Registro de mortes causadas pela doença alcançou recorde histórico em 2022; especialista dá dicas de como driblar a proliferação do inseto
Altas temperaturas e aumento no acúmulo de água da chuva são a combinação perfeita para a reprodução do mosquito Aedes aegypti (assim como de todos os outros), o transmissor dos vírus de doenças como a dengue, zika e chikungunya. Em 2022, foram confirmados 1.086 óbitos no Brasil de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde. O número representa o novo recorde anual de óbitos pela doença no país, superando em 10% o maior patamar anterior registrado em 2015 com 985 mortes.
Na nossa região, Praia Grande, que tem mais de 300 mil habitantes, registrou de janeiro a dezembro do ano passado 29 casos de dengue e 15 de chikungunya. Santos, com mais de 400 mil moradores, anotou 369 casos de dengue e 313 de chikungunya (dados provisórios) em 2022. O município não teve nenhuma morte por doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
Cuidados na organização e limpeza caseira ajudam no controle dos mosquitos. Algumas ações básicas podem mudar o cenário da doença para o verão de 2023, afirma o especialista Jeferson de Andrade, pesquisador de Desenvolvimento de Produto e Mercado da BASF. “Um programa de controle do mosquito A. aegypti requer um trabalho conjunto de toda a sociedade. Não há inseticidas ou larvicidas que, por si só e de forma isolada, possibilite resolver um tema tão complexo. Todos nós fazemos parte da solução. Os inseticidas são uma das ferramentas deste trabalho”, garante.
De acordo com o pesquisador, o conhecimento é o maior aliado na prevenção das doenças e no controle de vetores. "Para um controle eficaz do mosquito, é essencial conscientizar a população através de medidas simples, como usar telas nas portas e janelas, colocar areia nos vasos de plantas, manter sempre a residência livre de entulhos e outros possíveis locais de criadouros de larvas e colaborar com os agentes de saúde pública para proteger toda casa contra o mosquito. Além disso, empresas especializadas no controle de pragas urbanas também podem ser acionadas para aplicação de inseticidas e outras técnicas de controle em áreas com maior incidência de casos", finaliza Jeferson.
A fêmea do mosquito põe seus ovos em água, preferencialmente limpa. No entanto, existem casos reportados, ainda que raros, de larvas em águas sujas. Os ovos podem resistir por um período de até um ano à espera de água para eclodir. Por este motivo, os cuidados para evitar recipientes com água parada devem ser constantes.
Nem sempre os criadouros se formam em pequenos e médios recipientes. O mosquito A. aegypti pode depositar seus ovos em qualquer concentração de água. Ou seja, qualquer tipo de recipiente pode se tornar criadouro se não houver o hábito da limpeza. Outro fator importante é o período de tempo em que a água fica parada no recipiente: se for superior a sete dias, ele deve ser limpo cuidadosamente.
Mesmo que busquem preferencialmente lugares protegidos e sombreados, os insetos também são encontrados em recipientes com água parcial ou totalmente expostos ao sol. As larvas (primeiro estágio da fase aquática) fogem do sol, mas este não é um fator que impede o seu desenvolvimento.
Se a piscina não é usada, é preciso esvaziá-la (nem sempre possível nem aconselhável à estrutura) ou tratá-la (o ideal). Caso acumule água depois da chuva, ela deve ser tratada com cloro novamente, observando a dosagem correta para eliminar possíveis larvas.
É certo que as baixas temperaturas reduzem o aparecimento de mosquitos porque tornam os ciclos biológicos mais longos, e é necessário mais tempo para o mosquito atingir a fase adulta. No entanto, os ovos podem sobreviver durante o inverno e continuar seu desenvolvimento na primavera.
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