PAULO GUEDES

Guedes diz que democracia no Brasil nunca esteve tão forte

Nos EUA, ministro defende direito a manifestações pacificas

Kelly Oliveira/Agência Brasil
Publicado em 26/11/2019, às 17h02 - Atualizado em 23/08/2020, às 20h57

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Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O processo de transformação do Estado brasileiro é difícil e doloroso, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, hoje, 26, em conferência no Peterson Institute for International Economics, em Washington.

Guedes ressaltou que essa transformação ocorre em meio a uma democracia vibrante. “Estamos transformando o estado brasileiro. É um trabalho doloroso, é duro”, disse. Ele acrescentou que muito do que se ouve sobre o Brasil é ruído e deve ser ignorado. “O que vocês ouvem fora é que há uma bagunça. Não prestem atenção nisso. [O Brasil] é uma democracia vibrante, com poderes independentes”, ressaltou, acrescendo que no país a democracia nunca foi tão forte como atualmente.

O ministro também afirmou que não há escândalos de corrupção no país e acrescentou que o Brasil não vai queimar florestas ilegalmente e que respeita o acordo de Paris.

Ontem, ao responder sobre convulsões políticas na América Latina, Guedes disse que considera inconcebível um novo AI-5 no Brasil, mas as pessoas não devem se assustar se alguém pedir um AI-5 caso haja radicalização no Brasil.

Hoje, ele defendeu o direito da população de se manifestar pacificamente, “sem quebrar a rua toda”. “A democracia é barulhenta. Nós respeitamos e valorizamos isso. Não temos problemas com manifestações públicas”, disse. Guedes enfatizou ainda que é preciso respeitar quem foi eleito e que a disputa pelo poder deve se dar nas eleições.

Durante a conferência em Washington, Guedes defendeu as medidas econômicas que estão sendo adotadas pelo governo, como a reforma da Previdência, considerada emergencial, o ajuste fiscal, a descentralização das receitas públicas com maior distribuição entre estados e municípios, privatizações, e as reformas administrativa e tributária.

Repercussões

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, disse na manhã desta terça-feira que o "AI-5 é incompatível com a democracia". No período da tarde, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia criticou a declaração do ministro. Para ele, a afirmação gera uma insegurança na sociedade, principalmente nos investidores.

"Porque usar dessa forma, mesmo que sendo para explicar o radicalismo do outro lado, não faz sentido”, questionou. Para Maia, é necessário cautela com argumentações que defendam atos autoritários. "Tem que tomar cuidado, porque você está usando um argumento do ponto de vista do discurso e como não faz sentido, acaba gerando insegurança em todos nós sobre qual o intuito de utilização de forma recorrente dessa palavra", ressaltou.

Sobre o AI-5

Publicado dia 13 de dezembro de 1968, durante o governo de Costa e Silva, o AI-5 é considerado o mais duro dos atos do período militar (1964-1985). O dispositivo autorizava o presidente da República a decretar o recesso do Congresso Nacional, das assembleias legislativas e das câmaras de vereadores, cassar mandatos de parlamentares e suspender direitos políticos dos cidadãos.

Após a publicação do ato, o presidente Costa e Silva fechou o Congresso Nacional por tempo indeterminado. Segundo registro da Câmara dos Deputados, o Congresso só voltou a funcionar dez meses depois. A justificativa era assegurar a ordem e a tranquilidade no país.

*colaborou Felipe Pontes e Heloisa Cristaldo

*matéria atualizada às 18h30 para acréscimo de informação​

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