MUNDO ANIMAL

Como uma colônia de macacos africanos foi parar no litoral dos EUA e pode ser aniquilada

Grupo de 40 macacos-verdes foi parar em área de vegetação entre praia e aeroporto na Flórida após 12 macacos levados da África fugirem de zoológico há quase 80 anos. Agora, pesquisadora descobriu que contato humano e leis do estado podem dizimar colônia de descendentes e se esforça por mudanças

Da redação
Publicado em 31/03/2022, às 12h38 - Atualizado às 14h03

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Zoológico de onde descendentes dos macacos-verdes, trazidos da África Oriental, fugiram há cerca de 80 anos. Local foi fechado há décadas Zoológico - Como uma colônia de macacos africanos foi parar no litoral dos EUA e pode ser aniquilada Fachada de zoo no - Imagem: Reprodução / Vervetproject.org
Zoológico de onde descendentes dos macacos-verdes, trazidos da África Oriental, fugiram há cerca de 80 anos. Local foi fechado há décadas Zoológico - Como uma colônia de macacos africanos foi parar no litoral dos EUA e pode ser aniquilada Fachada de zoo no - Imagem: Reprodução / Vervetproject.org

Uma colônia única de macacos-verdes africanos vem mobilizando parte da comunidade científica da Flórida, no sudeste dos Estados Unidos, após uma pesquisadora descobrir que o contato humano e as leis ambientais do estado podem fazer com que a pequena comunidade de primatas desapareça em algumas décadas.

Os Estados Unidos não têm macacos nativos, porém os pequenos macacos-verdes vagam pela praia de Dania, na costa do estado, desde o final da década de 1940, depois que uma dúzia de primatas levados da África Ocidental fugiu de uma instalação de reprodução e zoológico, agora fechado há muito tempo.

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Atualmente, quase oito décadas depois, 40 descendentes divididos em quatro famílias vivem em risco dentro de uma área de vegetação de 600 hectares entre a praia e o Aeroporto Internacional Fort-Lauderdale, um dos maiores e mais movimentados do país.

Zoológico de onde descendentes dos macacos-verdes, trazidos da África Oriental, fugiram há cerca de 80 anos. Local foi fechado há décadas Zoológico - Como uma colônia de macacos africanos foi parar no litoral dos EUA e pode ser aniquilada Fachada de zoo no (Imagem: Reprodução / Vervetproject.org)

Após pesquisar a comunidade de primatas em 2014, a professora de ciências da Lynn University, Deborah “Missy” Williams, decidiu mobilizar esforços para preservar a colônia única.

“Isso não foi algo que eu planejei fazer em minha vida. No entanto, tive contato com essa população durante meu doutorado e vi que eles precisavam desesperadamente de alguém que tomasse conta deles”, afirma a pesquisadora em um vídeo da apresentação do vervet project, organização sem fins lucrativos e de pesquisa fundada por ela para tentar preservar a população de macacos.

Dra. Deborah e um grupo de macacos-verdes, em estacionamento do aeroporto internacional da Flórida rodeado por área de mata onde macacos vivem Dra. Deborah - Como uma colônia de macacos africanos foi parar no litoral dos EUA e pode ser aniquilada Mulher lo (Imagem: Reprodução / Vervetproject.org)

No vídeo, disponível no site da organização, Deborah apresenta afetuosamente parte do grupo de macacos em seu inesperado habitat, junto de Aubrey Frederick, uma antropóloga biológica especialista em primatas que se voluntariou para ajudar no projeto.

“Tivemos sorte nesta tarde”. Explica Débora na mata, enquanto os primatas, que vivem cerca de 20 anos, acostumados à sua presença, começam a aparecer.

“Temos alguns amigos que gostaríamos de apresentar. Aqui, à minha direita, temos dois macaquinhos verdes jovens e Cupcake. Ela é uma habitante antiga, nós a amamos muito. E ali temos um macho adulto, Spike, e ele é o cara, ele tem uma baita personalidade, eu diria que ele é o brincalhão do grupo”.

“Estou fazendo minha tese sobre esse grupo aqui”, complementa Aubrey. “Estou pesquisando o que acontece com essa população ao longo do tempo. Mas eu amo esses macacos. É como se eles fossem minha famíllia”, se emociona a cientista rodeada por alguns macacos-verdes, que, adultos, chegam, no máximo, ao tamanho médio de uma criança de dois meses, pouco mais de meio metro .  

“É fácil de se apegar”, concorda Deborah. “O objetivo desse projeto é construir um recinto amplo que proteja os macacos contra os perigos da área urbana. Eles são atropelados, eletrocutados, às vezes, pessoas tentam capturá-los como animais domésticos. E como eles não são nativos, há muitas restrições em relação ao que podemos fazer”.

Uma reportagem publicada ontem (30) pela Associated Press (AP) enfatiza as restrições do governo da Flórida com animais não nativos, como a colônia de macacos-verdes. “As autoridades da vida selvagem da Flórida costumam matar espécies invasoras para proteger os animais nativos”, diz a publicação. 

Como os macacos são uma espécie considerada invasora, a Flórida impõe restrições rígidas sobre como o grupo de Deborah pode ajudá-los. Macacos capturados, mesmo para tratamento veterinário, não podem ser soltos – eles devem ser sacrificados ou ser presos em cativeiro.

A Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida disse à AP que, embora a colônia possa permanecer, nenhuma exceção que permita a libertação dos macacos após a captura pode ser feita porque seus efeitos no ecossistema “não são bem compreendidos”.

Em última análise, Deborah quer que a Flórida permita a liberação e que macacos verdes capturados em caso de ferimentos e outras situações possam voltar à natureza e não sejam presos ou sacrificados como atualmente. Ela argumenta que, ao contrário das pítons birmanesas, iguanas e outras espécies invasoras, a colônia não prejudica o meio ambiente.

“A vida dos macacos importa independentemente de serem não nativos ou nativos”, disse ela à AP. “Todas as opções devem ser esgotadas para evitar a eutanásia.” Os estudos da cientista mostram que, sem mudanças, a colônia será dizimada em 50 anos.

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