Biólogo do litoral de SP registrou o momento exato no qual a lagarta imita uma cobra, para se proteger de predadores; caso foi registrado no Guarujá
Em uma expedição pela Mata Atlântica, na região do Guarujá, no litoral de São Paulo, o biólogo Ed Ventura encontrou uma rara lagarta, com a capacidade de ‘se transformar’ em uma cobra jararaca (Bothrops jararaca). Essa habilidade, conhecida como mimetismo, é utilizada por alguns animais, para despistar predadores e garantir sua sobrevivência.
Ventura contou, nesta segunda-feira (8), que estava acompanhado pelo amigo e biólogo Carlos Campos e que foi a primeira vez que encontrou a espécie; já o amigo avistou uma dessas há cerca de 15 anos, em Minas Gerais.
O biólogo, de 50 anos, é especialista em consultoria e pesquisas de fauna, com ênfase em felinos selvagens, e faz mestrado em morcegos existentes na região da Jureia-Itatins, em Peruíbe, pelo Instituto Bioventura. Ele conta que a 'lagarta-jararaca' é um animal que pertence à espécie de mariposas do gênero Hemeroplanes sp, de difícil localização.
Demorou, mas encontramos a lagarta que ‘se transforma’ em serpente para enganar seus predadores. É um animal muito difícil de encontrar e eu já tinha até desistido de encontrá-lo em vida, só o conhecia por livros e documentários. Foi uma grande emoção observá-lo em seu habitat natural. Eu não estudo especificamente essa espécie, mas queria encontrar pela curiosidade e observar, por ser pouco avistada em seu ambiente natural”, explica.
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, o biólogo flagrou o momento exato no qual a lagarta faz o mimetismo e fica semelhante a uma cobra. No vídeo, é possível ver que, ao sentir a presença humana, ela altera seu corpo, assumindo a forma que assemelha a uma cobra, principalmente, imitando a cabeça de uma jararaca. "É incrível como ela reproduz os traços característicos da serpente, como a cabeça triangular, os olhos e até mesmo as narinas e as fossetas loreais", descreve Ventura.
Além disso, a lagarta utiliza uma tática engenhosa para confundir seus predadores. "Ela exibe protuberâncias que simulam falsos pés, enquanto suas verdadeiras pernas e cabeça permanecem ocultas. Essa estratégia é fundamental para sua sobrevivência", explica o biólogo. Ao perceber a presença de um predador, ela ergue a parte frontal do corpo, erguendo a cabeça e inflando o pescoço, imitando o momento em que as serpentes se preparam para dar o bote.
Além disso, a lagarta vira de barriga para cima, expondo a parte escura do ventre, que se assemelha às marcas da cobra. Depois da fase de lagarta, o biólogo conta que ela se transforma em uma mariposa e completa seu ciclo natural. Apesar de simular o formato de uma das serpentes mais venenosas do Brasil, Ventura afirma que a lagarta não é venenosa.
Ver essa foto no Instagram
Lenildo Silva
Cursa jornalismo na Faculdade Estácio