Um Ministério com a cara de Dilma

Costa Norte
Publicado em 10/12/2011, às 05h58 - Atualizado em 23/08/2020, às 13h30

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Finalmente, Carlos Lupi saiu do comando do Ministério do Trabalho. Seu drama durou 28 dias em meio a lambanças, bravatas, mentiras e uma inconveniente jura romântica. Contudo, sem nenhuma explicação convicente para as maracutaias nos convênios com organizações não governamentais, destinados ao aparelhamento partidário (PDT) do Ministério, bem como sua condição de funcionário “fantasma” da Câmara dos Deputados, acumulando com assessoria da Câmara de Vereadores do RJ, onde permaneceu por 5 anos. Lupi atribuiu sua saída “à perseguição política e pessoal da mídia.” Ele foi o 6º ministro em menos de 1 ano de seu governo, que a presidente Dilma Rousseff demitiu por suposto envolvimento em atos de corrupção. Antes, foram Antônio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esportes). Foi também demitido Nelson Jobim (Defesa), mas por falar demais. O destaque nesta história é que todos esses ministros foram nomeados por Dilma por imposição do então presidente Lula, condição que ele adquiriu por ter sido o principal cabo eleitoral da presidenta eleita.

Reforma parcial A reforma ministerial será parcial e acontecerá depois de 10 de janeiro, quando Dilma retorna de um descanso numa praia do Nordeste. Ela está tendo pela frente uma equação bem complicada, porque pretende mexer com a ocupação de espaços pelos partidos governistas. E está propensa a reduzir o número de Ministérios. Chegou a conclusão de que é impossível administrar 38 Ministérios com 23.5 mil assessores de confiança, em sua maioria despreparados e nomeados por injunções político-partidárias. O futuro ministro, antes de ser empossado, passará pelo crivo de uma varredura sobre sua vida. Aquele candidato que tiver um indício mínimo de ficha suja será descartado. Os ministros terão de ter competência técnica na área que vão comandar e terem também uma história de conduta ética e moral impecável. O objetivo dela é melhorar a qualidade do processo de decisões e a eficiência da administração federal, e colocar um freio nas irregularidades na Esplanada dos Ministérios. Dilma pretende dar um sinal de austeridade no 2º ano de mandato. A presidenta não quer ver, daqui por diante, a repetição do que aconteceu no 1º ano de seu governo: perder muito tempo com os escândalos praticados por alguns de seus ministros. Os malfeitos deles marcaram seu 1º ano de governo como um dos mais corruptos da história do Brasil. O futuro Ministério será, portanto, mais moldado ao perfil e estilo da presidenta Dilma e terá a sua cara.

As mudanças Já se sabe que os ministros da área econômica continuarão. A equipe está bem entrosada com a presidenta e sob seu controle total. A demissão do deputado Mário Negromonte, do Ministério das Cidades, já está decidida. Além de não contar com o apoio da bancada do PP na Câmara, Negromonte tem sido alvo de denúncias de envolvimento em malfeitos ocorridos na sua pasta. Não é certa a permanência de PDT no comando do Ministério do Trabalho, tampouco o retorno do PT, que ocupou a pasta no 1º mandato do presidente Lula. Fala-se na possibilidade de uma fusão entre a Previdência e o Trabalho, com o novo Ministério sendo entregue a alguém independente e distante do PDT e PT. Dilma quer evitar uma disputa entre CUT e Força Sindical, hoje os dois movimentos mais poderosos do Brasil. Deverão ser substituídos os seguintes ministros: Fernando Haddad (Educação). Iriny Lopes (Secretaria das Mulheres), Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), e Ana de Holanda (Cultura). Os 3 primeiros saem porque vão disputar as eleições municipais. Os 2 últimos são citados frequentemente na lista de ministros com fraco desempenho e sem apoio partidário. É tida como certa a união num só Ministério das Secretarias de Direitos Humanos, Igualdade Social e Política para Mulheres. Fala-se também na possibilidade da extinção das Secretarias de Portos e da Pesca, com suas atividades retornando, respectivamente, aos Ministérios dos Transportes e Agricultura.

Destaques: Código Florestal – Na terça-feira (06) à noite, o Senado aprovou o texto básico do Código Florestal, por 59 votos a 7. Nem ambientes nem ruralistas ficaram satisfeitos com o aprovado. A matéria agora retorna à Câmara dos Deputados, com a expectativa de que será votada somente no próximo ano.

Lei da Copa – Por falta de tempo, dificilmente será votada este ano a Lei da Copa, para desespero da Fifa e CBF. Pelo relator, Vicente Cândido (PT-SP) será liberado a venda de álcool em estádios durante os jogos da Copa do Mundo e também em torneios nacionais. Plebiscito no Pará – Amanhã, dia 11, acontecerá no Pará o plebiscito que vai definir sobre a criação ou não dos Estados de Carajás e Tapajós. Pesquisas deste final semana revelam que os paraenses rejeitarão a divisão de seu Estado.

Sem brilho – Sem a pompa dos últimos anos, o DEM realizou terça (06), aqui em Brasília, sua Convenção Nacional. O senador Agripino Maia (RN) foi confirmado no comando do partido até as eleições de 2014. O DEM vai agora levantar sua real situação em todo o país depois de sofrer diversas perdas com a criação do PSD. Só na Câmara, a sigla perdeu 19 deputados.

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