Classes política e intelectual fomentam ideias para o progresso do campo político
Com o objetivo de discutir e formar um grupo político capaz de fazer oposição ao governo petista, bem como retornar ao poder nas próximas eleições, o MBL (Movimento Brasil Livre) realizou o congresso online e gratuito “O Renascimento da Direita”.
A apresentação do evento foi dividido em cinco painéis. No primeiro, “O MBL e o PT em 23: oposição, projeto e partido”, o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) disse que, para começar, o MBL precisa ter identidade e legenda para sobreviver ao xadrez político.
“Nós vamos trabalhar nisso porque falta para o MBL obter uma legenda. Aliás, já temos o propósito, os candidatos e a militância qualificada”, disse Kataguiri. Além disso, foram apresentadas ideias sobre como recriar um campo político que não seja apenas inteligente, mas também popular e capaz de enfrentar a esquerda.
O segundo painel, “Entre Fake News e Adesismo: é possível uma imprensa livre?”, tratou sobre a comunicação de massa e o debate público. O jornalista Paulo Mathias, apresentador do Morning Show, reforçou que ainda há uma indefinição em relação ao conteúdo político de direita no Brasil. “Estamos em uma situação de completa falência do conceito de direita. Esse conceito foi misturado com o bolsonarismo e, do ponto de vista político, é um desastre. A oposição vai precisar ser reconstruída”.
De acordo com o professor e filósofo Paulo Cruz, é preciso definir primeiro um conteúdo efetivo que a direita deseja transmitir, embora o país esteja polarizado.“A grande dificuldade é fazer uma comunicação construtiva ou reconstruir um pensamento de direita aceitável no Brasil”.
Conforme destacou o analista político Alexandre Borges, ainda há um grande obstáculo entre a elite e analistas políticos de compreenderem como o brasileiro mais pobre pensa politicamente. “Essa classe tenta olhar a política pela ótica da direita ou esquerda que aprenderam na faculdade, mas não tem nada a ver com o modo que o motorista de ônibus e a empregada doméstica votam. Precisamos entender o povo brasileiro”.
O terceiro panorama do congresso, “Resgatando a Comunicação: de direita e do bolsonarismo”, foi debatido sobre como resgatar a imagem política, sobretudo combater o discurso oportunista que não condiz com as atitudes do espectro ideológico.
“Precisamos trazer aqueles que não concordam plenamente com o nosso discurso. Além disso, é preciso parar com as ofensas e alinhar as nossas divergências”, disse Marcelo Brigadeiro, campeão mundial de luta livre.
O deputado estadual Guto Zacarias (União-SP) lembrou que a comunicação da direita precisa ser popular. “A comunicação política precisa abordar, de alguma maneira, o que a população discute, não somente os assuntos do trending topics do Twitter. Esse é um ponto que refletia sobre a direita no Brasil”.
O quarto painel, “A Institucionalidade Brasileira: em xeque?”, os deputados federais Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e Mendonça Filho (União-PE) discutiram sobre o primeiro mês de governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, por último, relembraram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o quadro de crise política e econômica no Brasil.
No último painel do dia, “Arrancando a oposição das ruínas", Danilo Gentili refletiu que a política no Brasil é populista, patrimonialista e está presente no espectro ideológico de direita e esquerda.
O painelista Cristiano Beraldo comentou que a política se transformou em algo superficial para grande parte da população. “Devemos lembrar que estamos em um nível de superficialidade, que obviamente retrata esse número gigantesco de analfabetismo funcional oriundo do governo do PT, que ampliou o acesso à educação superior, mas essa indústria educacional não prezou pela qualidade. Na política, a ignorância não é resultado, é estratégia”.
Sobre atalhos para se obter virtudes na política, o Dr. Maurício Bunazar apontou que a atual classe política escolhe as pautas genéricas para não precisar enfrentar o problema concreto. “São atalhos dos dois lados. Acredito que a saída para isso é a busca de consensos objetivos que visem sanar os problemas reais do Brasil”.
Por último, Danilo Gentili explicou que para o desenvolvimento do país é necessário federalizar e dividir os poderes e a liberdade. “Só tem poder quem está na elite política, seja ela legislativa, jurídica ou executiva. Quem está nessas três elites, manda”.
Durante o congresso, Kataguiri explicou que o MBL está montando o livro Amarelo que fomenta teses de projeto político. O livro contém informações sobre economia, meio ambiente, educação e saúde, por exemplo, para que a população tenha acesso à informação.
“Estamos reunindo grupos de trabalho, especialistas que estudam países em desenvolvimento que estiveram em condições piores que o Brasil, para a gente qualificar essa tese”, explicou o deputado.
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