LGBTT

Intolerância roubou a cena na Câmara Municipal

Exibição de vídeo do pastor Silas Malafaia causou protestos da plateia no Legislativo de Bertioga

Estela Craveiro
Publicado em 24/05/2018, às 12h01 - Atualizado em 23/08/2020, às 16h51

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Vereadora Valéria Bento apresenta projeto de lei criando o Conselho Municipal LGBTT - Estela Craveiro/JCN
Vereadora Valéria Bento apresenta projeto de lei criando o Conselho Municipal LGBTT - Estela Craveiro/JCN

A sessão do Legislativo de Bertioga na noite da terça-feira, 22, começou com a vereadora Valéria Bento (MDB) apresentando um projeto de lei que institui o Conselho Municipal de Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais, em sintonia com a tendência mundial de tolerância à opinião alheia sobre qualquer assunto e à diversidade, inclusive sexual. A parlamentar já havia apresentado esse projeto na gestão passada. Aprovado pelos vereadores, em 2014, ele foi vetado pelo prefeito Mauro Orlandini. E a Câmara Municipal não derrubou o veto. Ney Lyra (PSDB), o presidente da casa, reforçou a importância da proposta e a encaminhou para análise das comissões, em processo normal de tramitação.

Em sentido contrário, logo depois, os participantes da sessão viveriam momentos de intolerância, quando o vereador  Dr. Arnaldo (PV) apresentou seus trabalhos. Depois de fazer indicações para a instalação de placas de orientação pedindo respeito nas faixas de pedestres, e a instalação de lixeiras nas ciclovias da cidade, ele começou a exibir um vídeo do pastor Silas Malafaia dizendo, agressivamente, que, após ver a esquerda destruir a economia do país, por meio das gestões do PT, agora quer ver se os partidos de esquerda terão coragem de destruir a família, por aceitarem o casamento gay, o aborto e a ideologia de gêneros, citando PT, PSOL, Rede, PCB e PV.

Imagem acervo site

Não era difícil imaginar que o vereador iria se posicionar contra tais ideias. Mas não foi o que parte da plateia entendeu, manifestando-se contra o Dr. Arnaldo, como se ele estivesse a apoiar o que dizia o pastor. Diante dos protestos, Ney Lyra pediu que a exibição do vídeo fosse suspensa, e o ambiente foi tomado por certo mal-estar. Tranquilo, como sempre, Dr. Arnaldo explicou que o que ele estava propondo era uma moção de repúdio: “O objetivo não é fazer apologia, mas criticar a forma como esse pastor ataca a liberdade de religião, de ideias e de gênero. Discriminação é crime”.

Ao se dar conta do equívoco, Ney Lyra desdobrou-se em desculpas: “Perdi o rebolado...”. A moção do Dr. Arnaldo, que também se desculpou pela agressividade do vídeo, acabou subscrita pelos vereadores Luís Henrique Capellini (PSD), Carlos Ticianelli (PSDB), Matheus Rodrigues (DEM), Biró (PTB), pelo próprio Ney Lyra e, claro, Valéria Bento. “É necessário termos ciência das formas como somos atingidos pela ameaça da intolerância”, concluiu o vereador do PV.

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