar. Esta é a parte do Parque Estadual Laje de Santos mais voltada para o mar aberto, podendo, portanto, ser encontrados mais frequentemente os pelágicos.
Calhaus face norte - Profundidade: 8 a 25 metros. Paredão levemente acidentado, com características de navegação subaquática e fauna semelhantes ao Portinho da Laje, afastando-se das formações no sentido norte.
Calhaus Túnel - Profundidade máxima de 18 metros. Passagem em forma de ‘U’ e um arco central emerso, com grande apelo visual. A profundidade é bastante variável, devido às grandes rochas no fundo, o que exige um bom equilíbrio hidrostático por parte do mergulhador. Sujeito a boas condições de mar para ser viável. Moreias, lagostas, jaguareçás, budiões e tartarugas são habitantes frequentes do local.
Parcel Novo - Profundidade: 26 a 45 metros. Formação submersa localizada a aproximadamente 1,5 milha náutica ao sul da Laje. Exige mar em excelentes condições e preparo adequado dos mergulhadores. São raros os mergulhos no local, mas há operação regular sempre que solicitada por grupos específicos com treinamento técnico. A formação rochosa é altamente incrustada por invertebrados e são praticamente certos os encontros com olhos-de-boi, olhetes, xaréus e serranídeos.
Parcel do Sul - Profundidade: 6 a 42 metros. Formação submersa a aproximadamente 400 metros a sudoeste da Laje. Requer mar em boas condições, mas a formação permite orientação e deslocamento mais simples, pois é constituída por um maciço rochoso alinhado no sentido leste/oeste, que começa a aprofundar lentamente. Após os 20 metros de profundidade, desce de forma mais íngreme. Frequentado por fauna semelhante à do Parcel Novo.
Como a Laje de Santos é uma Unidade de Conservação, devem ser observadas algumas diretrizes para a visitação. Informações podem ser obtidas por meio dos telefones (13) 3261-3445 e 3261-7154. Dentro da área do parque são proibidas as seguintes atividades:
Com informações do guia Roteiros de Mergulho de SP