VIDA MARINHA

Mobulas ameaçadas de extinção interagem com peixes no litoral de SP

Imagens das mobulas foram registradas pelo fotógrafo Rafael Mesquita, a cerca de 3km da costa, próximo à praia de Camburi, em São Sebastião

Lenildo Silva
Publicado em 23/05/2024, às 12h01 - Atualizado às 14h05

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Exemplares estão classificados como ameaçados de extinção desde novembro de 2018 - Reprodução/Instagram Rafael Mesquita
Exemplares estão classificados como ameaçados de extinção desde novembro de 2018 - Reprodução/Instagram Rafael Mesquita

Duas mobulas (Mobula mobular) foram registradas no mar de São Sebastião, no litoral de São Paulo, interagindo com um cardume de peixes, perto da superfície e a cerca de 3km da costa. As imagens foram registradas pelo fotógrafo Rafael Mesquita, 38 anos, na altura da praia de Camburi e compartilhadas na segunda-feira (20). Os exemplares estão classificados como ameaçados de extinção, desde novembro de 2018, e foram flagrados pelo que o fotógrafo afirma ser um caso raro em nossa região.

"Mais um vídeo de uma das semanas mais movimentadas que eu já vi no mar de São Sebastião. Juntamente com as jubartes juvenis, aquele cardume enorme de raias ticonha e o majestoso tubarão-baleia, encontrei algumas mobulas nadando tranquilamente perto da superfície", relatou Rafael em suas redes sociais.

Rafael cita o cardume de raias, quando mergulhava ao lado de uma baleia-jubarte, fato registrado no início deste mês, e um tubarão-baleia próximo à praia de Boiçucanga, também publicado pelo fotógrafo dias depois.

Em entrevista à reportagem, na quarta-feira (22), o fotógrafo da vida marinha explicou que as mobulas, embora parentes das raias-manta, não são tão comuns na literatura científica sobre a fauna marinha do litoral de São Paulo. Ele destacou a importância de documentar esses avistamentos, considerando que as mobulas estão ameaçadas de extinção e são frequentemente vítimas da pesca industrial e de atropelamentos por embarcações.

"Essas mobulas que filmei são filtradoras, alimentando-se de plâncton e pequenos peixes na coluna d'água. É difícil determinar se sua presença é comum na região devido à escassez de estudos específicos. No entanto, cada registro contribui para a ciência e a conservação", afirmou Rafael.

Questionado sobre o motivo de esses animais serem vistos tão próximos da costa, ele diz que tal comportamento pode se  relacionar à busca por alimento ou a atividades reprodutivas. “Não temos uma resposta exata, pois ainda há muito a ser estudado sobre seus padrões de comportamento e migração no litoral brasileiro", disse Rafael.

Para o fotógrafo, as imagens estão longe de apenas decorar as redes sociais; ele acredita que a prática da ciência cidadã, na qual pessoas comuns contribuem com a pesquisa científica, tem sido uma ferramenta valiosa para a conservação da vida marinha. "Cada imagem, cada vídeo, cada registro, conta uma história e ajuda a construir o conhecimento científico sobre essas espécies. A ciência cidadã é uma forma poderosa de envolver mais pessoas na conservação e na produção acadêmica", concluiu.

O fotógrafo, que se autodenomina 'cientista cidadão', e dedica-se voluntariamente a projetos de pesquisa há vários anos, falou à reportagem enquanto estava no mar em uma nova expedição, próximo ao arquipélago de Ilhabela. Durante a expedição de ontem (22), ele contou que teve a sorte de ter encontrado outros animais marinhos. “Dei muita sorte, aqui em Ilhabela. A gente encontrou três jubartes, um tubarão-baleia, uma raia-manta e uma tartaruga-oliva, que é uma espécie difícil de avistar”, comentou.

Lenildo Silva

Lenildo Silva

Cursa jornalismo na Faculdade Estácio

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