INTRIGANTE

Golfinhos de água doce com sucuri pendurada na boca intrigam cientistas

Grupo de pesquisadores flagrou cena enquanto documentava biodiversidade perto de rio na Bolívia

Da redação
Publicado em 04/05/2022, às 12h56 - Atualizado às 14h49

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Golfinhos e sucuri. Cientistas estão intrigados Golfinhos de água doce com sucuri pendurada na boca intrigam cientistas - Imagem: Omar M. Entiauspe Neto, Steffen Reichle, Alejandro dos Rios via  The New York Times e Folha de SP
Golfinhos e sucuri. Cientistas estão intrigados Golfinhos de água doce com sucuri pendurada na boca intrigam cientistas - Imagem: Omar M. Entiauspe Neto, Steffen Reichle, Alejandro dos Rios via The New York Times e Folha de SP

Imagens de um grupo de botos, golfinhos de água doce, com nada menos que uma sucuri pendurada em suas bocas, estão intrigando pesquisadores do mundo animal ao redor do globo.

O estranho comportamento dos animais, até então inédito na natureza, foi flagrado por uma equipe de cientistas que inclui um brasileiro, perto do rio Tijamuchi, na Bolívia, e descrito no jornal científico Ecology no mês passado. O assunto rendeu uma reportagem publicada nesta semana pelo New York Times, traduzida nesta quarta (4) pela Folha de SP.

De acordo com a publicação, o flagrante foi feito por um grupo de cientistas do Museu de História Natural Noel Kempff Mercado, de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, durante uma documentação da biodiversidade da área.

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Somente terem registrado os botos bolivianos acima da superfície já foi motivo de comemoração para os pesquisadores. O flagrante é extraordinário, disseram, pois, acima da superfície, os botos dificilmente mostram mais que suas nadadeiras ou caldas. Fora isso, os rios de água doce, geralmente de águas turvas, impedem registros nítidos embaixo d’água.

No entanto, foi depois, quando os cientistas olharam as fotos mais detidamente que veio a grande surpresa. Na boca dos botos, havia uma sucuri.

Como tanto os golfinhos de água salgada quanto os de água doce são conhecidos pela sociabilidade e brincadeiras, parte dos cientistas levantou a hipótese de que os animais estavam brincando com a cobra. Um deles é o taxonomista Omar Entiauspe Neto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, um dos autores do artigo.

Outros pesquisadores, porém, não estão muito certos disso, e ainda não sabem como interpretar o curioso flagrante.

Parte dos cientistas também acredita que a cobra estava morta, em razão dos cerca de sete minutos em que ela foi manipulada pelos botos, tempo demais para a capacidade de submersão da cobra semiaquática.

"Acho que a cobra não se divertiu muito", disse um cientista. Um grupo acredita que a cobra poderia estar ferida ou morta quando os botos a capturaram.

Como alguns dos golfinhos eram jovens, outros cientistas também acreditam que a interação com a cobra era uma ‘aula’ de caça de golfinhos mais velhos.

Para complexificar ainda mais, os estudiosos identificaram que dois botos machos estavam com os pênis eretos durante a interação com a sucuri. É possível, disse uma especialista, que os golfinhos machos, cujas recreações sexuais são conhecidas, tenham tentado inserir seus pênis na cobra.

"Há tantas perguntas", disse o pesquisador brasileiro.

Em um ponto, porém, todos os cientistas concordam. O registro é valioso, na medida em que ajuda a compreender como vivem os botos, especialmente na natureza. 

Com informações de New York Time | Carolyn Wilke e Folha de SP | Tradução de Clara Allain

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