SUS registrou 4.809 internações e 34.567 atendimentos relacionados a queimaduras e traumas causados por fogos, só no primeiro trimestre de 2024
Lenildo Silva
Publicado em 31/12/2024, às 11h58 - Atualizado às 12h05
Os fogos de artifício fazem parte das tradições brasileiras em festas e celebrações, especialmente, na noite de Réveillon. No entanto, o uso inadequado desses artefatos causa inúmeros acidentes, muitos deles graves. Entre janeiro e março de 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 4.809 internações e 34.567 atendimentos relacionados a queimaduras e traumas causadas por fogos.
Segundo a ortopedista Giana Giostri, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão, os membros superiores são os mais afetados. Queimaduras, lacerações e até amputações representam 20% dos casos. Um em cada dez acidentes exige cirurgias complexas e longos períodos de recuperação. “A imprudência no manuseio de fogos é a principal causa dessas lesões”, explica a médica.
Diante de acidentes, medidas imediatas podem salvar vidas e minimizar danos. Queimaduras devem ser resfriadas com água corrente, enquanto fraturas ou esmagamentos necessitam de imobilização. Lesões abertas requerem compressão para conter o sangramento. “Buscar atendimento médico imediato é indispensável para evitar complicações e garantir melhor prognóstico”, ressalta Eduardo Novak, ortopedista do Hospital Universitário Cajuru.
Na virada de 2022 para 2023, uma mulher de 38 anos morreu após ser atingida por um rojão, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Elisângela Tinem celebrava o Réveillon com a família quando o acidente ocorreu. Apesar do socorro, ela não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital. A investigação apontou que os fogos eram de uso clandestino.
Para evitar acidentes, o estado de São Paulo conta com a lei 17.389/2021, que proíbe fogos de artifício com barulho. Essa medida visa proteger pessoas sensíveis, como idosos e indivíduos com transtornos do espectro autista, além de reduzir o impacto em animais. Fogos silenciosos, conhecidos como fogos de vista, são permitidos. O descumprimento da legislação acarreta multa de R$ 5,3 mil e em casos de reincidência o valor da multa dobra. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 190, da Polícia Militar.
Para evitar acidentes, disparos devem ser feitos ao ar livre, longe de pessoas e substâncias inflamáveis. O uso de suportes adequados e a compra em estabelecimentos certificados são indispensáveis. Caso um artefato falhe, ele deve ser descartado, jamais reutilizado. "Pequenas atitudes fazem a diferença entre uma celebração segura e um acidente irreparável", conclui Novak.
Lenildo Silva
Estudante de jornalismo na Faculdade Estácio