Reabilitação contou com fases gradativas, até que a tartaruga-cabeçuda pudesse ser devolvida ao mar na área da ilha Montão de Trigo
Uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), encontrada completamente debilitada em outubro do ano passado, em Itanhaém, passou por mais de três meses de tratamento, para que pudesse ser devolvida ao mar. A soltura ocorreu nas proximidades da ilha Montão de Trigo, em São Sebastião, na terça-feira (31). A espécie é tida como vulnerável, na classificação de ameaça de extinção.
O Instituto Gremar, responsável pela reabilitação, explica que o exame realizado na ocasião do resgate, indicou que apesar de ativa e alerta, estava com o escore corporal magro, exoftalmia bilateral (protrusão dos globos oculares) e algas aderidas à carapaça. Também foi detectada uma fratura cicatrizada na carapaça e outra na região da mandíbula, além de pequenos papilomas (tumores benignos).
O animal permaneceu no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos do Instituto Gremar, em Guarujá. Inicialmente, ele foi mantido em um tanque de dois mil litros, com nível baixo e, com a evolução clínica, aumentou-se gradativamente o nível da água, até que pudesse ser feita a transferência para um de maior volume. Quando transferido a um tanque de 40 mil litros, ele já se alimentava espontaneamente de sardinhas e crustáceos.
A evolução no estado clínico e os resultados das avaliações e exames complementares apontou que a tartaruga-cabeçuda estava apta à soltura, pouco mais de três meses após o início da reabilitação. A soltura ocorreu nas proximidades da ilha Montão de Trigo e foi registrada pelo fotógrafo e documentarista Rafael Mesquita.
Informações do Projeto Tamar, que atua pela preservação das tartarugas, indicam que a espécie é tida como vulnerável, na classificação de ameaça de extinção. Além disso, a estimativa das tartarugas marinhas como um todo, é de que, a cada mil filhotes, apenas um ou dois cheguem à idade adulta.
São classificadas como ameaças à vida destes animais as redes de pesca, anzóis, o desenvolvimento costeiro e degradação das áreas de desova, a poluição dos oceanos e as mudanças climáticas.
A ação integra o Projeto de Monitoramento de Praias - Bacia de Santos (PMP-BS), atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
O projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. É realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Gremar monitora o Trecho 9, compreendido entre São Vicente e Bertioga.
Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, basta entrar em contato pelos telefones 0800 642 3341 ou (13) 99711 4120. Mais informações podem ser obtidas em www.comunicabaciadesantos.com.br.