DESIGUALDADE RACIAL

Brancos ganham quase o dobro que pretos e pardos

Estudo do IBGE mostra cenário de desigualdade entre populações branca, preta e parda

Da redação
Publicado em 11/11/2022, às 13h24 - Atualizado às 14h12

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Fila de desempregados na região central de São Paulo capa - Brancos ganham quase o dobro que pretos e pardos - Imagem: Reprodução / Istoé
Fila de desempregados na região central de São Paulo capa - Brancos ganham quase o dobro que pretos e pardos - Imagem: Reprodução / Istoé

Em 2021, brancos ganharam 75% a mais que pretos e 70% a mais que pardos. É o que mostra o estudo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil” divulgado nesta sexta (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em moeda corrente, o rendimento mensal médio dos trabalhadores brancos foi de R$3.099 ante R$1.764 da população preta e R$1.814 dos pardos. Quando a medição são os ganhos por hora, o cenário também é desigual: brancos receberam em média R$ 19 por hora trabalhada, quase 74% a mais que os R$ 10,90 recebidos por pretos e 68% a mais que os 11,30 recebidos por pardos.   

Os dados foram calculados com base nas estatísticas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2021, também produzida pelo IBGE.  “As desigualdades sociais por cor ou raça seguem evidentes no mercado de trabalho”, apontou o Instituto. “A desocupação, a subutilização e a informalidade continuam atingindo mais pretos e pardos do que os brancos”.

Em sua segunda edição, o estudo também aponta que brancos são menos afetados pelo desemprego que pretos e pardos. Em 2021, a taxa de subutilização, que abrange desempregados e subocupados, era de 22,5% entre os brancos, enquanto era de 32,0% entre os pretos e 33,4% entre os pardos.

Já entre os empregados, apesar de mais da metade (53,8%) dos trabalhadores do país serem pretos ou pardos, esses dois grupos ocupavam apenas 29,5% dos cargos gerenciais, enquanto os brancos ocupavam 69,0% deles.

O IBGE também calculou que a proporção de pessoas vivendo na linha da pobreza no país em 2021 era de 18,6% entre os brancos. O número é quase a metade do verificado entre os pretos (34,5%) e entre os pardos (38,4%).

Pessoas coletando restos de alimento no Mercado Municipal de São Paulo capa - Baixada Santista tem o equivalente a cinco Bertiogas vivendo na miséria (Imagem: Reprodução / Danilo Verpa / Folhapress)

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O estudo também mostra que brancos são menos vitimados pela violência. Um dos levantamentos, baseado em dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, revela que de cada 100 pessoas que sofreram violência física, psicológica ou sexual, 20 eram pretas, 19 pardas e 16 brancas. “A violência atinge mais as mulheres (19,4%), em especial as mulheres pretas (21,3%)”, aponta o IBGE.

A taxa de homicídios entre pardos é o triplo da registrada entre brancos. Com base em dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o estudo aponta que o número de homicídios no país cresceu 9,6% entre 2019 e 2020.

Em 2020, foram 49,9 mil homicídios, ou 23,6 mortes por 100 mil habitantes. Neste universo, entre as pessoas pardas, a taxa foi de 34,1 mortes por 100 mil habitantes, o triplo da observada entre os brancos (11,5 mil mortes por 100 mil habitantes). Entre as pessoas pretas, a taxa foi de 21,9.

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