Dr. Arnaldo quer brigar pela educação e saúde em Brasília

Cumprindo seu primeiro mandato como vereador em Bertioga, o médico Arnaldo de Oliveira Jr. é pré-candidato a deputado federal pelo Partido Verde (PV). Até agora, é o único da legenda na Baixada Santista. O PV, que realizará sua convenção até 5 de agosto, o prazo final, planeja ter na região apenas mais uma candidata.

Na Câmara Municipal, Dr. Arnaldo, como é conhecido, se destaca pela postura discreta, mas firme em intervenções para questionar o encaminhamento de questões tangentes à qualidade de vida e direitos dos cidadãos. E também chama a atenção por seu discurso holístico, marcado por referências à sabedoria oriental. É, como se diz nos bastidores, um vereador zen.

Médico especializado em ortopedia, cumprindo a legislação eleitoral, ele deixou de atender no Centro de Especialidades Médicas (Ceme) de Bertioga, onde continuou trabalhando como funcionário concursado, mesmo depois de eleito vereador, mas permanece em ação em instituições particulares.

Tranquilo, Dr. Arnaldo, não sabe ainda de quantos votos precisa para se eleger, mas tem muito claras as áreas em que pretende atuar, caso se eleja. Confira suas ideias em entrevista concedida ao Costa Norte.

Por que resolveu entrar na vida pública como vereador? Não é suficiente apenas reconhecer os problemas e falar mal de políticos. É necessário propor soluções e incentivar a eficiência da máquina pública.

Por que se candidatar a deputado federal? As propostas que temos observado são restritas a uma parte da população. Entendo que há necessidade de promover o bem comum, principalmente na área da educação e da saúde. O índice de analfabetos funcionais é insuficiente para uma mudança na política nacional.  Vejo a educação como assunto de segurança nacional. Na saúde, observo um custo muito elevado com o funcionalismo público. Já foi revelado que a terceirização para os procedimentos de alta complexidade sai pela metade do valor do serviço público. Sou favorável à manutenção do serviço público para prevenção, mas não para os serviços de alta complexidade.

Então pretende em torno dessas questões? Principalmente. Mas tem mais uma questão importante: sou contra a pena de morte. Principalmente porque os filhos dos ricos não estarão nas listas dos apenados. E esta é uma questão ligada ao candidato mais cheio de intenções de votos para a presidência da República. Ele vai colocar o filho dele na lista se verificarem que o patrimônio dele é incompatível? Não se consegue esconder que o poder judiciário no Brasil não é livre. Se fosse, estaria muito bem.  Se houvesse pena de morte para juízes que erram, pronto. As instituições no Brasil não são idôneas o suficiente para falar de abroto e de pena de morte.

Qual sua posição sobre o aborto? Sou contra, embora países desenvolvidos tenham apoiado o aborto e chegado, 18 anos depois, a uma diminuição de crimes violentos.

O que poderá fazer por Bertioga em Brasília? Uma das primeiras preocupações é com a duplicação da rodovia Rio-Santos no trecho entre os trevos da Mogi-Bertioga e do Guarujá, porque é a segunda causa de mortalidade da cidade no verão. A segunda atitude seria trabalhar por um consórcio intermunicipal de saúde e a terceira, por um consórcio intermunicipal de educação. E também quero propor um aprimoramento logístico, com a criação de um pré-porto próximo do anel rodoviário, para que os caminhoneiros não desperdicem tempo e coloquem suas vidas em risco. Em vez de descer direto para o porto, eles aguardariam lá o momento em que realmente é possível descarregar suas cargas, para então se dirigir ao porto.

Como funcionaria o consórcio intermunicipal para educação? Os municípios de Cubatão e Guarujá já têm cursos técnicos, e nós podemos trazer as aulas básicas desses cursos, para economizar no transporte desses alunos, trazendo os professores para dar aula em Bertioga uma vez por semana. Como está hoje, o sistema de educação é inútil. Os jovens terminam o segundo grau sem estarem capacitados para nada. Aí o que sobra de trabalho? Lavar banheiro e carregar pedra. Será que alguém não gostaria fazer alguma coisa mais? No momento, a escola técnica é mais importante do que a faculdade. A princípio, o consórcio para educação seria com escolas técnicas. É muito mais fácil trazer um puxadinho da escola técnica do Guarujá ou de Cubatão do que conseguir trazer uma escola técnica para uma população pequena. Pode ser cansativo, mas seria uma pessoa só que deslocando, e assim a gente consegue fazer alguma coisa.

 E o consórcio intermunicipal de saúde?  Cada município dá o que tem. Então, nesse momento, não tem investimento, uma mão lava a outra. Compartilhar soluções é multiplicar soluções. Vamos otimizar o serviço que já temos e, em um segundo momento, requisitar o Ame, que é  Ambulatório Médico de Especialidades, da competência do estado. Se eu junto as populações de Bertioga, Guarujá e Cubatão, ganho o direito de requerer, pois uma cidade peque não tem esse direito. A ideia é que o gasto com ambulatório vai diminuir e o valor economizado poderá ser remanejado para a área de emergência.

Poderá  colaborar com a cidade por meio das emendas parlamentares?Totalmente. Nossa preocupação é que pacientes com indicação cirúrgica aguardam às vezes entre 30 dias e mais de 120 dias por uma operação em hospitais de outras cidades.  A quantidade de recursos poderá tornar viável a sustentabilidade do serviço de saúde porque a preocupação em terceirizar a área de alta complexidade a torna mais barata do que construir novos prédios e criar uma estrutura de funcionários. A ideia da gente é buscar soluções de curto prazo.