Gestação do felino, também conhecida como suçuarana, ocorre a cada dois anos e tem uma duração que varia entre 80 e 100 dias
Da redação
Publicado em 11/07/2023, às 15h14 - Atualizado em 12/07/2023, às 08h56
No Parque das Neblinas, reserva ambiental localizada entre as cidades de Mogi das Cruzes e Bertioga, em São Paulo, a presença de animais nativos da Mata Atlântica é registrada com frequência, entretanto uma onça-parda (Puma-concolor) ostentando uma barriga de prenha alegrou os especialistas do Instituto Ecofuturo.
Capturadas por câmeras remotamente ativadas e equipadas com sensor de movimento ou sensor infravermelho, as imagens foram feitas em junho e mostram o animal prenhe caminhando calmamente pela floresta.
A gestação da onça-parda, também conhecida como suçuarana, foi confirmada esta semana e, segundo o Instituto Ecofuturo, ela ocorre a cada dois anos e tem uma duração que varia entre 80 e 100 dias. Embora possa gerar até seis filhotes, é mais comum que a ninhada seja composta por apenas dois.
Este mamífero, que ocupa a segunda posição entre os maiores felinos das Américas, está classificado como Vulnerável (VU), que na escala de risco de extinção é o mais grave. Sua população tem sido drasticamente reduzida devido à caça ilegal, destruição do habitat e ocupação humana desordenada.
Paulo Groke, diretor do Instituto Ecofuturo e responsável pela gestão do parque em parceria com a cidade de Suzano e universidades, destaca a importância de proteger a biodiversidade e apoiar pesquisas para conservar as espécies.
“A onça-parda precisa de um amplo território para habitar, por isso, essa diversidade de registros é um indicativo de que a espécie encontra no parque um ambiente adequado para sua circulação e reprodução. Proteger a biodiversidade e contribuir para sua conservação são objetivos do Ecofuturo que atua em parceria com a Suzano e com universidades para fortalecer o monitoramento, a identificação de espécies na reserva e apoiar o desenvolvimento de pesquisas”, afirma o diretor.
Com uma extensão de 7 mil hectares de Mata Atlântica, o Parque das Neblinas abriga diferentes estágios de regeneração e desempenha um papel fundamental na conservação da biodiversidade e dos ecossistemas.
Além das onças-pardas, outras espécies também foram flagradas, como o gambá-de-orelha-preta, o gato-mourisco, a anta e até morcegos. A instalação e o manuseio destes equipamentos de vigilância são feitos pela equipe de guardas do parque do Instituto Ecofuturo, responsável pela proteção do Parque das Neblinas.
Rodrigo Nobre, Mastozoólogo Especialista em Médios e Grandes Mamíferos Silvestres, ressalta a relevância dos processos reprodutivos observados na onça-parda do Parque das Neblinas, especialmente para predadores de topo de cadeia trófica. Foi ele quem confirmou a prenhez da onça e parabeniza o trabalho realizado no parque.
"Encontrar indivíduos que demonstrem que os processos reprodutivos estão funcionando na localidade, especialmente para predadores de topo de cadeia trófica, reforça a indicação de que o habitat supre com recursos fundamentais alguns indivíduos da espécie, que é bastante exigente em área para sobreviver. O Parque das Neblinas tem cumprido seu papel de minimizar os impactos antrópicos e compor de forma relevante um dos maiores maciços de Mata Atlântica remanescente. Parabéns pelo trabalho, que salienta o potencial de conciliação do uso público cauteloso com a conservação da biodiversidade" declara o especialista.
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