Coronavírus

Mulher diz que irmão não morreu com suspeita de Covid-19 em São Sebastião

Prefeitura emitiu nota com morte suspeita na segunda, 1º. “São inverdades. Infelizmente estamos vivendo de estatísticas. Não pude me despedir do meu irmão”

Claudio Rodrigues
Publicado em 04/06/2020, às 13h00 - Atualizado em 23/08/2020, às 23h18

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Divulgação/PMSS
Divulgação/PMSS

Uma mulher, que relata ser irmã de uma vítima que morreu com suspeita de coronavírus, gravou três áudios que circulam nas redes sociais na manhã desta quinta-feira, 4, afirmado que o irmão não morreu com suspeita da doença, segundo afirma a prefeitura de São Sebastião.

“Sabemos que o coronavírus é um vírus perigoso, uma coisa muito séria. Mas a estatística é falsa. Meu irmão morreu na segunda-feira. Ele tinha paralisia cerebral, foi diagnosticado com pneumonia aspirativa e teve uma infecção generalizada. Recebi uma ligação do hospital dizendo que meu irmão morreu com suspeita de Covid-19, mas não é isso”, diz a mulher, que não se identifica no áudio.

De acordo com ela, seu irmão deu entrada na emergência no sábado, 30, onde foi feita uma tomografia e o médico descartou a possibilidade de coronavírus. No domingo, ainda segundo a irmã, a vítima deu entrada na UTI e horas depois foi encaminhada para a UTI respiratória. A morte ocorreu na segunda-feira, 1º.

“Eu conversei com a médica e ela avaliou o quadro do meu irmão, descartando a possibilidade de coronavírus. Eu falei sobre a live do prefeito Felipe Augusto e ela [médica] ficou indignada. Fui com o atestado de óbito até a funerária, quando fui informada que não haveria velório. O caixão foi lacrado. Disseram que por ser suspeita de coronavírus não poderia haver velório. Não pude me despedir do meu irmão”, conta.

Ainda segundo a mulher, quando ela e o marido retornavam para a residência, em Juquehy, costa sul de São Sebastião, receberam uma ligação com a informação de que um médico a esperava para conversar.

“Ficamos em uma sala eu, meu marido e o médico, que se apresentou como responsável pela UTI. Ele [médico] disse que o atestado de óbito deveria ser alterado para a inserir a informação de que o meu irmão morreu com suspeita de coronavírus. Infelizmente estamos vivendo isso. São estatísticas falsas. O corpo e o caixão do meu irmão estavam lacrados. Não conseguir dar um beijo nele. As famílias querem estar próximas em um momento como esse”, diz.

“Meu irmão foi transferido de Boiçucanga para o centro e não tive o direito de acompanhá-lo na ambulância. Absurdo. É muita sujeira. É o dinheiro acima de tudo. Quanto mais casos, mais dinheiro para prefeitura. É desumano”, concluiu.

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Outro lado

O Sistema Costa Norte de Comunicação procurou a prefeitura de São Sebastião para um posicionamento oficial, mas até o fechamento desta reportagem, às 15h, não obtivemos respostas

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