COMO SALVAR VIDAS?

Saiba mais sobre a doação de órgãos no Brasil

Uma das principais questões abordadas é a desinformação e como a vontade da família sobrepõe à do doador

Da redação
Publicado em 27/09/2021, às 14h12 - Atualizado às 14h51

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Imagem ilustrativa Saiba mais sobre a doação de órgãos no Brasil - Reprodução/Pxhere
Imagem ilustrativa Saiba mais sobre a doação de órgãos no Brasil - Reprodução/Pxhere

O Dia Nacional da Doação de Órgãos, neste 27 de setembro, é um chamado para que mais pessoas entendam a importância da doação de órgãos no Brasil. A doação salva vidas e, de certa forma, mantém vivo o parente e ente querido que se foi.

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Abordar a questão torna-se ainda mais importante quando nos deparamos com números. Segundo o Ministério da Saúde, em 2020 por conta da pandemia (pacientes com morte cerebral infectados pela covid-19 não podem doar os órgãos), foram realizados 62,9 mil transplantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 22% a menos do que a quantidade realizada em 2019 (81,4 mil), voltando ao patamar procedimentos realizados em 2012 (62,4 mil).

Em todo o país, cerca de 46 mil pacientes aguardam a doação de algum órgão para manterem-se vivos.

Ainda assim, há muito o que comemorar: o Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo (cerca de 96% dos transplantes de órgãos no país são feitos pelo SUS); além de ser a segunda nação do planeta onde mais se realizam transplantes em números absolutos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

Mas, afinal, o que impede que mais pessoas sejam salvas pelo gesto de amor e solidariedade de doar órgãos? A seguir, a coordenadora do curso de Enfermagem da Anhanguera, Sônia Mariza, aponta os principais entraves.

O que é o transplante?

De forma didática, um transplante é a retirada de um órgão (coração, fígado, pulmão) ou tecido (córnea, pele, medula óssea) de um doador saudável - seja vivo ou morto - para ser implantado em um receptor vivo.

Quem pode doar?

Doador pós morte encefálica: nos casos de órgãos, como coração, pulmão, fígado, pâncreas e outros, é preciso que o doar tenha morte cerebral, que é a interrupção permanente e irreversível das atividades cerebrais.

"Esses casos acontecem principalmente quando há alguma lesão grave na cabeça, como no caso de um traumatismo crânio encefálico (TCE) ou acidente vascular encefálico (AVC). Sem atividade cerebral, a pessoa respira por ajuda de aparelhos. Constatada a morte cerebral pela equipe médica, os familiares do possível doador são avisados da possibilidade de doação. Com a resposta positiva da família para a doação, começa o processo para o transplante, avisando os receptores, preparando os órgãos para a doação. Cada doador pode salvar, em média, a vida de outras oito pessoas à espera de transplante".

Em casos em que o doador tenha evoluído a óbito por conta de uma parada cardíaca, que é a cessação da função cardíaca, é possível doar tecidos, como pele, vasos, ossos, tendões e córneas.

Doador vivo

Nestes casos, o doador pode doar órgãos que possibilitam a vida com apenas um do "par" (rins) ou uma "parte", como pulmão e fígado, esses últimos têm a capacidade de regeneração, e doação de medula óssea.

A doação por um doador vivo acontece muito em caso de familiares: a mãe doa para o filho, ou vice-versa, por exemplo. A equipe médica avalia alguns critérios, como a saúde do doador e a compatibilidade sanguínea de quem doa e quem recebe.

Quem organiza a fila?

As doações de órgãos no Brasil são reguladas pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), que coordena a Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado. As filas de transplante são, de certa forma, regionais, visto que alguns órgãos precisam ser transplantados com celeridade, em questão de horas.

Os quesitos de quem da fila deve receber primeiro um órgão levam em conta critérios como idade e gravidade do estado de saúde do receptor.

Vontade da família

Um dos maiores entraves para a doação no Brasil é que a legislação sobrepõe a vontade da família à do doador, mesmo que intenção tenha sido expressa em vida.

Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), cerca 43% das famílias recusam a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada.

"É preciso deixar claro que a morte encefálica é um processo irreversível e permanente, um ponto em que nada mais poderá ser feito pelos médicos. Mas os órgãos e tecidos poderão salvar outras vidas, por isso precisamos conscientizar a população sobre a importância da doação", finaliza.

Qualquer pessoa pode cadastrar como doador do Banco de Olhos de Sorocaba. Basta se cadastrar no site da Bos.

Sobre a Anhanguera

Fundada em 1994, a Anhanguera oferece educação e conteúdo compatível com o mercado de trabalho em seus cursos de graduação, pós-graduação e extensão, presenciais ou a distância.

Presente em todos os estados brasileiros, a Anhanguera presta serviços gratuitos à população por meio das clínicas-escola na área de Saúde e Núcleos de Práticas Jurídicas.

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