Ação da PM e Gate ocorreu no bairro Jardim Virgínia; SSP diz que quantidade de explosivos "foi mínima" e que moradores da área foram avisados
Lucas Santos
Publicado em 27/01/2025, às 13h31
Casas do bairro Jardim Virgínia, no Guarujá, tiveram janelas estouradas e vidros quebrados devido à explosivos detonados pela Polícia Militar Ambiental e Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). Além dos danos materiais, uma moradora alega que ela e o filho de dois anos tiveram ferimentos provocados por cacos de vidro, que ficaram espalhados pela residência. Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), os explosivos foram detonados para demolir uma casa que estava em área de preservação ambiental.
💣💥| Bomba detonada pela Polícia Militar e GATE destrói casas, em Guarujá
— Portal Costa Norte (@costanortenews) January 27, 2025
SSP diz quantidade de explosivos foi ‘mínima’ e que moradores da área foram avisados; explosão ocorreu na sexta (24), no bairro Jardim Virgínia
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Em vídeo que circula pelas redes sociais, o pai da criança e companheiro da mulher atingida diz que todas as janelas da casa estão quebradas, e que os moradores não foram comunicados previamente. “Meu filho e minha esposa estavam deitados no sofá na hora da explosão. Quebrou todas as janelas da casa e a porta da cozinha. A gente foi na delegacia fazer um boletim de ocorrência, só que o policial civil informou que não podia fazer nada, disse para a gente procurar a ouvidoria ou a Polícia Militar de Santos”, relata.
Ele ainda critica a quantidade de explosivos usada na ação. “Utilizaram muito explosivo. Não tinha um responsável técnico. Uma coisa grotesca, ignorância. Várias casas tiveram vidros quebrados, portas e janelas quebradas, e olha que eu moro há quase 100 metros do local da explosão”, completa.
No mesmo vídeo, outros moradores também expressam indignação: “Eu tentei impedir, mas eles me perguntaram se eu, sozinho, conseguiria vencer o estado”, relata um senhor. Outro homem demonstra insegurança: “Como eu vou levantar de manhã cedo para trabalhar, sendo que as pessoas que tinham que me proteger, proteger minha família, estão explodindo minha casa?”. Os residentes ainda afirmam que os policiais não apresentaram documentação que autorizasse a explosão.
Nossa equipe entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que informou que a operação foi feita para demolir uma construção ilegal em área de mata nativa, e que ocorreu em conformidade com a lei 9.605/1998 e o decreto nº 6.514/2008. Ainda segundo a pasta, os moradores próximos foram notificados da ação no mesmo dia em que ela ocorreu, e que foi estabelecido um perímetro de isolamento com mais de 100 metros de distância da área de detonação.
A resposta da secretaria ainda cita a quantidade de explosivos utilizada, além de uma apuração da Polícia Militar: “A quantidade de explosivos utilizada foi mínima, suficiente apenas para comprometer a estrutura da construção [que seria demolida]. O bairro é regularmente vistoriado pelas equipes e diversas autuações já foram lavradas, incluindo a da obra citada, que havia sido notificada por sua irregularidade. A Polícia Militar apura eventuais danos ou impactos causados aos moradores das proximidades e permanece à disposição das famílias para esclarecimentos”.
Apesar do questionamento da reportagem, a resposta da SSP não menciona ressarcimento às famílias.
Lucas Santos
Estudante de Jornalismo Digital na Uniasselvi