Agressão física à criança de Praia Grande levantou debate e especialistas afirmam que mudanças de comportamento súbitas podem ser sinal de algo errado com crianças. É possível reconhecer sinais de abuso por meio de mudanças comportamentais, saiba quais
O caso envolvendo denúncias de agressão física contra uma criança de um ano e 10 meses chocou a região após imagens de segurança flagrarem a própria educadora maltratando a aluna de uma escola infantil em Praia Grande, no litoral de São Paulo, há uma semana.
Embora a violência ocorresse constantemente, os pais da vítima não desconfiavam das irregularidades cometidas dos portões para dentro do ambiente escolar. Segundo o advogado da família, a mãe da criança havia percebido que a criança tinha mudado de comportamento, até que resolveu checar o circuito interno de segurança, do qual tinham acesso, e viu as piores imagens de sua vida.
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Após a repercussão do caso, especialistas alertam pais e responsáveis e falam sobre as mudanças de comportamento súbitas que podem ser sinal de algo errado com crianças. Para quem lida com essa situação diariamente afirma que é difícil identificar a dor emocional em pessoas com pouca idade, porém é possível reconhecer sinais de abuso por meio de mudanças comportamentais.
A coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, professora Cláudia Freitas, explica que essas situações afetam o desenvolvimento infantil, inibem o aprendizado e geram impactos que podem perdurar até a fase adulta.
“As influências e os traumas psicopatológicos acompanham a vida dos pequenos nos diferentes âmbitos sociais e implicam na forma como vão lidar com as emoções e com as outras pessoas quando crescerem”, afirma.
A psicóloga esclarece que dificilmente as crianças e jovens irão expor seus sofrimentos de forma direta. Alguns indicativos comuns abordados pela profissional são desânimo recorrente, choros frequentes, problemas na linguagem, além de frustração e agressividade constantes.
A mudança súbita no comportamento também representa um alerta. “Se, de repente, o seu filho se recusa a fazer tarefas do dia a dia, como tomar banho, dormir ou ir para escola, ou até mesmo brincar, é preciso investigar o quadro”, recomenda.
Em alguns casos, é comum que haja regressão na forma de agir. Segundo a docente, as crianças passam a apresentar padrões infantilizados que já não são mais adequados para sua idade. “Pode ser que eles voltem a falar de maneira infantil, tenham dificuldade na comunicação, peçam para dormir com os pais ou para usar chupeta e mamadeira”, exemplifica.
Os indícios de que esteja acontecendo violência física ou abuso sexual são os mesmos que ocorrem em torturas psicológicas, com a exceção de marcas suspeitas no corpo que podem ser percebidas por pais e guardiões.
“Machucados comuns são esperados em crianças pequenas, porém hematomas nos dorsos das mãos, nas costas ou na região íntima são considerados preocupantes”, alerta.
Nesses casos, o ideal é procurar ajuda médica para analisar os sinais e alcançar a verdade. De acordo com a psicóloga, a atenção a esses sintomas é importante, principalmente, em bebês que não falam ou ainda estão aprendendo a falar.
Especialistas defendem que são inúmeros os motivos que podem impactar no comportamento de crianças, porém, se houver suspeitas quanto a irregularidades e maus tratos, o indicado é abrir diálogo e entender o que elas têm a dizer.
“Podemos incentivá-las a contar sobre o seu dia com perguntas fáceis, por exemplo”, afirma. “Também pode-se estimular a expressão por meio de desenhos, brincadeiras e outros recursos lúdicos”, completa.
É possível encontrar apoio profissional para solucionar casos em terapias e acompanhamentos psicológicos. O Brasil dispõe de um número para denúncias em episódios que geram desconfiança, o “Disque 100”, além do suporte oferecido por conselhos tutelares.
Ao ser confrontada pela direção da escola, a profissional que agrediu a criança justificou, segundo a instituição, que tudo foi uma “brincadeira”. Questionada novamente sobre a resposta, a mesma teria dito que não sabia explicar o motivo de tal atitude.
Em nota enviada à imprensa, a escola informou, ainda, ter investigado a atitude da professora em outras gravações, mas confirmou se tratar de um fato isolado. Na mesma data, a funcionária foi demitida por justa causa e, no dia seguinte, a direção da escola também procurou a Polícia Civil, porém não deu seguimento na ocorrência pois a mãe da vítima havia realizado a queixa.
A diretora contou ter conversado com os familiares da aluna, mas entendeu os motivos para que a mãe tirasse a criança da escola. “Sou totalmente solidária à família”. “A escola procura viver em transparência, nós estamos na Praia Grande há 23 anos e neste ano completamos 24. Estamos aqui para esclarecer qualquer coisa, não temos nada a esconder”, explica a diretora.
Quando o caso se tornou público, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou, por meio de nota, que “o caso é investigado pelo 2º DP de Praia Grande, e que os laudos referentes à ocorrência estão em elaboração, e assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial”.
Segundo a pasta, a mãe da criança foi orientada quanto ao prazo para representação criminal. Outros detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial.
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