Prefeitura emitiu nota com morte suspeita na segunda, 1º. “São inverdades. Infelizmente estamos vivendo de estatísticas. Não pude me despedir do meu irmão”
Uma mulher, que relata ser irmã de uma vítima que morreu com suspeita de coronavírus, gravou três áudios que circulam nas redes sociais na manhã desta quinta-feira, 4, afirmado que o irmão não morreu com suspeita da doença, segundo afirma a prefeitura de São Sebastião.
“Sabemos que o coronavírus é um vírus perigoso, uma coisa muito séria. Mas a estatística é falsa. Meu irmão morreu na segunda-feira. Ele tinha paralisia cerebral, foi diagnosticado com pneumonia aspirativa e teve uma infecção generalizada. Recebi uma ligação do hospital dizendo que meu irmão morreu com suspeita de Covid-19, mas não é isso”, diz a mulher, que não se identifica no áudio.
De acordo com ela, seu irmão deu entrada na emergência no sábado, 30, onde foi feita uma tomografia e o médico descartou a possibilidade de coronavírus. No domingo, ainda segundo a irmã, a vítima deu entrada na UTI e horas depois foi encaminhada para a UTI respiratória. A morte ocorreu na segunda-feira, 1º.
“Eu conversei com a médica e ela avaliou o quadro do meu irmão, descartando a possibilidade de coronavírus. Eu falei sobre a live do prefeito Felipe Augusto e ela [médica] ficou indignada. Fui com o atestado de óbito até a funerária, quando fui informada que não haveria velório. O caixão foi lacrado. Disseram que por ser suspeita de coronavírus não poderia haver velório. Não pude me despedir do meu irmão”, conta.
Ainda segundo a mulher, quando ela e o marido retornavam para a residência, em Juquehy, costa sul de São Sebastião, receberam uma ligação com a informação de que um médico a esperava para conversar.
“Ficamos em uma sala eu, meu marido e o médico, que se apresentou como responsável pela UTI. Ele [médico] disse que o atestado de óbito deveria ser alterado para a inserir a informação de que o meu irmão morreu com suspeita de coronavírus. Infelizmente estamos vivendo isso. São estatísticas falsas. O corpo e o caixão do meu irmão estavam lacrados. Não conseguir dar um beijo nele. As famílias querem estar próximas em um momento como esse”, diz.
“Meu irmão foi transferido de Boiçucanga para o centro e não tive o direito de acompanhá-lo na ambulância. Absurdo. É muita sujeira. É o dinheiro acima de tudo. Quanto mais casos, mais dinheiro para prefeitura. É desumano”, concluiu.
Participe dos nossos grupos ℹ http://bit.ly/CNAGORA6 🕵♂Informe-se, denuncie!
Outro lado
O Sistema Costa Norte de Comunicação procurou a prefeitura de São Sebastião para um posicionamento oficial, mas até o fechamento desta reportagem, às 15h, não obtivemos respostas
Comentários