CÂNCER

Má higiene íntima fez mais de 7 mil homens perderem o pênis nos últimos 15 anos

Alerta para a importância da higiene adequada: nos últimos 15 anos, mais de 7 mil brasileiros perderam o pênis devido à falta de cuidados

Da redação
Publicado em 19/06/2023, às 16h12 - Atualizado em 20/06/2023, às 09h49

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Flavia Pacheco
Flavia Pacheco

A má higiene íntima tem se mostrado uma das principais causas do câncer de pênis no Brasil. Mesmo sendo uma doença menos comum em comparação a outros tipos de câncer, o país está entre os recordistas mundiais em número de casos, principalmente em regiões com acesso precário à saúde e condições sanitárias desfavoráveis.

Os impactos físicos e psicológicos do câncer de pênis podem afetar  negativamente a qualidade de vida dos homens desde a juventude.

De acordo com um novo estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em colaboração com o Ministério da Saúde, os dados são alarmantes: nos últimos 15 anos, 7.790 brasileiros tiveram que amputar o órgão devido à doença, resultando em uma média anual de 486 casos de amputações penianas no país.

O câncer de pênis ocorre quando células defeituosas e cancerígenas não são eliminadas adequadamente pelo sistema imunológico, resultando em sua proliferação descontrolada.

Durante este processo, estas células podem invadir os tecidos saudáveis localmente, causando danos ao órgão, ou se espalhar pela corrente sanguínea ou pelo sistema linfático e dar origem à metástase.

O primeiro sintoma a ser observado é o surgimento de lesões cutâneas no pênis, como úlceras ou lesões verrucosas. Estas lesões têm características específicas, como crescimento rápido e que não melhoram com o uso de pomadas e medicamentos comumente utilizados pelos pacientes.

Existem alguns fatores de risco associados ao desenvolvimento desta doença, conforme ressalta o médico urologista Heleno Diegues Paes.

"A má higiene, a infecção pelo HPV e a presença do prepúcio, especialmente em casos de fimose, em que o indivíduo não consegue expor a glande, são os principais fatores de risco. É importante observar que essa doença é mais prevalente em países com menor desenvolvimento e condições sanitárias precárias. A prática de zoofilia também é um fator de risco", destaca o médico.

O diagnóstico do câncer de pênis é feito por biópsia de lesões suspeitas. Os tumores têm origem nas camadas mais superficiais da pele e a remoção é relativamente simples quando detectados em estágios iniciais. No entanto, quando o câncer invade estruturas mais profundas do pênis, o tratamento pode exigir a amputação parcial ou total do órgão.

Nos estágios iniciais da doença, o tratamento pode envolver a simples excisão ou destruição da lesão, por meio de técnicas como eletrocautério ou criocirurgia. Em casos mais avançados, a amputação parcial ou total do pênis pode ser necessária, assim como a remoção dos gânglios linfáticos das regiões inguinais e o uso de quimioterapia.

Como medida preventiva, o médico destaca que a educação é a melhor arma contra esta doença. "É fundamental orientar sobre a importância da higiene adequada, realizar a postectomia em casos de fimose grave, prevenir a contaminação pelo HPV por meio do uso de preservativos e vacinas. Além disso, é essencial buscar atendimento médico diante do surgimento de lesões persistentes no pênis".

Após a remoção do tumor, assim como em outros tipos de câncer, é necessário realizar exames regulares para detectar recidivas. As consultas médicas costumam ser mais frequentes no primeiro ano e vão se espaçando ao longo do tempo.

Embora seja menos comum, o câncer de pênis apresenta números surpreendentes em algumas regiões do Brasil. Segundo o estudo da SBU, o estado de São Paulo concentra as maiores incidências, justificadas pela densidade populacional, seguido pelas regiões Norte e Nordeste. O Maranhão, por exemplo, registra índices recordes de tumorespenianos, sendo que algumas cidades apresentam o maior número de casos no mundo.

O Dr. Heleno enfatiza que a cura é possível nos estágios iniciais da doença e destaca a importância de manter uma boa higiene como parte fundamental do processo. "Essa doença está diretamente relacionada à má higiene e ao acúmulo crônico de secreções na região coberta do pênis. Portanto, todos os meninos e homens devem ser capazes de expor amplamente a glande e remover as sujidades e secreções que se acumulam ao longo do dia. Além disso, é importante lavar o pênis após as relações sexuais".

O Dr. Heleno Diegues Paes possui vasta experiência e formação em diversas áreas da medicina. Atualmente, atua como médico assistente das subespecialidades de Uro-oncologia e Transplante Renal no Hospital Santa Marcelina, o maior hospital da Zona Leste de São Paulo. Além disso, ele é preceptor do internato e da residência médicos e professor na Faculdade de Medicina Santa Marcelina. Em Santos, ele exerce a medicina em seu consultório, dedicando todos os seus esforços e conhecimentos para cuidar de seus pacientes.

Em média, 486 casos de amputações penianas foram registrados entre 2007 e 2022 no SUS, de acordo com os dados obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) por meio do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), vinculado ao Ministério da Saúde. Este alerta reforça a importância de uma higiene adequada como forma de prevenção.

É importante ressaltar que, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer do Ministério da Saúde, o câncer de pênis foi responsável pela morte de 463 pessoas em 2020, o último ano com estatísticas disponíveis. Embora represente apenas 2 % de todos os cânceres que afetam o sexo masculino, estes números evidenciam a necessidade de conscientização e de ação em relação à higiene íntima e à prevenção do câncer de pênis.

Para prevenir o câncer de pênis, a Sociedade Brasileira de Urologia destaca quatro ações fundamentais: a limpeza adequada do pênis com água e sabão, puxando o prepúcio para higienizar a glande; a vacinação contra o HPV, disponível gratuitamente pelo SUS; a realização da postectomia, que consiste na retirada do prepúcio quando ele impede a higiene adequada e o uso de preservativos para evitar a contaminação por ISTs, como o HPV. Estas medidas simples podem fazer uma grande diferença na prevenção do câncer de pênis e na promoção da saúde íntima masculina.

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