Urutau: curiosidades sobre a ave que imita a árvore

A ave urutau-comum de nome científico Nyctibius griseus está presente em lendas e artigos científicos que tentam desvendar seus mistérios e contar suas histórias. O nome Urutau vem da língua tupi e significa “ave fantasma”.

Esta denominação pode estar associada não somente ao canto que pode se assemelhar a um lamento, mas também à grande capacidade do animal de camuflar-se, ou seja, esconder-se nas árvores em que pousa.

Onde é encontrado o urutau?

Possuindo cerca de 40 cm de comprimento, o Urutau possui ampla disseminação e está presente em todos os biomas do Brasil, sendo mais facilmente encontrado nas bordas das matas e nos campos.

Sua distribuição se estende para além do país chegando a diversos outros países da América do Sul como Uruguai, Argentina, Costa Rica e Bolívia.

Além de possuir uma plumagem discreta que se confunde facilmente com as cores das árvores, esta espécie possui como estratégia de sobrevivência o hábito de ficar imóvel com o bico apontado para cima, o que possibilita que o mesmo possa se esconder de possíveis predadores se camuflando com as árvores e capture alimento mais facilmente.

O urutau se alimenta de insetos como besouros e mariposas e possui hábitos noturnos. Ave muito associada ao folclore da América Do Sul, esta possui um canto específico e de fácil reconhecimento por ornitólogos do mundo todo. Além do nome urutau, a espécie possui diversos nomes populares como: mãe-da-lua, uruvati e urutágua.

Qual a lenda do urutau?

Dentre as lendas mais conhecidas, a boliviana está presente em artigos científicos e sites sobre aves. Ela conta a história de amor entre jovens indígenas.

“Conta uma famosa lenda boliviana, que na densa mata habitava a bela filha do cacique de certa tribo, enamorada por um jovem guerreiro da mesma tribo, a quem amava profundamente. Amava e era amada. Ao saber do romance, o pai da menina, enfurecido pelo ciúmes, usou suas artes mágicas e tomou a decisão de acabar com o namoro da maneira mais trágica: matar o pretendente. Ao sentir o desaparecimento de seu amado, a jovem índia entrou na selva para procurá-lo. Enorme foi sua surpresa ao perceber o terrível fato. Em estado de choque, voltou para casa e ameaçou contar tudo à comunidade. O velho pai, furioso, a transformou em uma ave noturna para que ninguém soubesse do acontecido. Porém, a voz da menina passou à ave. Por isso, durante as noites, ela sempre chora a morte de seu amado com um canto triste e melancólico”, afirma um artigo da Wiki Aves.

Fique bem informado, faça parte do nosso grupo no WhatsApp ➥ https://bit.ly/matériasexclusivasemtemporeal 📲

Outra curiosa característica do animal é que mesmo de olhos fechados este consegue observar o alimento. A fim de ficar imóvel e passar despercebido, os olhos do animal que aparentemente estão sempre fechados, possuem duas fendas nas pálpebras superiores que permitem a visão, o que possibilita a caça e até mesmo a fuga caso necessária.

Além dos peculiares hábitos de vida, quanto a reprodução o urutau coloca apenas um ovo nos troncos ocos das árvores e galhos. O ovo pode chocar-se após cerca de 30 dias e o filhote permanece no ninho em torno de 7 semanas. Lá o indivíduo adulto alimenta seu filhote com pequenos insetos e protege o mesmo contra predadores como cobras, gaviões e corujas.

Apesar de estar listado como “pouco preocupante” com relação a ameaça de extinção a espécie sofre com perda de habitat sendo encontrada cada vez mais em regiões urbanas onde pode aproveitar a presença da iluminação artificial de lâmpadas e postes para se alimentar dos insetos que são atraídos para o local, porém, fica mais suscetível a ataques de animais domésticos e dos seres humanos.

O que um filhote de urutau come?

Como outras aves noturnas, a importância ecológica do urutau está relacionada ao controle biológico. Ao se alimentarem de insetos estas controlam o número de populações presentes nos locais além disso, a espécie faz parte da cadeia alimentar, equilibrando os ecossistemas como um todo.

A ave possui lendas que podem estar ligadas muitas vezes a más superstições. Porém, quanto mais trabalhos de educação ambiental, de pesquisa e de conscientização da população acerca da importância e hábitos curiosos deste animal, mais a espécie poderá ser valorizada e respeitada. Assim, a ave poderá continuar a existir e poderemos continuar contando suas misteriosas histórias.

Por Camila Issagawa, bióloga especializada em biologia marinha e gerenciamento costeiro pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e colaboradora do Portal Costa Norte.