PERIGO

Linhas de pipa atingem 68 aves no 1º semestre de 2023

Período de férias amplia riscos às aves por conta de ferimentos provocados por linhas de pipas; Cetras São Paulo atendeu 68 aves de 23 espécies no primeiro semestre de 2023

Da redação
Publicado em 09/07/2023, às 13h23

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68 aves de 23 espécies diferentes foram vitimas de linhas de pipa Linhas de Pipa - Divulgação Cetras
68 aves de 23 espécies diferentes foram vitimas de linhas de pipa Linhas de Pipa - Divulgação Cetras

O período de férias escolares traz consigo uma atividade recreativa bastante popular: empinar pipas. No entanto, essa prática, que diverte adultos e crianças, representa um perigo crescente para as aves.

O uso de linhas mais resistentes, conhecidas como "chilenas", e a aplicação de cerol, uma mistura de pó de vidro com cola para aumentar o poder de corte das linhas, têm agravado significativamente o nível de ameaça às aves.

De acordo com os dados do Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres de São Paulo (Cetras) divulgados neste domingo (9), mostram que no primeiro semestre deste ano, recebeu um total de 68 aves de 23 espécies diferentes, todos eles com lesões causadas por linhas de pipa, tanto com cerol quanto sem.

Entre as espécies afetadas estão a corujinha-do-mato (Megascops choliba), a marreca-ananaí (Amazonetta brasiliensis), o gavião-peneira (Elanus leucurus) e o pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus).

Contrariando o senso comum, os ferimentos não ocorrem durante o ato de empinar a pipa, mas sim quando pedaços de linhas ficam enroscados em árvores, casas, prédios e outras estruturas.

Os acidentes podem acontecer em duas situações: durante o voo ou pouso próximo aos locais onde as linhas ficam presas ou quando elas são utilizadas como material para a construção de ninhos.

Por ser um material resistente à degradação, a presença dessas linhas representa um risco constante para qualquer espécie de ave, especialmente as aves de rapina e outras adaptadas ao ambiente urbano.

"A grande preocupação é que muitos animais chegam ao óbito após permanecerem feridos por longos períodos no topo das árvores", explica Lilian Sayuri Fitorra, coordenadora do Cetras São Paulo, citando o caso de um carcará (Caracara plancus) encontrado já sem vida.

Com a crescente adaptação das espécies ao ambiente urbano, o uso das linhas de pipa como material para a construção de ninhos se tornou uma realidade e um problema adicional.

"Isso ocorre principalmente com as maracanãs (Psittacara leucophtalmus) e com o periquito-rico (Brotogeris tirica). Essas aves substituíram os materiais naturais por linhas para forrar seus ninhos", explica Sayuri. "Durante o desenvolvimento dos filhotes, à medida que eles crescem, podem ocorrer enroscamentos das patas nas linhas, resultando em lesões graves ou até mesmo na amputação completa", acrescenta.

Os tratamentos para os casos de lesões causadas por linhas de pipa são complexos e exigem muita dedicação por parte dos técnicos do Cetras. "As intervenções podem variar desde a correção e implante de penas até analgesia, imobilização, pequenas cirurgias e até mesmo amputações", detalha a coordenadora. 

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