Ministério de Minas e Energia diz que tem conduzido análises sobre a pertinência ou não da adoção do horário, que provoca reações de amor e ódio
Esther Zancan
Publicado em 24/08/2023, às 14h18
Depois de quatro anos sem horário de verão no Brasil, a aproximação do mês de outubro e um novo governo federal fazem ecoar uma pergunta pelo país: o polêmico horário vai ou não voltar?
Desde 1985 até 2018, o horário de verão aconteceu todos os anos no Brasil. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro anunciou que não haveria mais o horário de verão, para alegria de muitos, mas tristeza de outros tantos.
O assunto horário de verão sempre avivou sentimentos dignos de um “Fla X Flu” na população. Parece que não há meio termo quando o assunto é esse: ou se ama o horário, ou se odeia com todas as forças.
Quem é fã costuma argumentar que, além da economia de energia, que é o motivo de ser da medida, o horário de verão proporciona umas horinhas de sol depois do expediente de trabalho, o que convida ao lazer. Já quem odeia argumenta que, além da economia de energia ser pífia, a mudança cobra um preço caro do relógio biológico e atrapalha quem tem que acordar muito cedo para pegar no batente.
O Portal Costa Norte entrou em contato com o Ministério de Minas e Energia para saber se já há alguma posição do governo federal sobre a volta ou não do horário de verão. O ministério informou que, do ponto de vista técnico, a pasta tem conduzido análises sobre a pertinência ou não da adoção do horário de verão.
A nota diz que “com o relevante crescimento da micro e minigeração distribuída, percebeu-se um retorno do período de ponta para a noite, que tenderia a se reduzir com a adoção da política”.
Micro e minigeração de energia é quando o consumidor gera a sua própria energia elétrica, por meio de fontes renováveis, como placas fotovoltaicas, mas não deixa de estar ligado à rede de distribuição de energia, podendo inclusive enviar o excedente de energia produzido para a rede.
A nota do ministério segue: “Outros efeitos precisam ser considerados, como aumento de consumo em determinados horários do dia e as condições energéticas do Sistema Interligado Nacional”. Resumindo, ainda não se chegou a uma definição sobre o assunto.
Para entender melhor: o principal objetivo do horário de verão é aproveitar da melhor forma a luz natural. Adiantando o relógio em uma hora na época de maior incidência solar em boa parte do país, se reduz a concentração de consumo no horário chamado de pico, entre 18h e 21h. Só que mudanças nos hábitos dos consumidores brasileiros ao longo dos anos, reduziram a economia conseguida com o horário de verão. Esse foi o motivo dado pelo governo para acabar com o horário de verão em 2019.
Um estudo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) realizado em 2022 também apontou que a implantação do horário de verão no ano passado não era recomendada, por não trazer benefícios para a operação do sistema elétrico nacional. Porém, a nota do Ministério de Minas e Energia dá a entender que novas mudanças de hábitos dos consumidores brasileiros podem estar levando o horário de pico de uso da energia mais uma vez para a noite.
Logo após sua eleição em segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou sua conta no Twitter para fazer uma enquete sobre o horário de verão. Lula perguntou a seus seguidores: “O que vocês acham da volta do horário de verão?".
A enquete informal aconteceu entre os dias 7 e 8 de novembro de 2022. De um total de 2,3 milhões de pessoas que votaram, 66,2% se disseram favoráveis à volta do horário de verão. Já 33,8% foram contra. E você? De que lado fica nesta disputa?
Esther Zancan
Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.
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