MILAGRE?

Dois peixes enormes pescados no litoral de São Paulo no fim de semana

Atum de 160 quilos e um cherne-negro de 180 quilos foram capturados em Santos e Ilhabela, respectivamente; a espécie cherne, de acordo com oceanógrafo, atualmente está classificada como quase ameaçada na escala de extinção

Lenildo Silva
Publicado em 28/06/2023, às 15h49 - Atualizado às 16h54

FacebookTwitterWhatsApp
Cherne-Negro foi capturado no domingo (25) em Ilhabela Cherne-Negro em Ilhabela - Fotos: Marcelo Lopes
Cherne-Negro foi capturado no domingo (25) em Ilhabela Cherne-Negro em Ilhabela - Fotos: Marcelo Lopes

O mar está para peixe no litoral de São Paulo? O turista mineiro que capturou um atum (Thunnus obesus), de 160 quilos na Bacia de Santos na noite de sexta-feira (23), e o turista de São Paulo que fisgou um cherne-negro (Hyporthodus nigritus), de aproximadamente 180 quilos próximo ao arquipélago de Ilhabela no domingo (25), acreditam que sim.

Em entrevista ao Portal Costa Norte, o empresário Marcelo Lopes, 33 anos, revelou que ele e um amigo saíram para pescar em Ilhabela, litoral norte paulista, por volta das 14h do domingo passado (25).

Segundo Marcelo, o cherne foi capturado a cerca de 40 milhas da costa após engolir um peixe que havia acabado de ser fisgado no anzol. “Eu senti que um peixe estava preso no anzol e comecei a puxar a linha, era algo muito pesado porque não estava vindo fácil”, disse o pescador.

Marcelo e o amigo foram surpreendidos ao perceber que o gigante cherne abocanhara o peixe que estava no anzol e ficou preso também. O confronto entre o peixão e os pescadores durou mais de 50 minutos. "É um peixe muito brigador, que precisa de muita força. Eu e o meu amigo revezamos para conseguir colocá-lo no barco, e não foi fácil", contou.

Cherne-Negro foi capturado no domingo (25) em Ilhabela Cherne-Negro em Ilhabela (Fotos: Marcelo Lopes)

De acordo com Marcelo, o animal chegou à embarcação sem vida, pois saiu de 100 metros de profundidade e o impacto com a pressão do ar o matou. Pescador há 15 anos, o turista afirma que nunca pegou um peixe tão grande como este.

"Nós tentamos reanimá-lo, mas ele já estava sem vida. Estou muito feliz por vê-lo tão perto, mas triste porque eu preferia que ele ficasse vivo no fundo do mar. Decidimos doar para moradores da cidade. Meu amigo limpou o peixe com os pescadores da cidade e distribuiu no mesmo dia para as famílias", finaliza.

Atum na Bacia de Santos

Atum de 160 quilos foi pescado por um turista mineiro na Bacia de Santos Atum na Bacia de Santos (Fotos: Golden Rei)

A mais de 100 km dali e dois dias antes, um pescador mineiro em expedição na Bacia de Santos também fisgou um peixe pesando três dígitos. Segundo o site O Globo, na noite de sexta-feira (25), o comerciante Rodrigo Sales, 43 anos, contratou a empresa Golden Rei que organiza excursões de pesca amadora esportiva em Niterói (RJ).

O mineiro conta que, apesar da experiência de mais de 30 anos de pesca, teve que se preparar porque nunca havia saído numa pescaria deste tipo. Rodrigo investiu R$ 11 mil em equipamentos e foi se informando, inclusive com outras pessoas que estavam na embarcação na sexta-feira.

Quando o barco chegou ao seu destino, o comerciante tentava jogar a isca num local profundo, onde ficam os peixes maiores, mas não conseguia atravessar o cardume que estava na superfície.

Rodrigo conta ainda que resolveu aumentar o peso da isca, furou o bloqueio e quando alcançou 220 metros de profundidade sentiu que havia pescado um peixe grande. E começou aí uma "briga" para retirar o atum da água.

Foram 40 minutos de luta para capturar o animal. Vídeos gravados pela tripulação mostram a comemoração do sortudo. Veja abaixo.

É normal?

O oceanógrafo e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São Vicente, Teodoro Vaske Júnior, compartilhou informações adicionais sobre as espécies capturadas com a reportagem do Portal Costa Norte.

Ele explicou que o atum fisgado, conhecido como albacora-bandolim (Thunnus obesus), é uma espécie comum na pesca de espinhel ao longo das costas brasileira e mundial, geralmente capturada além dos 500 metros de profundidade.

Embora seja incomum na pesca amadora, a captura deste peixe pelo turista mineiro foi resultado da sorte e da presença do animal mais próximo da costa durante o período.

Já sobre o cherne-negro (Hyporthodus nigritus), o especialista informou que é uma espécie de grande porte, atualmente classificada como quase ameaçada na escala de extinção de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

De acordo com Teodoro, espécies como esta saem do Sul na região da Argentina e migram até o nordeste brasileiro. “Tem cardumes que entram aqui na costa brasileira com maior frequência, e ocorrem em maior abundância no inverno”, disse.

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!