PICADA PERIGOSA

Lacraia: predador peçonhento está presente em todos os continentes

Lacraia, apesar de possuir substâncias perigosas para os seres humanos, pode nos ajudar na guerra contra as baratas

Camila Issagawa
Publicado em 29/03/2022, às 11h35 - Atualizado em 26/04/2022, às 15h25

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Apresentando registros fósseis de aproximadamente 420 milhões de anos, as lacraias ou centopéias ocupam todos os continentes do planeta exceto a Antártica porém se distribuem fortemente nas regiões tropicais. Lacraia Lacraia preta - Reprodução/worldbirds
Apresentando registros fósseis de aproximadamente 420 milhões de anos, as lacraias ou centopéias ocupam todos os continentes do planeta exceto a Antártica porém se distribuem fortemente nas regiões tropicais. Lacraia Lacraia preta - Reprodução/worldbirds

Apresentando registros fósseis de aproximadamente 420 milhões de anos, as lacraias ou centopéias ocupam todos os continentes do planeta exceto a Antártica porém se distribuem fortemente nas regiões tropicais. Animais solitários e em sua maioria noturnos, alimentam-se de insetos e pequenos animais e costumam ser temidos por suas peçonhas.

Lacraias são venenosas?

Segundo o artigo científico realizado pela Universidade de São Paulo que estudou acidentes de lacraias na região urbana da cidade, as Scolopendra (grupo de quilópodes ou centopéias) possuem substâncias potencialmente perigosas para seres humanos. 

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Como estratégia de caça e defesa, lacraias ou centopéias inoculam o veneno em outros seres vivos utilizando sua mandíbula especializada. O animal é classificado como peçonhento e não venenoso, já que os animais venenosos não possuem aparelhos para introduzir substâncias tóxicas em outros seres vivos.

No estado de São Paulo, a maioria das pessoas que sofrem com mordidas de lacraias se dirigem ao Instituto Butantan por ser local de referência no estudo e curas relacionadas a animais peçonhentos no Brasil e no mundo. Com relação aos ataques de lacraia, estudos mostram que os gêneros Cryptops e Otostigmus foram mais presentes nos ataques.

O que acontece se uma lacraia morder?

As centopéias possuem como último par de patas órgãos especializados para encontrar alimento. Quando o animal encontra sua presa, ela então agarra fortemente e dobra o corpo para trás injetando seu veneno e paralisando a vítima. Essa estratégia possibilita a caça e a defesa contra predadores ou seres humanos desavisados.

Normalmente o animal não ataca ou morde sem que se sinta ameaçado. Caso ela morda e inocule veneno, pode ocorrer dor intensa, vermelhidão e inchaço no local sendo necessário em muitas vezes o atendimento médico para melhor tratamento dos sintomas.

O que fazer quando encontrar uma lacraia?

Caso não seja necessária a captura do animal espera-se que o mesmo seja deixado no local e que não seja manuseado de forma alguma sem proteção ou imprescindibilidade. É sempre aconselhado que profissionais especializados façam a retirada do mesmo, porém caso o animal seja encontrado e precise ser removido para identificação é preciso cuidado.

É comum a utilização de copos transparentes e papéis para pegar aracnídeos e outros artrópodes. Isso evita nosso contato direto com o animal e também a possibilidade de machucar o inseto. O copo permite a transparência e a visibilidade para se certificar que o animal está a salvo e que suas patas ou parte de seu corpo não estão presas e o papel evita que este animal fuja e se esconda ou ataque.

Tem uma lacraia no meu quarto?

Por ser um predador noturno a lacraia procura esconderijo para se proteger durante o dia em diversos locais com pequenas aberturas. Seus ambientes ideais possuem alta concentração de umidade e ausência de luz, sendo construções e locais com grande presença de lixos, ambientes ideais para que estes predadores encontrem presas como larvas e baratas.

Como saber se a lacraia mordeu? 

Apesar de crendices populares sugerirem que as picadas das lacraias podem ser identificadas sempre com dois buracos na pele, que lembram as de serpente, os aspectos das picadas de lacraias podem varias de uma espécie para a outra sendo sintomas como dor, inchaço, febre e calafrio mais relevantes para a identificação. Porém, o ideal é sempre procurar pelo animal causador do acidente.

Segundo o artigo científico realizado pela Universidade de São Paulo que estudou acidentes de lacraias na região urbana da cidade, as Scolopendra (grupo de quilópodes ou centopéias) possuem substâncias potencialmente perigosas para seres humanos. Lacraia L (Reprodução/worldbirds)

O que pode acontecer caso uma lacraia morda meu pet?

Por também serem predadores, cachorros e gatos possuem o instinto de perseguir lacraias e outros pequenos animais dentro e fora das residências. Assim como no caso dos humanos, o recomendado é que sempre se busque ajuda médica ou, no caso, veterinária para auxílio do alívio da dor e evitar possíveis complicações para os pets.

Quanto tempo vive uma lacraia?

No grupo dos centopéias a expectativa de vida costuma ser de dois a seis anos.

Como prevenir lacraias?

Segundo a Secretaria de Saúde da prefeitura do estado de São Paulo, as recomendações para evitar que lacraias entrem em contato conosco incluem organização e limpeza de casas e quintais nas áreas urbanas, evitando acúmulo de materiais em locais úmidos e sujos em que as centopéias possam se abrigar.

As recomendações incluem também a utilização de telas nos ralos, pias e tanques para evitar que as centopéias entrem pelos buracos. Examinar calçados, roupas e toalhas antes de utilizá-los. Manter berços e camas afastados das paredes e utilizar equipamentos de proteção como luvas e calçados ao manusear materiais de construção já que a maioria dos acidentes ocorre quando alguém tenta manipular algum material em que o animal estava escondido.

Apesar de serem considerados por muitas pessoas seres assustadores e temidos, as lacraias, como diversos outros animais predadores, atuam no controle de espécies que invadem as casas e se alimentam de restos de comida, como as baratas. Além disso, pesquisas indicam que a presença das centopeias pode indicar a boa qualidade do solo, sendo estes importantes bioindicadores e seres essenciais para a manutenção do equilíbrio ambiental.

Por Camila Issagawa, bióloga especializada em biologia marinha e gerenciamento costeiro pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e colabora do Portal Costa Norte.

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