NÃO É COBRA-CEGA

Cobra-de-duas-cabeças: saiba mais sobre o misterioso animal que surgiu no litoral de SP

Cobra-de-duas-cabeças não é cobra-cega, serpente ou lagarto: entenda sobre o animal que surgiu em empresa do litoral de SP

Amanda Oliver
Publicado em 19/10/2022, às 10h59 - Atualizado às 13h25

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Amphisbaena alba - Amphisbaena alba
Amphisbaena alba - Amphisbaena alba

João Jordão, empresário de 28 anos, encontrou uma cobra-de-duas-cabeças presa na porta de seu estabelecimento de móveis planejados ‘Dublin Design’, localizado na Avenida 19 de Maio, bairro Jardim Albatroz, na cidade de Bertioga.

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“Eu moro na região há anos, como empresário e cidadão, sempre preservo a fauna e flora, independente de qual ser vivo seja, como a cobra-de-duas-cabeças. Nós resgatamos ela com todo cuidado possível e levamos para o Departamento de Operações Ambientais (DOA) da cidade, na intenção de ajudá-la  com um atendimento veterinário se necessário”.

A Secretaria de Meio Ambiente de Bertioga informa que a cobra foi resgatada e levada diretamente ao Departamento de Operações Ambientais (DOA) pelo municípe. A pasta destaca que o animal estava bem e foi devolvido pelas equipes do DOA ao seu habitat.

Departamento de Operações Ambientais de Bertioga (Arquivo Pessoal João Jordão)

"A Dublin Design se orgulha da conduta ética e ambiental. O animal foi resgatado por um colaborador e encaminhado para os cuidados veterinários no Departamento de Operações Ambientais (DOA) da cidade. Nós prezamos a fauna e flora do litoral paulista"

Mas e aí, ficou curioso né? A cobra-de-duas-cabeças é um ser muito peculiar e pode ser confundido com uma cobra-cega, por exemplo, mas as diferenças são enormes de acordo com os especialistas.  

Qual a diferença entre cobra-cega e a cobra-de-duas-cabeças?

De acordo com o biólogo do Brasil Escola, Diogo Provete, no Brasil há 67 espécies de Anfisbenas. As cobras-de-duas-cabeças não são cobras-cegas, que pertencem à outra classe, chamada de Amphibia. As Anfisbenas são definidas como répteis, com o corpo cheio de escamas e com a cloaca encontrada transversalmente em relação ao plano do tronco.

Cobra-cega VS Cobra-de-duas-cabeças (Reprodução)

As cobras-de-duas-cabeças também são denominadas ibicara, ibijara, licranço, mãe-de-saúva e ubijara.

Estes animais também não podem ser considerados “serpentes”, pois já pertencem a uma subordem específica de mesmo nome. Também não são lagartos desprovidos de patas, pois estes pertencem à subordem Sauria. No passado, porém, eram caracterizados como lagartos sem patas, como é possível observar no vídeo de do biólogo Richard Rasmussen:

Você deve estar se perguntando: qual o perigo de uma cobra-de-duas-cabeças? Estes animais não são venenosos, mas podem morder. A anatomia de seu corpo é feita para confundir o predador, fazendo-o acreditar que são duas cabeças, o que desvia a atenção na hora do ataque, dando vantagem ao "fator surpresa".

Quais são as cobras-de-duas-cabeças?

Existem mais de 200 espécies de Amphisbena no mundo, e o Brasil é o país com maior diversidade de espécies, com mais de 60 reconhecidas cientificamente. Entre elas as mais recorrentes:

Amphisbaena (Ba)

Amphisbaena (Ba) (Amphisbaena (Ba))

Amphisbaena alba

Amphisbaena alba (Amphisbaena alba)

Amphisbaena ibijara

Amphisbaena ibijara (Amphisbaena ibijara)

Amphisbaena mertensii

Amphisbaena mertensii (Amphisbaena mertensii)

Amphisbaena trachura

Amphisbaena trachura (Amphisbaena trachura)

A.microcephalum

A. microcephalum (A. microcephalum)

O que a Anfisbena come?

Este animal possui hábitos carnívoros e se alimenta de pequenos invertebrados, larvas, vermes e até pequenos mamíferos, que aparecem em seus túneis.

Onde vivem as Anfisbenas?

Vivem em túneis, resultado das adaptações morfológicas que esses animais usam para auxiliar na escavação. O modo de vida deste réptil fossorial (que vive em sistemas de túneis construídos por ele mesmo) ocorre com o uso da principal ferramenta:  a cabeça.

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Morfologia da cobra-de-duas-cabeças (reprodução)

“Assim, nas espécies com a cabeça arredondada, o mecanismo de escavação é generalizado, e nas espécies com a cabeça em forma-de-pá, de espátula ou com uma quilha vertical, é especializado. O crânio é resistente, formado por placas ósseas rígidas, que devem suportar as investidas da cabeça”, detalha o estudo de Maria Eliana Carvalho Navega-Gonçalves e João Paulo de Almeida Benites, publicado pela Revista Brasileira de Zoociências .

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