Parlamentar teria feito contrato de R$36 mil, que seria pago em três parcelas, mas acabou virando R$ 60 mil com o pagamento de duas parcelas extras sem nenhuma justificativa ou aditivo
A deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP) teria pago R$ 60 mil com dinheiro público para contratação de um serviço de coaching pessoal durante seu primeiro mandato como deputada federal. As informações são da RecordTV que divulgou os dados do portal da transparência da Câmara dos Deputados.
No cabeçalho do contrato é informado que o serviço não passa de uma prestação de serviços de consultoria, trabalhos técnicos e pesquisas socioeconômicas, mas fica claro nas páginas seguintes que, na realidade, o serviço prestado era de coaching pessoal para a deputada.
De acordo com o Portal da Transparência, Joice Hasselman tinha a disposição do seu mandato 20 das 25 vagas para secretários parlamentares que dispunha para auxiliá-la no mandato. Além disto, o contrato apresenta uma suspeita de irregularidade, já que apesar de serem previstos três pagamentos de R$12 mil pelo serviço, foram feitos cinco pagamentos, sem um aditivo ao contrato de serviços inicial.
Inicialmente seriam feitos pagamentos entre dezembro e fevereiro de 2021, período de prestação do serviço, mas ainda foram pagos R$ 12 mil para a empresa contratada nos meses de março e abril de 2021. As despesas foram aceitas e pagas pela Câmara do Deputados.
Em entrevista a RecordTV, a gerente de projetos da Transparência Brasil, Marina Atoji explica que “Não é um gasto ilegal, pois de acordo com a prestação de contas foi destinado a auxiliar a deputada a definir suas prioridades de atuação parlamentar”.
Entretanto, “é um gasto questionável considerando que ela tem à disposição mais de R$ 111 mil por mês para contratar até 25 secretários parlamentares - e ao menos um deles poderia muito bem ajudá-la nessa área, e de forma contínua”, explica Atoji, que integra entidade que atua na promoção da transparência e controle social do poder público.
Para Atoji, a despesa é “aceitável dentro das regras estabelecidas pela Câmara para a comprovação das despesas, mas péssima para a prestação de contas à sociedade”.
Questionada pela emissora dos bispos, a deputada Joice Hasselmann informou, por meio de sua assessoria, que:
“O contrato ‘Barcelos Fernandes Consultores Associados e Participações LTDA’ prestou serviços de consultoria e trabalhos técnicos com a finalidade de subsidiar o mandato parlamentar através de estudos em áreas como educação, saúde, segurança pública, dentre outros. Tais estudos, como se verifica no relatório, subsidiaram a atuação da parlamentar no Congresso e estão em estrita observância ao que determina o Ato da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados n° 43/2009”, exclareceu.
Ex-aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL), a parlamentar perdeu mais de um milhão de votos em quatro anos e não conseguiu se reeleger a deputada federal. Em 2018, a jornalista teve 1.078.666 votos, se tornando a mulher com a maior votação para o cargo na história do país; agora foram 13.679 votos conquistados.
Hasselmann e Bolsonaro romperam relações e um passou a atacar o outro publicamente ainda em 2019. O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PL), também entrou na briga e passou a associá-la à imagem do desenho animado Peppa Pig, nas redes sociais.
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