Réu foi condenado em Poá, na grande São Paulo, e estava foragido havia dois anos; abusos ocorriam em Bertioga, disse uma das vítimas
Lenildo Silva
Publicado em 23/09/2024, às 16h14 - Atualizado às 16h29
Denúncia anônima levou para atrás das grades um homem de 67 anos, condenado a mais de 30 anos de prisão, por estupro de vulnerável praticado contra meninas do próprio convívio. A prisão foi realizada pela Polícia Civil de Bertioga, no litoral de São Paulo, na tarde de quarta-feira (18). Em entrevista à reportagem, uma das vítimas afirmou que, após a prisão do réu, outras mulheres confessaram terem sido vítimas do mesmo homem.
Foragido desde 2022, o homem, natural de Poá, região do Alto Tietê, na Grande São Paulo, era procurado pela Justiça e trabalhava como pedreiro em Bertioga. Segundo a Polícia Civil, a captura ocorreu após denúncia anônima e informações de que o condenado saía de um condomínio, no bairro Vista Linda, seu local de trabalho.
Em entrevista à reportagem, uma das vítimas do condenado disse que, além de Poá, alguns dos abusos ocorreram em Bertioga, onde a família dele tem casa. “Ele era muito influente na cidade de Poá, trabalhou como jornalista, tinha uma coluna social e era fotógrafo”, relatou a vítima, que preferiu não se identificar. A mulher afirmou que os abusos ocorreram durante sua infância, e que ela e sua irmã foram vítimas.
“Ele abusava de nós em Bertioga, principalmente, em uma casa que a família dele tinha perto do Sesc. Comigo, o ato em si [consumado] nunca aconteceu, mas com minha irmã, ele a estuprava, e foi o responsável por tirar a virgindade dela. Ele era muito manipulador e usava a influência para cometer os crimes e ficar impune”, disse a vítima, muito abalada ao relembrar o crime sofrido.
A vítima relatou, ainda, que demorou muitos anos para denunciar os crimes, por medo, e por ter um vínculo afetivo com as filhas do criminoso. “Ele era muito querido por todos, e a gente tinha medo de as pessoas não acreditarem na gente. Após a prisão dele, recebi relatos de outras mulheres que também haviam sido vítimas dele quando eram menores e, com a repercussão do caso, acredito que mais possam aparecer”, concluiu.
Segundo apurado pela reportagem, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) e condenou o réu à pena de 33 anos, 2 mêses e 2 dias de reclusão, a ser cumprida em regime fechado. Entretanto, ele havia se evadido para Minas Gerais, após a emissão do mandado de prisão, e retornou a São Paulo após a emissão de um contramandado de prisão. Ele alegou desconhecer a existência de um mandado de prisão por condenação definitiva.
O portal Costa Norte entrou em contato com o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de São Paulo, para saber em qual instância o réu foi condenado, se recorre da condenação, quantas vítimas o denunciaram e em qual presídio cumpre pena, mas os órgãos informaram que “processos desta natureza tramitam em segredo de justiça, e as informações são restritas às partes e seus advogados”. A defesa do réu não foi localizada pela reportagem, e o espaço está aberto caso queira se pronunciar.
Lenildo Silva
Estudante de jornalismo na Faculdade Estácio