RESPEITO MÁXIMO

Trabalhadoras domésticas: por que não valorizamos quem cuida do lar?

Pesquisa encomendada por Veja® ouviu profissionais de todo o País e constatou que 87% das entrevistadas sentem orgulho da profissão que exercem, mas desejam mudar de emprego

Da redação
Publicado em 15/12/2021, às 16h25 - Atualizado às 22h29

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Trabalhadoras domésticas: por que não valorizamos quem cuida do lar? - Reprodução Parafuso
Trabalhadoras domésticas: por que não valorizamos quem cuida do lar? - Reprodução Parafuso

Racismo, assédio sexual e agressões verbais. Crimes previstos na legislação brasileira e que constituem, obviamente, em atitudes inaceitáveis para a grande maioria dos brasileiros.

No entanto, situações como essas podem ser consideradas parte da rotina de trabalho de uma trabalhadora doméstica brasileira. É o que diz a pesquisa encomendada por Veja®, marca da Reckitt Hygiene Comercial com mais de 50 anos de tradição, com o objetivo de entender os principais desafios da categoria.

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De acordo com Fernando Gama, Head de Marketing de Veja®, "a iniciativa de realizar um estudo sobre a o perfil da trabalhadora doméstica no Brasil dialoga com o propósito da marca de dar visibilidade ao problema social enfrentado por elas e contribuir com a conscientização da sociedade sobre a importância e desafios da categoria".

O levantamento foi realizado pelo Plano CDE, empresa de pesquisa e avaliação de impacto especializada nas famílias CDE no Brasil, que contou com a participação de 522 trabalhadoras domésticas de todo o território nacional, entre os meses de julho e agosto deste ano.

Apesar dos desafios, a pesquisa mostrou que 87% das entrevistadas sentem orgulho da profissão. Contudo, 85% das trabalhadoras disseram que desejam trocar de ofício caso tenham a oportunidade, além de 78% relatarem que não gostariam que as filhas seguissem o mesmo caminho.

Desgaste emocional versus independência financeira

O paradoxo entre o orgulho e o desejo de mudar de carreira se deve ao fato de que 90% das entrevistadas se sentem independentes financeiramente por garantirem o sustento das famílias de uma forma honesta, porém também se sentem sobrecarregadas e pouco valorizadas.

Entre os principais motivos para o desejo de uma mudança de carreira estão: ter um trabalho que permita uma rotina mais tranquila (38%); trabalhar com algo que sempre sonharam (32%); trabalhar com algo que pague um melhor salário (27%); e ter mais reconhecimento do valor como profissional (23%).

"Eu faço tudo, até cozinhar, sem registro, arrumo, lavo, passo. Sem registro não tem parte boa não; [...], podia ter pelo menos o registro né. Foi o que apareceu! Tenho cursos, estudo. Melhor estar lá sem registro do que tá sem trabalho", desabafou uma mensalista informal de 44 anos, residente da cidade de São Paulo.

Outra profissional relatou que sonha com a contratação formalizada. "Eu sei dos meus direitos, 13º, férias. Eu gostaria que ele assinasse a minha carteira, só que eles não têm como", finaliza. Por outro lado, algumas profissionais não veem a formalização do trabalho com bons olhos, principalmente aquelas que desejam mudar de profissão, uma vez que acreditam que isso irá manchar a carteira de trabalho e dificultar, ainda mais, uma recolocação.

Para Lívia Berrocal, gerente de propósito da Reckitt Hygiene Comercial, por mais que os direitos estejam garantidos legalmente pela Lei Complementar 150, a PEC das Domésticas, de 2015, estas profissionais enfrentam a dura realidade dentro de residências de famílias que não garantem direitos essenciais.

"É obrigação legal para todos os empregadores que contratem formalmente a profissional que trabalha na mesma casa por mais de duas vezes na semana. Foi uma caminhada de mais de 80 anos para que existisse uma lei para a trabalhadora doméstica e precisamos, como sociedade, fazer valer" destaca.

"O intuito da pesquisa foi dar voz a estas profissionais que garantem a limpeza e a higiene de casa e estabelecimentos comerciais. A pesquisa tem extrema importância não só para a marca, mas para a sociedade. Nós sabemos que ainda existe um longo caminho de muita luta, mas poder trabalhar com este propósito junto a uma marca que é líder de mercado em limpeza é muito gratificante. Nosso desejo é chamar a atenção para os desafios dessas profissionais e, consequentemente, fazer com que suas relações trabalhistas sejam, de fato, justas", complementa.

Pesquisa Qualitativa

Além da pesquisa quantitativa, em todo o território nacional, o levantamento contou com uma etapa qualitativa, realizada de forma imersiva, tanto em relação ao tema quanto à vida das trabalhadoras, com a participação de 18 profissionais das cidades de São Paulo (SP) e Recife (PE).

Já na pesquisa qualitativa, foi possível identificar depoimentos de trabalhadoras em relação ao tratamento em que elas são submetidas em seus empregos.

"A Constituição pode mudar 10 vezes, mas o respeito depende da pessoa", contou uma mensalista informal de Recife, que é casada e tem 43 anos. Para outra profissional também de 43 anos de idade, residente da mesma cidade, "trabalhar em casa de família é assim, umas são boas, outras não", desabafa.

De acordo com Lívia Berrocal, o levantamento também é relevante para mostrar outros abusos que são cometidos pelos contratantes. "A pesquisa nos deu um panorama de situações humilhantes, como testes de confiança com câmeras escondidas espalhadas pela casa ou até mesmo crimes de injúria racial e assédio sexual", lamenta.

Perfil da trabalhadora doméstica no Brasil

A pesquisa realizada por Veja® também possibilitou a identificação do perfil desta profissional no País.

De acordo com o levantamento, 69% das diaristas e 58% das mensalistas são negras, sendo que 41% entre as diaristas e 39% das mensalistas, afirmaram que não completaram o Ensino Médio. Ainda, mais da metade das trabalhadoras tem outra pessoa na família exercendo a profissão, conforme apontaram 53% das diaristas e 55% das mensalistas.

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