Atual vacina contra gripe não “cobre” a nova cepa do vírus Influenza e especialistas orientam: melhor prevenção é o uso de máscaras e distanciamento social
Lenildo Silva
Publicado em 15/12/2021, às 10h54 - Atualizado em 17/12/2021, às 11h32
Após algumas capitais brasileiras enfrentarem um surto de gripe H3N2, é a vez do litoral de São Paulo acender o alerta para o grande número de internações. Moradores de Santos e São Vicente denunciaram sintomas graves da gripe e filas em hospitais da região.
A alta nos atendimentos de pacientes com quadros gripais no litoral deixou moradores da região preocupados. Esse aumento pode estar associado ao surgimento de uma nova cepa do vírus Influenza, que já circula na capital paulista. Em alguns hospitais, o número de internados por gripe superou o de casos por covid-19.
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As prefeituras do litoral paulista ainda não confirmaram se o quadro gripal está relacionado ao atual surto de gripe H3N2 que já alcançou centenas de pessoas pelo Brasil.
Chamada de Darwin/H3N2, a variante escapa da vacina da gripe aplicada neste ano no Brasil. “A vacina que a gente recebeu em abril é uma determinada cepa, o vírus que está circulando é outra cepa e é uma cepa que vai estar contemplada na vacina que vamos receber o ano que vem”, explica a infectologista Nancy Bellei em entrevista à Folha de SP.
Comparando com a pandemia de coronavírus, principal diferença, segundo ela, é que a letalidade é menor do que a da covid, comparando os mesmos grupos de risco. Mas os casos, mesmo leves, são piores que os da covid leve.
"O paciente tem febre alta, calafrios, mialgia e cefaleia, mal-estar, fica sem apetite, não consegue levantar da cama. A maioria dos casos leves de covid não tem isso", disse a infectologista.
O vírus H3N2 é um dos subtipos do vírus influenza A. Os sintomas provocados por este vírus são os clássicos de gripe: febre alta com início agudo, cefaleia, dores articulares, constipação nasal e inflamação de garganta e tosse. Em alguns casos pode haver vômito e diarreia, sintomas mais comuns em crianças.
Segundo os especialistas, o melhor a ser feito neste momento é as pessoas continuarem usando máscaras e evitando aglomerações. "Do ponto de vista biológico, não vale a pena orientar as pessoas a se revacinarem. Vale a pena usar máscara. são as mesmas recomendações para prevenir a covid", afirma a médica.
Em Santos, uma moradora do Rádio Clube, na Zona Noroeste, denunciou o surto na região, segundo ela, toda a família está gripada e três deles estão com sintomas graves da doença.
“Minha mãe estava na Unidade de Pronto Atendimento, foi transferida para o Hospital Beneficência Portuguesa em estado grave. Meu sobrinho de 10 anos em isolamento em casa. Ele não come e está com dores horríveis no corpo, minha cunhada internada na Unimed. Hoje fazem 2 dias que não saiu de casa para trabalhar e vizinhos já começaram a procurar hospitais com início de mal estar”, disse ela nas redes sociais.
Em nota enviada ao Portal Costa Norte, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que, as unidades municipais de saúde estão recebendo pacientes com sinais e sintomas de síndromes gripais e a testagem com antígeno está sendo oferecida para o diagnóstico diferencial em relação à covid-19.
Em dezembro (até esta quarta-feira, dia 15), as unidades de pronto-atendimento municipais registraram 3.291 atendimentos a pessoas com sintomas de síndromes gripais. Importante lembrar que Santos é cidade-polo e atende residentes de outros municípios.
“Importante salientar que, de acordo com o Ministério da Saúde, são considerados casos positivos de Influenza os que têm exames laboratoriais com laudo positivo para a doença. Em 2021, mais de 800 amostras foram enviadas com suspeita de Influenza ao Adolfo Lutz e nenhuma resultou em laudo positivo para gripe”, informou a SMS.
A secretaria destaca as medidas de proteção à covid-19 valem para influenza: usar máscaras, higienizar as mãos e evitar aglomerações. E a importância de a população se imunizar com a doença.
A vacinação contra a gripe em Santos será realizada nesta quinta-feira (16), das 8h às 16h, em quatro policlínicas: Campo Grande (Rua Carvalho de Mendonça, 607), Vila Mathias (rua Xavier Pinheiro, 284), Monte Serrat (Praça Correa de Melo, 11) e Castelo (rua Francisco de Barros Melo, 184).
Restam apenas 180 doses da campanha realizada no Município em 2021 e a expectativa é de que se esgotem já nas primeiras horas da manhã. Diante do aumento no atendimento aos casos de síndromes gripais nas unidades de saúde, Santos já solicitou ao Governo do Estado o envio de cinco mil doses de vacina contra a gripe. Porém, não há previsão de chegada dessa nova remessa.
O interessado deverá levar documento com foto, comprovante de residência em Santos e carteira de vacinação (se tiver).
Qualquer pessoa, a partir dos seis meses de vida, pode ser vacinada, exceto os alérgicos a ovo. Produzida pelo Instituto Butantan, a vacina contra a gripe protege dos vírus Influenza A H1N1, A H3N2 e B.
Vale salientar, no entanto, que as vacinas foram formuladas de acordo com as mutações desses vírus que mais circularam no hemisfério norte no final de 2020.
Já em São Vicente, moradores divulgaram imagens do pronto socorro do bairro Parque das Bandeiras com filas e segundo eles, todos com os sintomas dos pacientes eram de gripe. Três famílias confirmaram que toda a família ficou gripado e com sintomas fortes da doença.
“Na minha família está todo mundo assim, graças a Deus, estamos nos recuperando agora, mas nunca vi uma gripe igual essa não”, disse Veronica Vilimovic.
A prefeitura de São Vicente informou à reportagem, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), que a gripe comum não é uma doença de notificação compulsória, ou seja, não é realizada a contagem de casos pela Vigilância Epidemiológica.
“A Diretoria de Atenção Hospitalar de Urgência e Emergência (Dahue) de São Vicente vem notando um aumento no número de pacientes com queixas de gripe. Todas as três unidades de saúde 24 horas têm realizado atendimentos, prescrevendo medicamentos e salientando sobre a necessidade de seguir à risca os protocolos sanitários impostos pela pandemia, que também servem para prevenir a gripe”, disse a nota.
A Sesau esclarece ainda que as doses da vacina contra a gripe (influenza) disponíveis nos postos são para aplicações de rotina em gestantes e segunda dose para crianças de seis meses até dois anos.
Segundo a secretaria, a campanha de vacinação contra a gripe (Influenza) se encerrou dia 31 de agosto. Neste ano, foram vacinadas 82.678 pessoas, representando 22,44% da população. Em 2020, 40.832 munícipes foram imunizados contra a doença, sendo 11% dos vicentinos.
A prefeitura pede que a população redobre a atenção e permaneça seguindo os protocolos sanitários estabelecidos no enfrentamento à pandemia de covid-19, como o uso obrigatório de máscara, álcool em gel e distanciamento social.
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