Atum de 160 quilos e um cherne-negro de 180 quilos foram capturados em Santos e Ilhabela, respectivamente; a espécie cherne, de acordo com oceanógrafo, atualmente está classificada como quase ameaçada na escala de extinção
O mar está para peixe no litoral de São Paulo? O turista mineiro que capturou um atum (Thunnus obesus), de 160 quilos na Bacia de Santos na noite de sexta-feira (23), e o turista de São Paulo que fisgou um cherne-negro (Hyporthodus nigritus), de aproximadamente 180 quilos próximo ao arquipélago de Ilhabela no domingo (25), acreditam que sim.
Em entrevista ao Portal Costa Norte, o empresário Marcelo Lopes, 33 anos, revelou que ele e um amigo saíram para pescar em Ilhabela, litoral norte paulista, por volta das 14h do domingo passado (25).
Segundo Marcelo, o cherne foi capturado a cerca de 40 milhas da costa após engolir um peixe que havia acabado de ser fisgado no anzol. “Eu senti que um peixe estava preso no anzol e comecei a puxar a linha, era algo muito pesado porque não estava vindo fácil”, disse o pescador.
Marcelo e o amigo foram surpreendidos ao perceber que o gigante cherne abocanhara o peixe que estava no anzol e ficou preso também. O confronto entre o peixão e os pescadores durou mais de 50 minutos. "É um peixe muito brigador, que precisa de muita força. Eu e o meu amigo revezamos para conseguir colocá-lo no barco, e não foi fácil", contou.
De acordo com Marcelo, o animal chegou à embarcação sem vida, pois saiu de 100 metros de profundidade e o impacto com a pressão do ar o matou. Pescador há 15 anos, o turista afirma que nunca pegou um peixe tão grande como este.
"Nós tentamos reanimá-lo, mas ele já estava sem vida. Estou muito feliz por vê-lo tão perto, mas triste porque eu preferia que ele ficasse vivo no fundo do mar. Decidimos doar para moradores da cidade. Meu amigo limpou o peixe com os pescadores da cidade e distribuiu no mesmo dia para as famílias", finaliza.
A mais de 100 km dali e dois dias antes, um pescador mineiro em expedição na Bacia de Santos também fisgou um peixe pesando três dígitos. Segundo o site O Globo, na noite de sexta-feira (25), o comerciante Rodrigo Sales, 43 anos, contratou a empresa Golden Rei que organiza excursões de pesca amadora esportiva em Niterói (RJ).
O mineiro conta que, apesar da experiência de mais de 30 anos de pesca, teve que se preparar porque nunca havia saído numa pescaria deste tipo. Rodrigo investiu R$ 11 mil em equipamentos e foi se informando, inclusive com outras pessoas que estavam na embarcação na sexta-feira.
Quando o barco chegou ao seu destino, o comerciante tentava jogar a isca num local profundo, onde ficam os peixes maiores, mas não conseguia atravessar o cardume que estava na superfície.
Rodrigo conta ainda que resolveu aumentar o peso da isca, furou o bloqueio e quando alcançou 220 metros de profundidade sentiu que havia pescado um peixe grande. E começou aí uma "briga" para retirar o atum da água.
Foram 40 minutos de luta para capturar o animal. Vídeos gravados pela tripulação mostram a comemoração do sortudo. Veja abaixo.
O oceanógrafo e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São Vicente, Teodoro Vaske Júnior, compartilhou informações adicionais sobre as espécies capturadas com a reportagem do Portal Costa Norte.
Ele explicou que o atum fisgado, conhecido como albacora-bandolim (Thunnus obesus), é uma espécie comum na pesca de espinhel ao longo das costas brasileira e mundial, geralmente capturada além dos 500 metros de profundidade.
Embora seja incomum na pesca amadora, a captura deste peixe pelo turista mineiro foi resultado da sorte e da presença do animal mais próximo da costa durante o período.
Já sobre o cherne-negro (Hyporthodus nigritus), o especialista informou que é uma espécie de grande porte, atualmente classificada como quase ameaçada na escala de extinção de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
De acordo com Teodoro, espécies como esta saem do Sul na região da Argentina e migram até o nordeste brasileiro. “Tem cardumes que entram aqui na costa brasileira com maior frequência, e ocorrem em maior abundância no inverno”, disse.
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