Por Marina Aguiar
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) tem até o dia 23 de agosto para substituir a candidatura de Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo na cidade de Santos, na manhã de quarta-feira, 13. A determinação é doTribunal Superior Eleitoral (TSE), por meio do presidente ministro Dias Tofolli. Ele explicou que “a lei eleitoral prevê, em tais hipóteses, a possibilidade de substituição, em dez dias, da candidatura”. A decisão sobre a substituição em caso de falecimento do candidato é especificado no segundo parágrafo do artigo 61: “A substituição poderá ser requerida até 20 dias antes do pleito, exceto no caso de falecimento, quando poderá ser solicitada mesmo após esse prazo, observado em qualquer hipótese o prazo previsto no parágrafo anterior”. O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, assumiu a presidência do partido e informou em nota, que o partido não irá se pronunciar sobre a substituição de Campos. A condução do processo político-eleitoral só será discutida após o enterro do candidato, o que deve acontecer na próxima semana devido ao processo de liberação do corpo, encaminhado, junto com as outras seis vítimas, para o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo. Marina Silva (PSB), um forte nome para a substituição de Campos, ainda não se manifestou sobre o assunto, e disse que prefere falar após o enterro de Eduardo Campos. Candidata à Presidência da República em 2010, a acreana conquistou 20 milhões de votos, na ocasião. Durante sua passagem por Santos, cidade na qual ocorreu a tragédia, Marina Silva demonstrou profunda tristeza pela morte do companheiro. “Durante esses dez meses de convivência, aprendi a respeitá-lo, admirá-lo e a confiar nas suas atitudes e nos seus ideais de vida. Eduardo estava empenhado com esses ideais até os últimos segundos de sua vida." Um dos principais nomes para assumir a candidatura de vice-presidente é o do deputado federal Roberto Freire (PPS). Também de Pernambuco, o deputado esteve em Santos no dia do acidente e lamentou a morte do amigo. “Perda para o Brasil. Importante lembrar os bons momentos. Ele era um jovem que, junto com a gente, lutava pela ideia de que o Brasil podia ser bem melhor do que é”, declarou Freire. Silvio Magalhães, secretário de Organização do PSB-Bertioga, participou de um encontro com integrantes do PSB do litoral paulista no dia 14. Magalhães ressaltou que Freire afirmou estar trabalhando para sua candidatura à reeleição como deputado federal: “Ele disse que a afirmação da candidatura ainda é muito precoce, isso vai ser muito bem estudado”. Magalhães aguardava o candidato à Presidência em Guarujá para um ato político momentos antes do acidente. “Chegamos a ver o avião passando; imaginamos que iria pousar tranquilamente. Foi muito triste quando soubemos da morte de Eduardo”.
O acidente Eduardo Campos vinha do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, para dois eventos em Guarujá (um ato político no distrito de Vicente de Carvalho e o Santos Export, no Jequitimar, na praia de Pernambuco) na manhã de quarta-feira, 13. Sua aeronave, modelo Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, pousaria na Base Aérea de Santos, localizada em Guarujá, mas caiu em uma área residencial, no bairro Boqueirão, em Santos. Os cinco passageiros e dois tripulantes da aeronave morreram no acidente. O político estava com sua equipe de campanha: o assessor direto Pedro Valadares, o assessor de imprensa Carlos Augusto Percol, o cinegrafista Marcelo Lira e o fotógrafo Alexandre Severo, além dos pilotos Marcos Martins e Geraldo Cunha. A aeronave caiu na rua Vahia de Abreu, esquina com a rua Alexandre Herculano, e atingiu cerca de 13 casas. Na manhã de sexta-feira, 15, oito delas foram liberadas. Dona Julia Nagamine, 71 anos, tinha saído de casa 20 minutos antes do acidente, deixando a mãe de 90 anos e a irmã na principal casa atingida. “Eu tinha saído para fazer alongamento; quando soube do acidente, liguei para um parente e confirmei que elas estavam bem”, afirmou. A aposentada levou um susto ao entrar na casa que, por fora, não sofreu danos. “Por dentro estava tudo destruído. Alguma coisa atingiu as costas da minha irmã e a arranhou, mas ela está bem”, contou Julia. O seu sobrinho Sergio Ferreira Shiroma estava na casa ao lado com a namorada quando ouviu o barulho. “Eu achei que o prédio ao lado tinha caído. Fiquei preocupado com minha avó”, contou o técnico de instrumentação. De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros de Santos e Região, Roberto Lago, o piloto chegou a desviar de dois prédios. “O piloto foi um herói ao desviar das casas que têm aqui; ele conseguiu atingir um local desabitado”. Além das casas de Julia e Sergio, as demais casas tiveram os telhados danificados e vidros quebrados. De acordo com a prefeitura de Santos, a Secretaria de Infraestrutura e Edificações (Siedi) notificará os proprietários dos imóveis vetados para providenciarem a vistoria de um profissional da área, caso não tenham seguradora contratada. De posse desse documento, será possível pedir o ressarcimento dos danos causados junto à seguradora da empresa aérea. A busca pelos fragmentos de corpos e destroços da aeronave foi encerrada na tarde de quinta-feira, 14. A investigação está sendo feita pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e correrá sob sigilo até mesmo do Ministério Público e da Polícia Federal. O gravador de voz (caixa-preta) da aeronave foi encontrado na madrugada de quinta-feira, 14, e levado pela Cenipa. De acordo com nota da Força Aérea Brasileira (FAB), os dados já foram extraídos e analisados por quatro técnicos. As duas horas de áudio, capacidade máxima de gravação do equipamento, não correspondem ao voo da aeronave em que estava Eduardo Campos. De acordo com a FAB, “não é possível determinar a data dos diálogos registrados no equipamento, tendo em vista que esse tipo de equipamento não registra essa informação. As razões pelas quais o áudio obtido não corresponde ao voo serão apuradas durante o processo de investigação”. As causas que provocaram o acidente estão sendo analisadas por investigadores da Aeronáutica. Poucos minutos antes do acidente, o piloto do avião entrou em contato com o controle de voo, confirmando que iria fazer o que estava previsto na carta de pouso. A carta indicava um segundo plano de pouso, caso o piloto não conseguisse na primeira tentativa. De acordo com a Aeronáutica, o piloto, que nunca havia pousado em Guarujá, não enxergou a pista e, por isso, arremeteu (tentou pousar, mas decidiu subir de novo para outra tentativa). O que não se sabe é o que aconteceu durante a arremetida. Uma falha mecânica é uma das principais suspeitas. Em junho, o mesmo avião teve falhas técnicas e não pôde fazer uma viagem programada. Aves e drones são outras possibilidades aventadas. Na, na quinta-feira, 14, a Aeronáutica confirmou ter emitido um aviso aos pilotos que, entre os dias 11 e 31 de agosto, haveria exercícios com drones na região. Mas, por meio de nota, afirmou que no momento do acidente não havia nenhum tipo de equipamento voando num raio de 20 quilômetros do aeroporto.
Comentários