GAMES NA CHINA

Governo chinês proíbe personagens gays em jogos eletrônicos

Em memorando, o governo chinês afirma que os videogames não são mais “puro entretenimento” e devem destacar “um conjunto correto de valores”

Matheus Alves
Publicado em 07/10/2021, às 09h28 - Atualizado às 15h41

FacebookTwitterWhatsApp
Chinês jogando videogame - Reprodução/Internet
Chinês jogando videogame - Reprodução/Internet

Em mais uma decisão controversa, o governo chinês emitiu um memorando proibindo a implementação de personagens gays em jogos eletrônicos. Não somente homossexuais, mas também personagens masculinos que se vestem ou se comportam como mulher. No artigo, publicado no site South China Morning Post, o governo da China afirma que: “Se os reguladores não puderem dizer o gênero do personagem imediatamente, os personagens podem ser considerados problemáticos e bandeiras vermelhas serão levantadas”.

Faça parte do nosso grupo no WhatsApp ➤ http://bit.ly/CNnoticiasdolitoral2E receba matérias exclusivas. Fique bem informado! 📲

Mas, este não é o único ponto que revoltou a comunidade LGBT e gamer. As novas medidas adotadas pelo país autoproclamado comunista vão muito mais além.

Mudanças na regularização de jogos eletrônicos na China

Como citado, essa matéria tem base no artigo publicado no dia 29 de setembro de 2021 no portal South China Morning Post, e assinado publicamente por Josh Ye.

Recentemente, o governo comunista da China vem adotando medidas mais rígidas quando o assunto são jogos eletrônicos. A China está impondo ainda mais regras para “regularizar” os games, segundo o ponto de vista moral comunista.

De acordo com um memorando encaminhado para uso de treinamento interno da associação estatal de jogos da China, a revisão regulatória do conteúdo de jogos está ainda mais rígida e as empresas de games terão que seguir uma longa lista de ordens, caso queiram que seus jogos sejam publicados em território chinês.

Ainda no memorando, a associação estatal de jogos relembra que, segundo o ponto de vista do governo da China, os videogames não são mais um “puro entretenimento” apolítico, mas uma nova forma de arte que deve destacar “um conjunto correto de valores”, além, de uma compreensão “correta” e precisa da história e cultura da China.

No artigo do South China Morning Post é citado que, por exemplo, jogos com a temática pós-apocalíptica fictício, com cenários em que o jogador é encorajado a matar, podem não ser aceitos pela associação reguladora. Ou seja, jogos como The Last of Us Parte 2 ou Metro Exodus podem ser visto com maus olhares pelo governo da China.

Mas não para por aí. No memorando consta que: “Alguns jogos turvaram os limites morais. Os jogadores podem escolher ser bons ou maus...mas não achamos que os jogos devam dar aos jogadores essa escolha... e isso deve ser alterado”. Essa nova postura pode impactar profundamente a indústria de games no território chinês, limitando ainda mais o consumo de jogos eletrônicos.

Ao interpretarmos esta afirmação, logo deduzimos: jogos que dão liberdade moral aos jogadores, como a franquia Mass Effect, poderão ser proibidos na China, se assim a associação estatal de jogos desejar.

Chinês jogando videogame (Reprodução/Internet)

Por fim, chegamos no assunto que mais gerou discussão na internet, a proibição de personagens homossexuais nos videogames.

No documento consta que: “Se os reguladores não puderem dizer o gênero do personagem imediatamente, os personagens podem ser considerados problemáticos e bandeiras vermelhas serão levantadas”. Ou seja, personagens deverão ter seu gênero definido a partir de agora. Mas não para por ai. Relacionamentos com personagens do mesmo sexo também serão vistos como transgressores.

O campo histórico também será vigiado pelo governo chinês. Jogos que alterarem acontecimentos importantes poderão ser proibidos. No artigo é destacado como exemplo a distorção das conquistas de bárbaros e mudanças nas histórias dos nazistas e do império japonês.

Games que fornecem a opção do jogador modificar a história ao seu bel-prazer provavelmente “soarão o alarme” do governo chinês. No artigo do South China Morning Post é exemplificado, mais uma vez, o Japão e a Alemanha nazista.

A religião também não escapa do olhar censurador do governo comunista da China. O uso de crucifixos, por exemplo, deve ser aplicado com “cautela” nos jogos.

Efeitos desta nova “visão do governo chinês”

Esse novo conjunto de regras impostas pelo governo chinês limita ainda mais o consumo de jogos eletrônicos para a população da China, e demonstra o quão autoritário um governo comunista pode ser.

A população chinesa pode não ter a oportunidade de experienciar games que mudaram a indústria, ou que ainda mudarão.

A longo prazo estas censuras poderão resultar em uma visão distorcida da realidade, moldada pelo governo ditatorial da China. Além de reprimir artistas e os induzirem a não abordar determinados assuntos que possam gerar descontentamento do governo chinês.

Será esse o fim da liberdade criativa dos jogos eletrônicos na China?

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!