Pandemia

“Meu familiar não morreu de Covid-19”; veja relatos

Depois da reportagem do Sistema Costa Norte de Comunicação, internautas enviaram relatos de mortes na família por outros motivos, mas que ficaram registradas nas estatísticas como Covid-19

Claudio Rodrigues
Publicado em 09/06/2020, às 12h53 - Atualizado em 23/08/2020, às 23h24

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Divulgação
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No dia 4 de junho, o Sistema Costa Norte de Comunicação trouxe uma reportagem de uma mulher, que relata ser irmã de uma vítima que morreu com suspeita de coronavírus, e gravou três áudios que circulam nas redes sociais afirmando que o irmão não morreu com suspeita da doença, segundo afirma a prefeitura de São Sebastião.

Depois da matéria, internautas enviaram relatos de mortes na família por outros motivos, segundo eles, mas que ficaram registradas nas estatísticas como covid-19.

Ao portal, uma outra mulher afirmou que aconteceu algo semelhante há dois meses. Sua mãe, que segundo ela teve um AVC há três anos e ficou com sequelas, passou mal no dia 31 de março com os mesmos sintomas da primeira complicação.

A mulher levou a mãe ao pronto-atendimento de Boiçucanga, na costa sul de São Sebastião, onde a paciente foi entubada e transferida para a região central em uma UTI móvel.

“Minha mãe teve duas paradas cardíacas. Mesmo assim falaram que ela estava viva só para transferir para o centro e diagnosticar e decretar a morte como coronavírus. Fui buscar o exame um mês depois e nada. Agora vou tentar de novo na secretaria. Quero o exame. Isso não vai trazer minha mãe de volta, mas é revoltante. A prefeitura se aproveita da perda das famílias para justificar gastos”, disse a mulher.

Em um outro relato, dessa vez de um homem, nas redes sociais, o seu irmão  teria morrido por problemas no coração (infarto), mas segundo ele a médica informou que o laudo da morte deveria ser por suspeita de covid-19 até sair o resultado do exame. “É uma palhaçada desse governo. Mas Deus está vendo tudo isso”, escreveu.

Entenda o caso

Uma mulher, que relata ser irmã de uma vítima que morreu com suspeita de coronavírus, gravou três áudios que circulam nas redes sociais afirmado que o irmão não morreu com suspeita da doença, segundo afirmado pela prefeitura de São Sebastião.

“Sabemos que o coronavírus é um vírus perigoso, uma coisa muito séria. Mas a estatística é falsa. Meu irmão morreu na segunda-feira. Ele tinha paralisia cerebral, foi diagnosticado com pneumonia aspirativa e teve uma infecção generalizada. Recebi uma ligação do hospital dizendo que meu irmão morreu com suspeita de covid-19, mas não é isso”, diz a mulher, que não se identifica no áudio.

De acordo com ela, seu irmão deu entrada na emergência no dia 30 de maio, onde foi feita uma tomografia e o médico descartou a possibilidade de coronavírus. No domingo, ainda segundo a irmã, a vítima deu entrada na UTI e horas depois foi encaminhada para a UTI respiratória. A morte ocorreu no dia 1º de junho. 

“Eu conversei com a médica e ela avaliou o quadro do meu irmão, descartando a possibilidade de coronavírus. Eu falei sobre a live do prefeito Felipe Augusto e ela [médica] ficou indignada. Fui com o atestado de óbito até a funerária, quando fui informada que não haveria velório. O caixão foi lacrado. Disseram que por ser suspeita de coronavírus não poderia haver velório. Não pude me despedir do meu irmão”, conta.

Ainda segundo a mulher, quando ela e o marido retornavam para a residência, em Juquehy, costa sul de São Sebastião, receberam uma ligação com a informação de que um médico a esperava para conversar.

“Ficamos em uma sala eu, meu marido e o médico, que se apresentou como responsável pela UTI. Ele [médico] disse que o atestado de óbito deveria ser alterado para a inserir a informação de que o meu irmão morreu com suspeita de coronavírus. Infelizmente estamos vivendo isso. São estatísticas falsas. O corpo e o caixão do meu irmão estavam lacrados. Não consegui dar um beijo nele. As famílias querem estar próximas em um momento como esse”, diz.

“Meu irmão foi transferido de Boiçucanga para o centro e não tive o direito de acompanhá-lo na ambulância. Absurdo. É muita sujeira. É o dinheiro acima de tudo. Quanto mais casos, mais dinheiro para prefeitura. É desumano”, concluiu.

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Outro lado

O Sistema Costa Norte de Comunicação procurou a prefeitura de São Sebastião para um posicionamento oficial, mas até o fechamento desta reportagem não obtivemos respostas.

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