COLUNA Cláudio Coletti -“Tolerância zero” de álcool no trânsito

Costa Norte
Publicado em 06/04/2012, às 05h36 - Atualizado em 23/08/2020, às 13h38

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O jornalista exerce a função de assessoria de imprensa no Congresso Nacional, em Brasília (DF). E-mail:[email protected]

A Câmara dos Deputados decidiu agilizar a votação de uma lei de “tolerância zero” de álcool para os condutores de veículos. É uma reação à decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de aliviar de processo criminal os motoristas com suspeita de embriaguez que simplesmente se recusarem a fazer o teste do bafômetro e o exame de sangue. O projeto de lei que será votado pelos deputados foi aprovado o ano passado pelo Senado, e hoje tramita pelas comissões da Câmara. Ele endurece as regras da lei seca atualmente em vigor. Torna crime dirigir sob efeito de qualquer nível de concentração de álcool. A prova contra motoristas que se recusarem a soprar o bafômetro poderá ser feita por testemunhas, imagens ou vídeo, ou por outro meio que indique a embriaguez. As penas contra os infratores serão de 06 a 12 anos, em caso de lesão corporal, ou de 08 a 16 anos, no caso de morte. O deputado Edinho Araújo (PMDB/SP), relator do projeto na Comissão de Viação e Transportes, declarou que, no seu entendimento, deve ser ampliado o rigor da lei em vigor para punir com mais severidade os motoristas que dirigem alcoolizados. “A sociedade entende que hoje há impunidade. Motorista embriagado provoca morte e não vai para a cadeia. Isso tem que mudar rapidamente”, destacou Edinho Araújo.

Demóstenes, um engodo O senador goiano Demóstenes Torres (DEM) mostrou ser realmente um grande enganador, um embusteiro. No Senado, se apresentava como o arauto da moral e dos bons costumes. Qualquer ação de homem público cheirando maracutaia aparecia ele para condenar e empurrá-lo para a sarjeta. Com isto, ganhou pontos com a mídia em geral e, por consequência, com a sociedade brasileira. Era visto e festejado como o grande defensor da ética e moralidade na vida política. Chegou, inclusive, de ser citado com um dos prováveis candidatos à presidência da República, em 2014. Mas o seu caráter tinha um outro lado. Por baixo do pano, na calada da noite, Demóstenes tinha um comportamento bem adverso do “bom-moço”. Mantinha relações promíscuas com um dos maiores contraventores deste país, o Carlinhos Cachoeira, hoje preso em cadeia de segurança máxima, no Rio Grande do Norte. Investigações da Polícia Federal, com o auxílio de mais de 300 ligações telefônicas, fizeram cair o mundo de mentiras que chegou a fascinar um bom número de pessoas. Em troca de muito dinheiro (milhões para cima), ele exercia a função de lobista das ações delituosas do bicheiro Cachoeira. E é acusado de ser sócio de Cachoeira na exploração de jogos ilegais em Goiás. Demóstenes está totalmente isolado no Congresso Nacional, vagueando pelos corredores como um verdadeiro zumbi. Seus próprios colegas do DEM, perplexos, o pressionaram para renunciar ao mandato de senador ou então, o expulsariam da legenda. Ele optou por pedir desligamento do partido. O seu desafio agora será enfrentar o processo, por quebra de decoro, no Conselho de Ética do Senado. Na Câmara também ganhou corpo a demanda pela instalação da CPI para investigar as relações entre o contraventor Carlinhos Cachoeira e deputados e senadores, que teve seu requerimento apresentado pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB/SP). São citados como beneficiários do esquema criminoso do bicheiro os deputados goianos Jovair Arantes (PTB), Alberto Lereia (PSDB), Stepan Nercessian (PPS-RJ), Rubens Otoni (PT) e Sandes Junior (PP). E, assim, são colocadas por terra, mais uma vez, as esperanças de todos aqueles que ainda acreditam num país melhor, mais sério, com políticos mais honestos.

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