REVELAÇÕES SOBRE UM FEMINICÍDIO

Ex que matou mulher a facadas no litoral de SP não aceitava separação e bateu até na própria mãe

"Ela perdeu um bebê de uma surra que ele deu nela", disse parente enlutada. Segundo relatos, sujeito era violento, agressivo e descontrolado; homem assassinou ex-companheira na frente do filho, na Chácara Vista Linda, em Bertioga, na segunda-feira, 02

Da redação
Publicado em 04/11/2020, às 13h14 - Atualizado às 13h51

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Cristiane Duarte - Imagem: acervo pessoal / reprodução
Cristiane Duarte - Imagem: acervo pessoal / reprodução

De acordo com familiares de Cristiane Oliveira Duarte, assassinada a facadas na noite de segunda-feira, 02, o principal suspeito pelo crime, ex-marido da jovem, era violento, controlador, inseguro e agressivo. Segundo os relatos, o homem batia na jovem constantemente, era possessivo e não admitia perder o controle sobre a jovem.

“Estamos arrasados”, relatou uma familiar próxima de Cristiane Oliveira Duarte, após o velório ocorrido na tarde de terça-feira, 03, um dia após o crime. Cristiane tinha 19 anos, e foi brutalmente assassinada a facadas, sem chance de defesa,  na rua Aprovada 599, mais conhecida como rua do Romário, na Chácara Vista Linda, em Bertioga, no litoral paulista. O principal suspeito é o ex-marido da vítima, um pizzaiolo desempregado de 29 anos, atualmente foragido.

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Por volta das 20h do dia do assassinato, o ex-marido teria chamado Cristiane para conversar. A mulher foi, levando consigo o filho do casal, “talvez por imaginar que o homem não faria nada com uma criança pequena por perto”, diz a familiar. Não se sabe o teor da conversa entre os dois, mas, em dado momento, Cristiane teria fugido correndo do ex-marido, e o homem a teria perseguido, alcançado e desferido uma série de facadas na jovem mulher - sem chance de defesa. Segundo relatos, o filho de 1 ano e onze meses do casal estaria no colo da mãe no momento em que ela foi violentamente esfaqueada. 

Como o principal suspeito encontra-se foragido, os parentes da vítima se pronunciaram em condição de anonimato, por temerem represálias. Uma familiar recordou de Cristiane, falou sobre o velório e enterro da jovem, ocorrido na tarde desta terça-feira, 03, no Cemitério Municipal de Bertioga, e do relacionamento de Cristiane com o homem que viria a matá-la – em que há elementos de uma relação abusiva.   

Cristiane Duarte (Imagem: acervo pessoal / reprodução)

“O velório e o enterro [de Cristiane] foram muito tristes, ela tinha só 19 anos. Ele [autor] acabou com ela, furou ela demais. Muita facada. A família inteira está muito abalada. A mãe dela não consegue nem dormir, muito abalada. A Cristiane tinha um coração muito bom.”, lamenta uma familiar. 

Cristiane estava separada do ex-companheiro há cerca de três semanas. Esta era a última de várias separações num relacionamento que durou cerca de três anos. A dinâmica, relatam os parentes da vítima,  era sempre a mesma: a jovem tentava se separar,  ia embora, porém, sob ameaças e por insistência do ex-companheiro, acabava voltando. Durante a relação, Cristiane sofreu constantes violências domésticas, agressões e ameaças, tanto na vida pública quanto na vida privada. “ele batia nela direto. Ela batia nela em casa. Batia nela na frente dos outros. Ele bateu nela até grávida. Ela chegou a perder um bebê por causa de uma surra que ele deu nela. Uma vez, ele estava dando uma surra nela, e a mãe dele, uma senhora, entrou no meio, foi defender a Cristiane. A mãe pedia pelo amor de deus pra ele parar de bater nela. Em vez de parar, ele bateu na própria mãe também.”

O retrato que a familiar de Cristiane pinta da relação é de um sujeito violento e de uma mulher refém dele, sem ter para onde correr. Uma relação não de marido e mulher, mas de vítima e algoz: “quando eles se separavam, ela começava a ter um contato com a gente [familiares], e quando eles voltavam, por algum motivo, a gente não conseguia contatar ela.  A gente estava com pouco contato com ela. Ela tinha medo dele”, especialistas em relações abusivas apontam que se constitui em traço comum de sujeitos abusivos, a tentativa de isolar suas esposas do contato com outras pessoas, de modo que possam ter mais controle sobre elas.

A resistência a esse tipo, quando não há apoio, pode resultar em tragédias como a de Cristiane: ao longo da relação, além das agressões físicas e psicológicas, o sujeito que assassinou Cristiane há dois dias e fugiu, emitiu sinais do que viria a fazer.  “uma vez, foi em 2019, vai fazer dois anos, ela estava separada dele, eu e a Cristiane estávamos numa festa de aniversário e ele passou. Ficou num canto da festa encarando ela. Não tirava o olho dela. Quando ela olhava pra ele, ele fazia uma arma com a mão, apontava pra ela e puxava o gatilho”, relatou a familiar.

De acordo os parentes, Cristiane teria aberto três boletins de ocorrência por violência doméstica contra o ex-marido. Questionada sobre os registros, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não se manifestou até a conclusão desta matéria.    

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